A escolha de “Celebridade” para substituir “Senhora do Destino” foi recebida com festa pelos noveleiros. Pudera: a trama produzida em 2003 é um inspiradíssimo trabalho de Gilberto Braga, que muitos já tinham perdido a esperança de poder rever na faixa do “Vale a Pena Ver de Novo” – a qual vinha dando preferência nos últimos anos a títulos das 18h e das 19h, alguns até já reprisados, para se adequar à classificação indicativa da grade vespertina.
Com a (re)estreia da história na próxima segunda-feira (04), o RD1 resolveu preparar um “esquenta” para recordar por que vale, sim, a pena ver de novo a saga que foi sucesso no horário nobre há quase 15 anos.
Confira:
1) Laura: a “cachorra” que o Brasil amou odiar
Quem assistiu à primeira exibição “Celebridade” pode até não ter grandes lembranças dos mocinhos da trama, Maria Clara Diniz (Malu Mader) e Fernando (Marcos Palmeira). Mas certamente ninguém pôde se esquecer de Laura Prudente da Costa (Cláudia Abreu), a carismática vilã que roubou para si todas as atenções.
A personagem surgiu posando de amiga de todas as horas para a promoter Maria Clara e, com muita astúcia e nenhum escrúpulo, foi pouco a pouco se apropriando da vida da moça, a ponto de roubar carreira. Tudo isso, sempre com a cumplicidade do amante e aliado incondicional, Marcos (Márcio Garcia). O apelido de “cachorra”, com que ele se referia a Laura na intimidade – e que ela costumava aceitar com deleite -, acabou virando a marca registrada da personagem.
Para criar Laura, Gilberto Braga foi buscar inspiração em dois grandes clássicos da dramaturgia internacional: o filme “A Malvada” (“All About Eve”), clássico dos anos 1950 estrelado por Bette Davis e Anne Baxter; e o espetáculo teatral “Chicago”, datado de 1975 e encenado centenas de vezes nos Estados Unidos, muitas delas na Broadway.
2) Darlene e Jaqueline: fama a qualquer custo
Numa época em que as primeiras edições do “Big Brother Brasil” estava no auge, a crítica ao culto às celebridades instantâneas não poderia ter sido mais pertinente. E ela se materializou, com muito bom humor, nas figuras de Darlene (Deborah Secco) e Jaqueline Joy (Juliana Paes, em início de carreira), duas manicures que faziam de tudo para estar sob os holofotes.
Logo no primeiro capítulo, Jaqueline chega a perder “acidentalmente” a blusa em plena rua para atrair um grupo de fotógrafos com seus seios à mostra – numa sequência que certamente será cortada na reprise que está por vir.
Darlene, por sua vez, não fica nem um pouco atrás: ela rouba amostras seminais do falecido nadador Caio Mendes (Theo Becker) a fim de ficar grávida do rapaz e simular ter tido um caso com ele, só para ganhar a “solidariedade” do fã-clube órfão do esportista.
3) Maria Clara, Laura e um memorável acerto de contas
Durante a exibição original de “Celebridade”, Maria Clara por vezes foi acusada de ser uma heroína “morna”, ingênua demais. Mesmo assim, o Brasil parou no dia 26 de abril de 2004 para ver quando, no capítulo 169, a protagonista finalmente mostra que também tem sangue nas veias e se vinga das maldades de Laura.
Clara fez questão de estar presente na premiação em que a vilã fora contemplada, roubando uma ideia sua, encurralou a cúmplice de Marcos no banheiro do centro de eventos e a esbofeteou incansavelmente, até deixar a moça quase inconsciente, com o rosto irreconhecível de tantos hematomas.
A sequência em questão registrou picos de 63 pontos para o horário nobre da “vênus platinada” – índices praticamente impossíveis nos dias de hoje – e fez a novela marcar àquela ocasião a excelente média de 57 pontos (reveja a surra no vídeo abaixo).
https://youtu.be/EJtHCGZgpMw?t=321
4) Quem matou Lineu?
Gilberto Braga voltou a lançar mão de um dos recursos mais clássicos de suas obras: o famoso “quem matou?”. A bola da vez foi o empresário Lineu Vasconcelos (Hugo Carvana), padrinho artístico de Maria Clara Diniz e dono do grupo de comunicação que era um dos eixos centrais do enredo.
Lineu é assassinado misteriosamente na metade da novela e a lista de suspeitos vai crescendo a cada capítulo. O suspense em torno do crime mexeu com a audiência e deu margem a várias teorias e especulações na mídia, as quais só terminariam com a revelação do criminoso, no último capítulo: Laura, a grande vilã da trama, havia matado Lineu ao tentar chantageá-lo e ser passada para trás pelo empresário.
5) Seleção musical
Outro aspecto marcante de “Celebridade” foi a trilha sonora. Escolhidas a dedo pelo diretor musical, as canções reforçavam a aura de glamour e sofisticação que permeava trama central. A começar pelo tema de abertura, uma versão instrumental de “Love’s Theme”, do conjunto californiano The Love Unlimited Orchestra.
Havia de clássicos internacionais como “Ruby”, de Ray Charles”, e “Just The Way You Are”, na voz sexy de Diana Krall, até os mais genuínos sambas brasileiros, como “Tempo de Dondon”, música de Dudu Nobre que embalava o núcleo do bairro carioca do Andaraí, e “A Vizinha do Lado”, numa regravação de Roberta Sá.
Outras canções foram marcantes por se confundir com o perfil e a trajetória de determinados personagens. Caso, por exemplo, de “Amor e Sexo”, da cantora Rita Lee, que condizia perfeitamente com a personalidade da tresloucada e sensual Darlene. “Enquanto Houver Sol” (Titãs), por sua vez, deu o tom do drama familiar vivido pelo alcoólatra Cristiano (Alexandre Broges), enquanto “Encostar na Tua”, na voz de Ana Carolina, embalou a terna paixão de Inácio (Bruno Gagliasso) pela esquiva Sandra (Juliana Knust).
Agora, certamente nenhuma música marcou tanto “Celebridade” como “Fama”. O animado tema da atriz e cantora Beth Lamas – com seu refrão pegadiço que dizia “money no bolso, é tudo o que eu quero, money no bolso, saúde e sucesso” – transformou-se na marca registrada da novela desde suas primeiras chamadas de estreia e virou hit entre o grande público.
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