Dois anos após polêmica, Globo triplica presença de atores negros nas novelas

Amor de Mãe
Taís Araújo e Pedro Guilherme Rodrigues em cena de Amor de Mãe (Imagem: Divulgação / Globo)

Há quase dois anos, a Globo se viu no centro de uma grande polêmica ao lançar a novela Segundo Sol com um elenco formado majoritariamente por atores brancos, embora a trama de João Emanuel Carneiro fosse ambientada na Bahia, onde, segundo dados do IBGE, 76% se declararam pretos ou pardos.

Em sua primeira reação, na época, a emissora divulgou uma nota em que dizia que a cor de pele dos atores não era critério para a escalação de uma novela, e que as atrizes negras Camila Pitanga e Taís Araújo haviam sido convidadas para o papel principal da história, mas acabaram ficando de fora por conta de agenda. A desculpa não convenceu.

Em um segundo posicionamento à imprensa, num tom mais transparente, a Globo afirmou que a representatividade da história protagonizada por Emílio Dantas era menor do que eles gostariam, e que o diálogo em torno da falta de artistas negros era encorajado nos bastidores. “De fato, ainda temos uma representatividade menor do que gostaríamos e vamos trabalhar para evoluir com essa questão”, prometeu.

Quando estreou em maio de 2018, Segundo Sol dividia o horário nobre com as novelas Deus Salve o Rei e Orgulho e Paixão. A trama medieval se passava em reinos fictícios da Europa, e a única presença negra era representada pela personagem Mandingueira (Rosa Marya Colin), uma curandeira que vivia isolada na floresta, enquanto o folhetim exibido às 18h possuía apenas três artistas negros no elenco: JP Rufino, Tenória Pereira e Silvio Guindane.

Ao todo, apenas 9 artistas negros faziam parte do elenco fixo das novelas da emissora na ocasião.

Atualmente, o quadro de representatividade social mudou completamente. Amor de Mãe não só possui 12 atores negros em seu elenco, como é protagonizada por duas atrizes negras: Regina Casé e Taís Araújo. Outros nomes também possuem grande destaque na trama, como Dan Ferreira, Douglas Silva e Jéssica Ellen. Além disso, discursos sobre o racismo estão presentes na história escrita por Manuela Dias.

Em termos numéricos, Bom Sucesso ainda sai na frente na representatividade: 16 dos 47 nomes do elenco são negros. David Junior, Marcello Melo Jr, Sheron Menezzes, Ju Colombo, entre outros, tiveram grande destaque.

Em Éramos Seis, a pouca presença de atores não brancos é a única a chamar a atenção. Virginia Rosa, Carol Macedo e Bárbara Reis são as únicas atrizes negras entre os 28 atores fixos. No contexto geral, todavia, há avanços.

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Daniel RibeiroDaniel Ribeiro
Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].