Depois de 21 anos, José Trajano foi dispensado da ESPN na última sexta-feira (30).
Em entrevista ao “UOL”, o jornalista admitiu que ficou surpreso com a decisão da emissora, onde atuou como comentarista e diretor de jornalismo.
“Estou meio chocado. Ninguém trabalha por tantos anos tendo fundado o canal, recebe um bilhete azul e fica tranquilo. Mas tenho recebido tanto conforto, que isso está me envaidecendo. Mostra um trabalho bem feito, formador de muita gente. Eu levo o orgulho de ter feito o canal”, declarou.
Em uma rápida reunião, que culminou na rescisão contratual, a ESPN explicou que a decisão aconteceu por razões financeiras. No entanto, o veterano não se convenceu com este argumento.
“Eu acho um pouco estranho nesse momento conturbado do país. Já me chamaram algumas vezes dizendo que seria melhor não falar nada de política. Eu sempre fui envolvido e nunca escondi as minhas preferências políticas. Achavam que pelo fato de ser um ‘talent’, onde eu estivesse, estaria representando o canal”, comentou Trajano durante a entrevista.
“Houve um documento entregue no mês passado dizendo que havia uma norma da empresa que era de não se manifestar politicamente. Disseram que era uma norma que veio dos Estados Unidos. Eu não assinei”, revelou o jornalista.
Apesar disso, Trajano está contente com os recados que têm recebido de amigos e colegas de trabalho. “Um dia, as coisas sempre acabam. O bom é que eu saio com o apoio de amigos queridos que ficaram chocados, do fã do esporte, de uma geração inteira que cresceu ali dentro e que hoje já têm filhos. Ali já foi uma família. Há muitas pessoas me ligando. Gente que eu nem conheço, dizendo que fez jornalismo por minha causa. Isso me deixa feliz”, finalizou.
Outro lado
Consultada sobre o assunto, a ESPN negou que as opiniões do jornalista tenham provocado a rescisão contratual. “A ESPN sempre respeitou a posição política de todos os seus funcionários. Lamentamos que José Trajano não reconheça a nossa posição, sempre baseada em nossos valores de credibilidade, isenção e liberdade de expressão”, afirmou a emissora em um comunicado oficial.