Trabalhar como ator de televisão nem sempre é uma tarefa grata – sobretudo depois que se atinge certa idade. Os papéis de destaque vão se tornando raros, a disposição física (algo muito exigido pela profissão) não é mais a mesma… Ainda assim, muitas vezes o amor pela arte é maior que as adversidades e as limitações impostas pelo passo do tempo – e eis que sair de cena deixa de ser uma opção.
Nesta quarta-feira (15), o RD1 traz uma lista de grandes artistas octogenários da mídia brasileira que fazem questão de seguir brindando o público com seu talento, em performances magníficas no teatro, no cinema ou na TV. Já nesta quinta (16), o site publica outra lista com os oitentões (ou noventões) que estão afastados do vídeo.
Confira:
TARCÍSIO MEIRA (81) E GLÓRIA MENEZES (82)
As trajetórias profissionais e artísticas de Glória Menezes e Tarcísio Meira se confundem com a própria história da TV brasileira. Casados desde 1962, eles estrelaram juntos a primeira novela diária produzida no país, “2-5499 Ocupado” – a qual também marcou a estreia de Glória como atriz de televisão. Depois, repetiriam o par romântico em tramas como “Rosa Rebelde”, “Espelho Mágico”, “Irmãos Coragem” e o seriado “Tarcísio & Glória”. Sempre ativos, seguem se destacando em produções da Rede Globo – ele acabou de finalizar participação em “A Lei do Amor”, enquanto Glória atuou no ano passado em “Totalmente Demais”.
FLÁVIO MIGLIACCIO (82)
Ator desde a adolescência e irmão da finada atriz Dirce Migliaccio, Flávio Migliaccio começou sua carreira na TV em “O Primeiro Amor” (1972), na pele do divertido Xerife. A parceira na trama de Walther Negrão com Paulo José, que vivia Shazan, deu tão certo que acabou gerando um seriado solo, intitulado “Shazan, Xerife e Cia.”. Anos depois, ele se destacaria como protagonista de outra série, “As Aventuras de Tio Maneco”. Recentemente, Migliaccio foi destaque como o irreverente Chalita na série “Tapas & Beijos” e também numa participação na novela “Eta Mundo Bom!”.
MILTON GONÇALVES (83)
Em quase 60 anos de carreira, Milton Gonçalves já fez tudo na TV, cinema, teatro e inclusive na política. Militante do movimento negro, ele chegou a ser candidato ao governo do estado do Rio de Janeiro, em 1994. Na TV, roubou a cena em folhetins como “A Cabana do Pai Tomás”, “Cobras e Lagartos”, “A Favorita”, as duas versões de “Sinhá Moça” – nas quais deu vida ao mesmo personagem, Pai José –, “Lado a Lado”, além das minisséries “Chiquinha Gonzaga” e “Dona Flor e Seus Dois Maridos”. Seu trabalho mais recente foi na elogiada novela “Além do Tempo”.
EVA WILMA (83)
Impossível falar em televisão brasileira sem citar o nome da grande Eva Wilma. Ela começou a trilhar o caminho da arte como bailarina clássica e fez sua estreia enquanto atriz de TV na extinta série “Namorados de São Paulo”, datada de 1953. Nos anos 70, consagrou-se como protagonista de “Nossa Filha Gabriela” e da primeira versão de “Mulheres de Areia”, onde conheceria o marido e amor de toda a vida, Carlos Zara, hoje já falecido. Nos anos 90, destacou-se como a vilã Altiva na novela “A Indomada” e como uma das protagonistas do seriado “Mulher”. Sua última, mas não menos grandiosa, aparição na telinha foi em “Verdades Secretas”, na pele da mãe alcoólatra de Anthony (Reynaldo Gianecchini).
STÊNIO GARCIA (84)
Longevo na vida e na carreira, Stênio Garcia começou a atuar profissionalmente em 1958, quando ingressou no Conservatório Nacional de Teatro, no Rio de Janeiro. Desenvolveu a maior parte de sua carreira na Globo, onde foi destaque em novelas como “Selva de Pedra”, “Que Rei Sou Eu?” e “O Clone”, além do popularíssimo seriado “Carga Pesada”, que protagonizou ao lado de Antonio Fagundes em duas ocasiões: a primeira geração, entre 1979 e 1981; e a segunda, de 2003 a 2007.
ARY FONTOURA (84)
Comédia ou drama, vilão ou herói, Ary Fontoura já teve todas as caras possíveis na dramaturgia nacional. Versátil como poucos, ele coleciona interpretações marcantes como em “Roque Santeiro”, “Hipertensão”, “A Viagem” e “Porto dos Milagres”. Suas aparições mais recentes na TV foram na novela “Eta Mundo Bom!” e na série “Dois Irmãos” – mas seu último grande papel foi mesmo o rancoroso Silveirinha, de “A Favorita”, onde Ary arrancou os mais entusiasmados elogios do público e da crítica especializada.
NICETTE BRUNO (84)
A figura amável de Nicette Bruno é amada pelos brasileiros desde 1959, quando ela estreou como protagonista do seriado “Dona Jandira em Busca da Felicidade”. O casamento com o saudoso ator Paulo Goulart, que durou seis décadas, deu início a uma linhagem de grandes artistas e marcou um dos pares favoritos do público, dentro e fora das telas. Intérprete de uma ampla variedade de tipos na TV, teatro e cinema, Nicette atuou recentemente na novela “I Love Paraisópolis”, onde comoveu o público com o drama da doce Izabelita, uma idosa vítima de mal de Alzheimer.
MAURO MENDONÇA (85)
Casado com Rosamaria Murtinho (77) desde 1959, Mauro Mendonça é um dos atores mais benquistos tanto pelo público como pela equipe de bastidores da Globo, não só pelo inegável carisma e talento em cena, mas também pelo carinho com que trata os fãs. Nos últimos anos, tem preferido passar mais tempo no convívio familiar que nos sets, mas nem por isso deixa de fazer participações esporádicas na telinha, a exemplo de sua recente participação especial em “Eta Mundo Bom!”.
LIMA DUARTE (86)
Nascido Ariclenes Venâncio Martins, no interior de Minas Gerais, Lima Duarte se mudou ainda criança para São Paulo, onde entrou em contato com o universo da comunicação e passou por diversas funções até conseguir uma chance como radioator. A experiência no período pré-televisivo brasileiro rendeu a Lima a possibilidade de trabalhar também como diretor de novelas. O vilão Zeca Diabo da inesquecível novela “O Bem-Amado” (1973) seria o divisor de águas em sua carreira, a que se seguiria outros grandes papéis como o Sinhozinho Malta de “Roque Santeiro” e o simplório e comovente Sassá Mutema de “O Salvador da Pátria”. Recentemente, roubou a cena no elenco de “I Love Paraisópolis”, na pele do bandido Dom Peppino.
NATHÁLIA TIMBERG (87)
Nathália Timberg é sinônimo de tradição na teledramaturgia brasileira. A atriz, que ficou eternamente marcada como a protagonista de “O Direito de Nascer”, em 1964, colecionaria ainda outros papéis inesquecíveis, a exemplo da obsessiva Juliana em “A Sucessora”, a generosa Celina de “Vale Tudo” e a calculista e perversa Idalina de “Força de um Desejo”. Em 2015, a atriz mostrou que ainda estava disposta a romper tabus em nome da arte e causou polêmica ao formar um par homossexual da terceira idade com a igualmente talentosa Fernanda Montenegro, na criticada novela “Babilônia”.
FERNANDA MONTENEGRO (87)
Única atriz brasileira indicada ao Oscar, vencedora do Emmy 2013 de Melhor Atriz, elogiada pelo criador de “Lost”… São tantas as honrarias cabidas – e merecidas – a Fernanda Montenegro que fica difícil restringir-se a uma só. Mais do que sua profissão, a arte é sua vida – e a musa atemporal continua a exercê-la a todo vapor em produções recentes como os filmes “O Tempo e o Vento” e “Rio, Eu Te Amo” e as novelas “Saramandaia” e “Babilônia”.
LAURA CARDOSO (89)
Considerada uma das melhores atrizes da “velha guarda” tupiniquim, Laura Cardoso é sinônimo de brilho qualquer que seja seu trabalho no cinema, teatro ou televisão. Figurinha fácil nas novelas da Globo, ela deixou o público de “Sol Nascente” com o coração na mão quando, logo nos primeiros meses do folhetim global, precisou se desligar temporariamente das filmagens para tratar um quadro de uma infecção urinária. Laura, porém, não se deixou abater, lutou bravamente por sua recuperação e, tão logo teve alta, retornou às gravações da novela, na pele da adorável bandida Dona Sinhá. Vida longa a ela!
BIBI FERREIRA (94)
Filha do saudoso Procópio Ferreira e da bailarina espanhola Aída Izquierdo, a quase centenária Bibi Ferreira é uma verdadeira musa do teatro brasileiro. Ela interpretou nomes como Frank Sinatra e Edith Piaf em espetáculos musicais, e atuou ainda como diretora no cinema e nos palcos. Bibi também fez televisão, atuando em diversos episódios do antológico “Grande Teatro Tupi”, da extinta TV Tupi, e na minissérie “Marquesa de Santos”, da Rede Manchete.