Nos 25 anos de “Pátria Minha”, 25 curiosidades da novela

Pátria Minha
Marieta Severo (Loreta), Tarcísio Meira (Raul Pelegrini) e Vera Fischer (Lídia Laport) em “Pátria Minha” (Imagem: Divulgação / Globo)

18 de julho de 1994. O brasileiro amanhece de “peito cheio”, celebrando o tetra conquistado por Bebeto, Romário, Taffarel e companhia na Copa do Mundo dos EUA. A vitória no futebol afaga quem ainda lamentava a morte de Ayrton Senna, vítima de uma colisão no GP de Ímola, Itália, de Fórmula 1. Enquanto isso, Itamar Franco, alçado à presidência da República em 1992 após a renúncia de Fernando Collor de Mello – horas antes de ter seus direitos políticos suspensos – reabilitava a economia com o Plano Real. Neste cenário “brasileiro com muito orgulho, com muito amor”, a Globo exibia, naquela noite, o primeiro capítulo de “Pátria Minha”.

Autor da trama, Gilberto Braga negava o tom ufanista. Preferia falar em “otimismo”, após duas novelas que explicitaram o mau-caratismo reinante no país – “Vale Tudo” (1988) e “O Dono do Mundo” (1991) – e uma minissérie sobre a Ditadura Militar que levou o telespectador à rua, na luta contra Collor – “Anos Rebeldes” (1992). Mas, ao longo de seus 203 capítulos, “Pátria Minha” se converteu em frustrações. Para o autor, para a estrela Vera Fischer e para o público. Relembre abaixo 25 curiosidades, algumas polêmicas, do folhetim.

Pátria Minha
José Mayer (Pedro) em “Pátria Minha” (Imagem: Divulgação / Globo)

1 – A sinopse de “Pátria Minha” nasceu do poema de Vinícius de Moraes, de mesmo nome. “Por causa do impeachment [de Fernando Collor], sinto no ar uma gana geral de pôr fim à impunidade, aos abusos. O que não sentia, absolutamente, em 1988, quando fizemos ‘Vale Tudo’. Começamos a falar de amor à pátria, eu lembrei do poema do Vinícius que eu estudei, garoto, no Pedro II, do Humaitá. Li em voz alta e todos acabamos achando que era um bom tema“, declarou Gilberto Braga ao jornal “O Globo” (17 de julho de 1994). O poema foi apresentado, em off, no primeiro capítulo, nas vozes de José Mayer e de Vinícius de Moraes.

2 – Questionado pela Folha de São Paulo (4 de julho de 1994) sobre uma possível influência de “Pátria Minha” na campanha para a Presidência da República, centrada em Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Gilberto Braga foi enfático: “A história começa em julho de 1993, só vamos passar para 1994 depois das eleições. De qualquer forma, o discurso dos candidatos é sempre tão parecido, ninguém faz campanha dizendo ‘quando eu for eleito e vou roubar muito’. Não sei como uma novela poderia influir no resultado de uma eleição presidencial“.

3 – Por conta do Horário Político, aliás, a novela foi exibida com uma hora de atraso, passando de 20h30 para 21h30. A Globo, que já havia esticado a antecessora “Fera Ferida” (1993), evitando a estreia de “Pátria Minha” durante a Copa do Mundo, pensou em manter o folhetim de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares no ar até o final das eleições – o que garantiria quase 100 capítulos extras à produção.

Pátria Minha
Cláudia Abreu (Alice), Renata Sorrah (Natália) e Rodrigo Santoro (Nando) em “Pátria Minha” (Imagem: Divulgação / Globo)

4 – Em cena, como em “Vale Tudo” e “O Dono do Mundo”, honestidade versus oportunismo: Pedro (José Mayer) leva uma vida confortável como imigrante nos Estados Unidos; conduz limusines enquanto a esposa, Ester (Patrícia Pillar), trabalha em uma loja de departamentos. Ele, porém, deseja voltar para o Brasil e viver ao lado de “gente de bem” como Alice (Cláudia Abreu), colegial idealista que testemunha um ato criminoso do poderoso Raul Pelegrini (Tarcísio Meira). O mesmo Raul que está na mira da alpinista social Lídia Laport (Vera Fischer). Mayer, Cláudia, Tarcisão e Vera foram os primeiros convocados para o elenco. Já Sônia Braga declinou do convite para Ester.

5 – “Pátria Minha” também jogou luz em outros temas já debatidos por Gilberto. A virgindade de Márcia (Malu Mader), causadora da celeuma que derrubou os índices de “O Dono do Mundo”, agora preocupava Alice, que dialogava “de boa” com a mãe sobre o tema. O debate dominou os primeiros capítulos, assim como o adultério tardio de Teresa (Eva Wilma), que após 39 anos ao lado do execrável Raul, se entrega ao professor Rafael (Fúlvio Stefanini). Já a produção independente de Solange (Lídia Brondi) em “Vale Tudo” voltava à cena através de Natália (Renata Sorrah), mãe solteira de Alice.

6 – O autor inseriu campanhas a favor da camisinha e de prevenção da AIDS. E defendeu a Ação da Cidadania Contra a Miséria Pela Vida, promovida pelo sociólogo Herbert de Souza (Betinho), do primeiro ao último capítulo. Referências ao regime militar também tomaram a narrativa por um breve período, quando Loreta (Marieta Severo) participou de um concurso de vitrines batizado “Zuzu Angel” – estilista que, por anos, buscou pelo filho Stuart, torturado e morto por autoridades em um órgão da Força Aérea Brasileira, no auge da repressão.

7 – “Pátria Minha” promoveu as estreias de Alexandre Morenno (Kennedy), Cássia Linhares (Luciana), Emílio de Mello (Pastor) e Janaína Diniz (Rita) – filha do cineasta Ruy Guerra e da atriz Leila Diniz, falecida em um desastre aéreo em 1972. Rodrigo Santoro, intérprete de Nando, o primeiro namorado de Alice, foi selecionado pelo próprio Gilberto Braga após testes. Já Lilia Cabral voltava à Globo após uma breve passagem pelo SBT. Contratada para a novela “Mariana, a menina de ouro” – que nunca saiu do papel –, Lilia acabou rescindindo contrato, por não conseguir encaixe em “Éramos Seis” (1994), texto escalado para a vaga de “Mariana”.

Pátria Minha
Vera Fischer (Lídia) e Aracy Balabanian (Rosário) em “Pátria Minha” (Imagem: Divulgação / Globo)

8 – A novela contou com várias participações especiais, expediente recorrente nas tramas posteriores de Gilberto Braga. Aracy Balabanian – Rosário, reacionária que perturba a diretora de colégio Marininha (Renée de Vielmond) –, Eduardo Tornaghi como um delegado incorruptível, Luigi Baricelli – Dudu, rapaz envolvido em um golpe de Max (Carlos Vereza) –, Mário Lago na pele do advogado Marco Antonio, Tony Tornado como uma tratorista e Yoná Magalhães interpretando a juíza do processo que prova o parentesco de Alice e Raul, neta e avô.

9 – Na primeira reunião de elenco, Gilberto Braga mostrou-se preocupado com a caracterização de Teresa / Eva Wilma. O autor considerou o cabelo da atriz excessivamente curto. “Se um cabelo não agrada o país, não se fala em outra coisa!“, declarou ao jornal “O Globo” (5 de junho de 1994), lamentando o ocorrido com Vera Fischer em “Brilhante” (1981), também escrita por ele. Na ocasião, o corte curto com permanente da atriz desagradou a audiência, obrigou a equipe a repaginar o visual da personagem – criando um adereço que virou moda, o lenço no pescoço – e irritou Tom Jobim, que ao compor o tema de abertura, “Luiza”, fez referência aos longos cabelos de Vera.

Pátria Minha
Eva Wilma (Teresa) em “Pátria Minha” (Imagem: Divulgação / Globo)

10 – “Pátria Minha” enfrentou sua primeira grande crise antes mesmo do início da produção. Com seu habitual parceiro Dennis Carvalho à frente de “Fera Ferida”, Gilberto Braga se uniu a Luiz Fernando Carvalho, aclamado por “Renascer” (1993). O diretor-geral deixou o projeto em março de 1994; jornais apontavam a falta de sintonia de Gilberto e Luiz Fernando, afirmando que este último queria sempre “dar a palavra final sobre a novela”. Carvalho se defendeu em texto publicado em “O Globo” (13 de março de 1994).

A respeito de ‘dar a palavra final sobre a novela’; jamais tive essa pretensão desumana. […] Tive alguns encontros com o Gilberto e o que, para resumir, ficou claro entre nós é que as nossas expectativas em relação à próxima novela eram diferentes e eu gostaria de respeitá-las“, afirmou Luiz Fernando Carvalho, revelando a promessa de uma minissérie em parceria com Gilberto – o que nunca aconteceu.

Dennis Carvalho acabou deixando “Fera Ferida” aos cuidados de Marcos Paulo e assumindo a substituta. Implantar “Pátria Minha” não foi tarefa fácil. Um equipamento que ampliava a qualidade de imagem deu trabalho aos responsáveis por cenários, figurinos, caracterização… A equipe precisou recorrer a filtros de luz e à regravação de sequências, o que atrasou os trabalhos. A novela estreou com apenas oito capítulos prontos; a frente, distância entre as cenas gravadas para as que estão indo ao ar, costumava ser de, no mínimo, doze capítulos.

Pátria Minha
Antonio Grassi (Carlos) e Daniel Augusto (Marcelo) em “Pátria Minha” (Imagem: Divulgação / Globo)

11 – Dezoito pessoas compunham a equipe deslocada para Nova Iorque, onde as primeiras cenas de “Pátria Minha” foram realizadas; dentre os atores, José Mayer, Patrícia Pillar, Antonio Grassi (Carlos) e Bete Mendes (Zuleica). Mayer e Grassi tiveram aulas de direção de limusine com um brasileiro alocado na cidade há anos. Os trabalhos no Central Park foram comprometidos, dois dias seguidos, por fortes chuvas, o que também afetou o cronograma.

12 – No Brasil, os cenógrafos Danilo Gomes, Mário Monteiro e Raul Travassos construíram uma favela de 3,5 mil metros quadrados. Danilo fez a “pesquisa de campo”, buscando referências nas comunidades Borel, Dona Marta, Pavão Pavãozinho e Rocinha. Foram erguidas casas de alvenaria com interior, barbearia, birosca, ferro velho, salão de beleza e até chiqueiro! A cidade cenográfica contava ainda com inúmeras antenas parabólicas, esgoto a céu aberto, luz elétrica que funcionava de verdade, vazamentos de água, sistema de alto-falantes e um lixão com quase uma tonelada de sujeira – além de símbolos da facção Comando Vermelho.

Já o Garnier Palace Hotel foi inspirado no Copacabana Palace – e seu dono, Evandro Aboim (Carlos Zara), remetia à família Guinle, proprietária do Copa. O luxo ia do calçamento, com pedras portuguesas e asfalto de verdade, à decoração, seguindo o estilo neoclássico francês dos anos 1920. Os quatro andares contavam com piano-bar e casa de chá. Na entrada, uma pedra de 12 metros de largura, tombada pelo Ibama, que passou por tratamento paisagístico e ganhou iluminação especial ao ser transformada em uma “escultura viva” do hall.

Tanto o hotel quanto a favela foram “superdimensionados” com efeitos de computação gráfica. A comunidade foi “destruída” após os primeiros dez capítulos – no roteiro, uma enchente desalojou os moradores do local, incluindo a família de Pedro. Para o temporal, a produção contou com dez caminhões-pipa e uma maquete, preservando parte da construção para folhetins futuros. As vítimas da chuva foram alojadas em 17 casas germinadas, de alvenaria e telhado de amianto, de 40 metros quadrados, também erguidas, com o máximo de realismo, na cidade cenográfica.

13 – “Pátria Minha” contou ainda com uma casa alugada em Santa Teresa, datada de 1895, submetida a um tratamento especial para, literalmente, pegar fogo. Na ficção, o imóvel pertencia a Loreta, sobrinha de Raul que se aproveitava do incidente para se aboletar na casa do tio. E uma mansão em Petrópolis, de 1850, tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, com fachada e estrutura reformadas pela Globo, servindo justamente de abrigo para Raul Pelegrini. Ainda, cenários adornados por quadros de artistas plásticos brasileiros, selecionados por Edgar Moura Brasil – companheiro de Gilberto Braga –; apenas as obras do imóvel de Raul somavam R$ 1 milhão.

Pátria Minha
Taís Araújo, antes da fama, na abertura de “Pátria Minha” (Imagem: Reprodução / Globo)

14 – A abertura da novela, ao som de “Onde o céu é mais azul” – composição de Alberto Ribeiro, Alcyr Pires Vermelho e João de Barro, em versão instrumental – contou com mais de cem figurantes, vestidos de azul, em um labirinto formado por 230 peças de madeira e reproduzido em maquete, para que a câmera pudesse enquadrá-lo do alto no fim da vinheta. Dentre os figurantes, Taís Araújo, lançada como atriz no ano seguinte em “Tocaia Grande”, da Manchete. A direção do projeto ficou por conta de Nilton Nunes e Cininha de Paula, então responsável pela “Escolinha do Professor Raimundo” (1990); coube à ela fazer os figurantes posarem com “cara de esperança” e não de “desespero”, por estarem “perdidos”.

15 – O famoso efeito de final de capítulo, aqui transformando o último take em uma gravura, era fruto do trabalho de Eduardo Halfen, responsável pelos efeitos visuais da trama – e que havia reconstruído o Rio de Janeiro da Era Vargas em “Agosto” (1993) e causado a chuva de ouro de “Fera Ferida”. A ideia era adotá-lo a cada bloco, como aconteceu em “Corpo a Corpo” (1984), também de Gilberto e Dennis. A equipe, porém, chegou à conclusão de que o público poderia se cansar dos quadros.

Pátria Minha
Carolina Ferraz (Beatriz) em “Pátria Minha” (Imagem: Divulgação / Globo)

16 – Escalada para Beatriz, rival de Alice na disputa pelo amor de Rodrigo, Carolina Ferraz descobriu-se grávida da primeira filha, Valentina, logo após o início das gravações. A atriz deixou a novela assim que a barriga começou a aparecer. Depois, Beatriz seguiu para Roma, Itália. E de Portugal veio Bárbara (Deborah Evelyn, recém-saída de “Fera Ferida”), sobrinha de Teresa com quem Rodrigo acabou se casando em dado momento da trama – enquanto Alice se uniu a Albano (Pedro Cardoso). O retorno de Beatriz chegou a ser cogitado no final, como testemunha de defesa de Rodrigo, então acusado de tentativa de assassinato. A volta não se concretizou e tal função coube a Cláudia (Flávia Alessandra), ex-aluna de Marininha.

17 – Outro percalço, o Horário Eleitoral, foi tranquilamente contornado. Mesmo entrando no ar às 21h30, uma hora depois do habitual, “Pátria Minha” manteve-se entre os 45 e 50 pontos de audiência na Grande São Paulo; o primeiro capítulo atingiu 54. As pesquisas com telespectadores também atestavam o êxito da narrativa. Neste período de propaganda partidária obrigatória, porém, “A Viagem”, então no ar às 19h, registrava médias superiores à novela das 20h.

18 – Nas últimas semanas de outubro de 1994, Vera Fischer se ausentou das gravações após sofrer uma fratura no antebraço esquerdo – dizem, alvo de uma violenta briga com o então marido Felipe Camargo, também presente no elenco (Inácio). As cenas românticas de Felipe com Isadora Ribeiro (Cilene) teriam motivado o entrevero. A frente de oito capítulos caiu para dois. Coube ao produtor executivo Roberto Costa rearranjar o roteiro de gravações, após adendos de Gilberto Braga e equipe, transferindo cenas de Lídia para a melhor amiga dela, Simone; a vilã foi então colocada em uma clínica de sonoterapia.

Pátria Minha
Tarcísio Meira (Raul Pelegrini) em “Pátria Minha” (Imagem: Divulgação / Globo)

19 – Na ocasião, Lídia centralizava o enredo. Após separar Teresa e Raul, ela se unia ao empresário. Padecendo com a sovinice do temido Pelegrini, e interessada em retomar o romance do passado com Pedro, Lídia decidiu roubar o cofre do marido. O jardineiro Kennedy (Alexandre Morenno) foi acusado pelo crime que a madame cometeu, numa cena em que Raul disparava impropérios contra negros – como “vocês quando não sujam na entrada, sujam na saída” e “o cérebro de vocês é diferente do nosso“.

A ação de Raul e o silêncio de Kennedy causaram reações de grupos como o SOS Racismo de São Paulo. Um dos colaboradores, Sérgio Marques, classificou a investida, a princípio, como um atentando à liberdade de expressão. Dias depois, ainda sob protestos e ameaças de processos, a emissora se retratou. E os autores conceberam uma cena em que Zilá (Chica Xavier), madrinha de Kennedy, exaltava a cor de sua pele e combatia o racismo.

Uma equivocada citação de Osmar (Nuno Leal Maia) sobre a lei Afonso Arinos, que classificava a discriminação racial como contravenção penal e que já não vigorava mais, também foi corrigida; o racismou tornou-se crime inafiançável após a promulgação da Constituição em 1988.

20 – Vera Fischer voltou à novela em novembro, conseguindo junto à Globo vetar a presença de jornalistas nos estúdios enquanto gravava. Em janeiro, porém, a emissora emitiu nota anunciando o fim de Lídia Laport e de Inácio. “Por determinação da direção da Rede Globo, o autor Gilberto Braga retirou de ‘Pátria Minha’ os personagens Lídia Laport e Inácio, interpretados, respectivamente, por Vera Fischer e Felipe Camargo. A decisão da direção da Rede Globo se deve a constantes indisciplinas de horários dos dois atores, prejudicando o ritmo das gravações e o andamento da novela. A Rede Globo mantém em vigor os contratos de Vera Fischer e Felipe Camargo“.

Ao jornal “O Globo” (13 de janeiro de 1995), Gilberto Braga declarou: “Artisticamente, o resultado da dupla era bom. Eu gostaria de ficar com os dois até o fim de ‘Pátria Minha’. Mas foi uma decisão da alta direção da Rede Globo por problemas de produção escapam da minha alçada. Vai ficar mais difícil sem eles, principalmente porque a Lídia era uma personagem muito forte“.

Ao todo, Gilberto e equipe reescreveram 22 capítulos da novela: 18 após o acidente de Vera e 4 em razão da saída definitiva, quando Lídia e Inácio foram vítimas de um incêndio.

Pátria Minha
Patrícia Pillar (Ester) em “Pátria Minha” (Imagem: Divulgação / Globo)

21 – Para cumprir a função de Lídia como par romântico de Pedro, a produção cogitou Bruna Lombardi, Christiane Torloni (recém-saída de “A Viagem”), Maitê Proença e até Cristiana Reali – atriz brasileira radicada na França – e Patrícia Pillar, como sósia da falecida Ester. Sílvia Pfeifer, protagonista de “Tropicaliente”, finalizada em dezembro de 1994, chegou a ser formalmente convidada por Gilberto Braga.

A Globo acabou recrutando Luiza Tomé, destaque como Remédios em “Fera Ferida”. A atriz assumiu a personagem Isabel, reeditando com Gilberto e Dennis Carvalho a parceria de sua novela de estreia, “Corpo a Corpo”, exibida dez anos antes. E o par com José Mayer, de “Tieta” (1989).

22 – A audiência, que havia caído para índices próximos dos 40 pontos quando Vera Fischer se afastou da novela pela primeira vez, reagiu após a chegada de Luiza Tomé e com o início do romance de Raul e Cilene. Mas “Pátria Minha” acabou passando longe do êxito de suas antecessoras na reta final. Enquanto “De Corpo e Alma” (1992) – impulsionada pelo brutal assassinato de Daniella Perez – atingia 53 pontos, “Renascer” batia 60 e “Fera Ferida” consolidava 53, “Pátria Minha” girava em torno dos 45 de média. O último capítulo registrou 54 pontos, o pior desempenho desde os 51 de “O Dono do Mundo”, em janeiro de 1992 – abaixo dos 64 de “De Corpo e Alma” e dos 61 de “Pedra Sobre Pedra” (1992), “Renascer” e “Fera Ferida”.

23 – O “Casseta & Planeta, Urgente!” transformou a novela em “Pátria Mantinha”, satirizando especialmente as sequências de Alice e Lídia. A estudante, interpretada por Marcelo Madureira, ouviu da mãe, Natália (Reinaldo), enquanto estudava “anatomia por método Braile” em um colega de colégio: “Estuda direitinho senão vai levar pau, hein?“. Já Lídia (Bussunda), ao chamar o marido Raul (Beto Silva) para a cama – no momento em que ele praticava boxe numa velhinha – obteve como resposta: “Ih, Lídia, não vai dar. Estou sem trocado. Você já tá aceitando cartão de crédito?“, uma referência ao comportamento “prostituta de luxo” da vilã.

24 – “Pátria Minha”, aliás, foi uma novela de alta voltagem sexual. Alice dispensou Nando e perdeu a virgindade com Rodrigo. Cláudia Abreu não ficou nua em cena; em compensação, Fábio Assunção surgiu de bumbum de fora numa sequência de cama com Carolina Ferraz. Já Vera Fischer, que apareceu nua diante de um espelho, ganhou um dublê de corpo, Marta Moesch, em cenas de banho de mar.

25 – Pelo desempenho como Raul, Tarcísio Meira levou o Troféu Imprensa de melhor ator de 1994. Já Marieta Severo dividiu o APCA de melhor atriz coadjuvante com Zezé Polessa (a Firma, de “Memorial de Maria Moura”); Marieta Severo revelou em entrevista que o tom da cretina Loreta foi encontrado em uma das cenas mais lembradas da personagem: quando ela pede “duas gotas e meia de adoçante” para o copeiro Breno (Jarbas Toledo). Rosita Tomaz Lopes, por sua vez, foi agraciada com o título de “madrinha dos figurantes”, dividindo seu reinado com Tarcisão.

O que você achou? Siga @rd1oficial no Instagram para ver mais e deixar seu comentário clicando aqui
Duh SeccoDuh Secco
Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.