“Os Dez Mandamentos” tem Deus como protagonista

Há quem diga que é mais fácil pensar numa boa história do que conseguir criar bons personagens. Estes, mais complexos e imprevisíveis, são a principal ponte entre o autor e o público.

Diante disto, pense num personagem onipotente, onisciente e onipresente. Ele pode tudo, sabe de tudo, e está presente em todos os lugares. Além disso, possui outros atributos, tais como sua predileção por surpresas e sua paixão por pessoas. É ou não é um bom candidato a galã?

Seu nome? Deus.

Sempre citado em novelas (principalmente em cenas de hospital nas quais uma mãe desesperada diz: ‘Deus, ajuda meu filho!’), Ele assume o papel de grande protagonista de “Os Dez Mandamentos”. Nunca aparece em cena, mas é o fio condutor de cada uma delas. Bem-sucedida, a trama bíblica da Record tem Moisés como estrela, mas em nenhum momento nega que o Senhor é o seu grande astro.

Independente da religião do telespectador, o uso de Deus como “elemento dramatúrgico” – ou seja, como catalisador de acontecimentos e fonte de reviravoltas – faz com que o folhetim se destaque e lhe dá fôlego. Afinal, quando o Criador é quem conta a história, seus desdobramentos são ilimitados e inimagináveis.

Não por acaso, “Os Dez Mandamentos” ainda exibirá cenas como as de um cajado se transformando em uma serpente, rãs caindo do céu, rios se tornando poços de sangue e mares se transformando em estradas. Que outro tipo de trama teria spoilers tão inusitados quanto estes?

O amplo espaço dado a Deus é um dos grandes trunfos da novela, que – repito – não deixa de ser uma obra atrativa até mesmo para aqueles que não creem na existência dessa divindade. Real ou não, ela é um personagem e tanto!

De forma suave, mas firme, a novela mostra a ação do Deus de Israel, deixando claro Sua criatividade e excentricidade ao escolher salvar um bebê escravo e transformá-lo em príncipe resgatador.

“Os Dez Mandamentos” é, acima de tudo, a história de um Deus surpreendente que, quando visto de perto, se torna incrivelmente cativante.

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Um verdadeiro tratado sobre a fé, a novela também mostra a devoção dos egípcios aos seus deuses. “Como eu poderia crer num deus invisível?”, questionou Faraó (brilhantemente encarnado por Zécarlos Machado), zombando da divindade hebreia.

A discordância entre os dois povos gera uma bela reflexão: Quantas vezes rejeitamos o invisível – os sonhos, os amores, os riscos – por nos apegarmos ao palpável – o dinheiro, o comodismo, os muros -?

“Os Dez Mandamentos” mostra a existência de dois tipos de pessoas: Os que creem com os olhos e aqueles que decidem enxergar com o coração.

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Este talvez seja o grande benefício de ter uma novela bíblica em cartaz. A obra renova a fé dos que creem e traz boas lições para os que duvidam.

Deus, o protagonista desta história, nunca teve problemas para se apresentar a quem ainda não O conhecia…

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