SBT é acusado de apoiar comunidade LGBTQIAP+ para não perder dinheiro em 2022

patricia abravanel eliana
Patricia Abravanel e Eliana em campanha do SBT (Imagem: Reprodução – SBT / Montagem – RD1)

Para 2022, a equipe responsável pelo gerenciamento de crise de imagem do SBT assumiu uma demanda inusitada na emissora. De forma inesperada, o público do canal foi surpreendido com uma campanha contra a LGBTfobia.

Logo de cara, pareceu algo muito bem elaborado, com ninguém menos que Patricia Abravanel encabeçando a vinheta. Prevendo as possíveis e inevitáveis acusações de ‘hipocrisia’, foi dito que “família SBT quer evoluir”.

O tom da campanha é de humildade, oferecendo a contribuição do canal com o apoio à comunidade aqui no país. “Há 15 anos, o Brasil é o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo”, disse Patricia, em tom de autocrítica:

“E o que você, o que nós temos a ver com isso? LGBTfobia é crime. E a gente contribui com isso sempre que nos omitimos. Quando propagamos discursos de ódio, quando ofendemos a luta de tantas pessoas, quando não respeitamos os direitos do outro. Sabendo dessa realidade, precisamos nos unir e buscar a transformação. E ela começa em cada um de nós. A família SBT quer evoluir junto com você. E aí, você vem?”.

Estava tudo bem amarradinho, com Chris Flores, Celso Portiolli e outros artistas da casa mostrando solidariedade. Eliana, inclusive, surgiu na tela usando um casaco em formato de arco-íris (risos).

Mas por que uma campanha tão bem planejada teve pouca repercussão e os comentários que recebeu nas redes sociais foram negativos? A resposta é tão óbvia que nem precisa ser especialista na área para destrinchar.

O SBT não apoia a comunidade LGBTQIAP+

Gestão de imagem não faz milagre e publicidade muito menos. Levar ao ar uma campanha como essa – sem que haja uma construção prévia de estratégias com ações internas – é no mínimo uma atitude amadora.

É a mesma coisa de empresas que aproveitam o mês do orgulho LGBT para publicar foto de arco-íris nas redes sociais como forma de engajamento. Na vida real, essas empresas continuam desvalorizando a comunidade.

Além dos profissionais dos bastidores, há quantos gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, entre outros, ocupando postos de apresentadores, animadores de programas infantis, âncoras de telejornais ou repórteres na casa?

Se não vem ninguém em nossa mente logo de cara, o SBT não está confirmando o que diz a campanha, “tentando evoluir”. Uma atitude mais sensata seria promover um vídeo como esse só depois de realizar campanhas internas efetivas.

A publicidade é apenas o reflexo do que uma marca é na vida real. Se ela não condiz com a realidade, a incoerência predomina e o fracasso é inevitável. Quer mostrar que apoia? Então pode começar apoiando de verdade.

Pink Money

Nas redes sociais, o canal chegou a ser acusado de tentar se “escorar” no apoio midiático. A atitude, inclusive, não é vista com bons olhos e é bastante conhecida como uma ação para faturar em cima de pessoas LGBTQs.

Ou seja, faz o mínimo e espera valorizar a sua marca em cima disso. Seguindo as novas tendências do mercado, a boa reputação é algo que, como diria o próprio Silvio Santos, vale mais que dinheiro.

Eles só esqueceram que, não só a comunidade, mas o público em geral, está cada vez mais exigente e ciente das reais intenções por trás de cada marca.

É preciso servir muito para conseguir atender as necessidades básicas e expectativas elevadas.

A comunidade não precisa de migalhas

Visto de fora, o tom cômico com o qual a campanha está sendo repercutida pela comunidade pode parecer ingratidão. Porém, se torna praticamente impossível não enxergar o vídeo como oportunista.

Nos últimos meses, o que vimos em atitudes práticas na emissora foi a própria Patricia Abravanel debochando da sigla LGBTQIA+. Na ocasião, ela chegou a ser contestada pelo próprio sobrinho, Tiago Abravanel.

Vimos ainda Ratinho acusando a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) de querer retirar a expressão “marido e mulher” da união civil e disparando ataques cruéis e ameaçadores:

“Natália, você não tem o que fazer, não? Você não tem o que fazer, minha filha? Vá lavar roupa a caixa do teu marido, a cueca dele, porque isso é uma imbecilidade querer mudar esse tipo de coisa. Tinha que eliminar esses loucos? Não dá para pegar uma metralhadora, não?”.

Há ainda o fato de que, há quatro anos, o canal apoia abertamente o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Esse apoio é, inclusive, bem fundamentado, tanto de forma interna quanto externa, com ações práticas, categóricas e convictas.

Diante de questões como essas, existe mesmo algum motivo de agradecimento? Confira o vídeo e deixe seu comentário para dizer o que você achou:

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Lucas MedeirosLucas Medeiros
Redator Publicitário e Gestor de Marcas. Formado em Comunicação Social pela UFRN, escreve desde 2011 sobre o universo televisivo, séries, filmes e novas mídias de forma conectada com as tendências da atualidade.