Vendida como superprodução, “Apocalipse” faz estreia trash na Record

Tsunami “assustou” mais o público que os personagens de “Apocalipse”

Quem esperava uma estreia arrasadora para a nova novela bíblica da Record, “Apocalipse”, certamente se decepcionou. Bem diferente do primor vendido pela emissora, o novo folhetim de Vívian de Oliveira – em sua volta ao horário nobre, após o fenômeno “Os Dez Mandamentos” – escorrega na própria pretensão e envereda por uma série de incorreções e escolhas equivocadas, as quais prejudicaram, e muito, o desempenho deste primeiro episódio.

A esperada sequência do tsunami, por exemplo, não teve nada da grandiosidade prometida. Ao contrário: pecou pelos efeitos especiais sofríveis e execução idem – teve até Alan (Maurício Pitanga) saindo vivo de um desastre natural daquelas proporções sem, literalmente, um único arranhão. Se a intenção era se equiparar a Hollywood, o resultado ficou bastante aquém.

O gosto de amadorismo também foi sentido em sequências posteriores, como as que enunciam o envolvimento entre Débora (Manoela do Monte) e Adriano (Felipe Cunha), futuros pais do anticristo Ricardo (Sérgio Marone). A presença de uma sombra negra a espreitar o casal e a “selar os seus destinos” foi o cúmulo da falta de sutileza e de criatividade. Diálogos pueris e fora de lugar também puderam ser detectados, tanto nesse como em outros núcleos.

A fotografia, por sua vez, foi outra péssima escolha da produção. Já era sabido que a emissora havia tido o cuidado (?) de contratar uma equipe especializada de coloristas para tratar as imagens de “Apocalipse” – mas o que se viu foi uma estética incômoda e ultrapassada, que remetia mais ao seriados de 20, 30 anos atrás do que a qualquer coisa mais moderna. Edir Macedo mirou na Netflix e acertou em “Dallas”.

Com tantos defeitos, o ponto alto do capítulo de estreia ficou mesmo por conta do mote policial, representado pela investigação dos detetives Luís (Marcelo Argenta) e Guido (Cleiton Morais) sobre uma série de assassinatos relacionados ao livro bíblico de Apocalipse. Destaque ainda para a cena de ação sobre rodas protagonizada pelos dois agentes no encalço do criminoso, eletrizante e muito bem executada. Há que se valorizar também o rendimento do elenco desta primeira fase, mérito também da direção de Edson Spinello.

“Apocalipse” entregou nesta estreia um quadro bem menos animador do que vinha prometendo. Claramente sem condições de ser a “superprodução” a que se propunha, resta ao folhetim resignar-se às próprias limitações – técnicas e artísticas – a fim de se reajustar e apresentar um resultado digno diante do público, sob pena de cair no ridículo.

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Felipe Brandão é jornalista diplomado pela Faculdade Pitágoras (PR) e atua desde 2010 escrevendo sobre televisão e cinema. Aficionado por entretenimento, com predileção especial pelas novelas – nacionais e estrangeiras -, possui passagens por veículos como as revistas “Conta Mais” e “TV Brasil” e integra desde 2016 a equipe do RD1, nas funções de redator e editor-assistente.

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