10 polêmicas que marcaram “Segundo Sol” e dificilmente serão esquecidas

As 10 polêmicas que marcaram "Segundo Sol" e dificilmente serão esquecidas

“Segundo Sol” chega ao fim após várias polêmicas, erros e gafes (Imagem: Divulgação / Globo)

“Segundo Sol” teve muito axé, excelentes atuações, belas paisagens da Bahia e muita (muita mesmo) polêmicas e problemas em sua história. A novela das 21h da Globo chega ao fim nesta sexta-feira (9) e dificilmente será esquecida pelos telespectadores, principalmente, por causa dos erros observados desde o primeiro capítulo.

O folhetim de João Emanuel Carneiro – conhecido por escrever sucessos como “A Favorita” (2008) e “Avenida Brasil” (2012) – estreou no dia 14 de maio deste ano já com uma grande polêmica: a falta de atores negros. Ambientada em território baiano, formada por 76% de negros, a produção mostrou um estado bem diferente do real em seu início.

Por causa das críticas, o número de atores negros foi aumentado no decorrer da novela, que seguiu com “buracos”, inclusive, na trama principal. Beto Falcão (Emílio Dantas) era dado como morto, mas caminhava na rua tranquilamente sem ser reconhecido, mesmo sendo o astro da música da Bahia no momento. Situação no mínimo inusitada.

O que também foi questionado pelo público nas redes sociais foram a “cura gay” – que fez o autor criar um “trisal” – e o incesto entre Karola (Deborah Secco) e seu tio, Remy (Vladimir Brichta), que também chegou a ter caso com a irmã, Laureta (Adriana Esteves).

Aliás, o trio de vilões prendeu atenção do público durante os últimos meses, mas ficou completo mesmo com a entrada de Renata Sorrah, na pele de Dulce, mãe da cafetina, já nas derradeiras semanas. Letícia Colin e Chay Suede também foram elogiados do início ao fim por darem vida aos personagens Rosa e Ícaro.

E se o clima é de despedida do enredo de JEC, o RD1 lista as maiores polêmicas para fazer com que você não esqueça delas tão cedo.

Confira:

1 – Ausência de atores negros

Fora da ficção, 76,3% a população baiana se declaram preta ou parda, mas no casting da trama apenas quatro atores e atrizes negros, em um universo de 26 personagens – Cláudia di Moura (Zefa), Fabrício Boliveira (Roberval), Roberta Rodrigues (Doralice) e João Acaiabe (Pai Didico).

Roberval e Zefa estão na lista dos personagens que integraram "Segundo Sol" desde o início. (Imagem: Divulgação/ TV Globo)

Roberval e Zefa estão na lista dos personagens que integraram “Segundo Sol” desde o início (Imagem: Divulgação / Globo)

A polêmica em torno do assunto foi grande e repercutiu nas redes sociais e dentro da Globo. Na época, em nota, a emissora disse que, durante escalação do elenco, atrizes negras como Taís Araújo e Camila Pitanga foram procuradas, mas não estavam disponíveis.

Após críticas, a empresa ampliou a participação de negros. Entraram em cena Dan Ferreira (Acácio), Roberta Rodrigues (Doralice) – Carol Castro estava desejada para o papel -, Tarsila Lima (Júnia) e Ícaro Zulu (Doni), além de artistas que fizeram participações, como Aldri Anunciação (Artur), assistente de Roberval; e Drª Guerra (Sarito Rodrigues), advogada de Luzia (Giovanna Antonelli).

2 – Erro de gravação 1: Homem misterioso em barco

Homem vazou em cena deitado em barco. (Imagem: Reprodução/ TV Globo)

Homem vazou em cena deitado em barco (Imagem: Reprodução / Globo)

Quem não lembra do tal homem misterioso que surgiu no barco em que estava o protagonista, Beto, logo no primeiro capítulo? O rapaz, que depois teve sua identidade revelada (um canoeiro, conhecido como Geninho), aparece deitado no fundo do barco na cena em que o músico faz um passeio no mar de Boiporã na companhia do ainda pequeno Ícaro (Thales Miranda).

3 – Erro de gravação 2: Homens no espelho

Homens também vazaram em reflexo de espelho durante gravação. (Imagem: Reprodução/ TV Globo)

Homens também vazaram em reflexo de espelho durante gravação (Imagem: Reprodução / Globo)

Ainda na primeira semana, outro erro de gravação. O aparecimento de dois homens estranhos não passou em branco para os telespectadores. Na cena com Laureta (Adriana Esteves) e Roberval (Fabrício Boliveira), foi possível ver dois homens em pé, no canto esquerdo. Supostamente, eles seriam o câmera e o auxiliar, flagrados pelo reflexo de um espelho.

4 – Mudança de fase e visual de personagens

Um dos principais furos do enredo de João Emanuel Carneiro aconteceu na troca de fases. O motivo? O músico – astro da Axé Music na ficção – e Luzia (Giovanna Antonelli), que se passava por uma DJ famosa (Ariella), não eram reconhecidos por ninguém. O caso mais emblemático foi o de Valentim (Danilo Mesquita), filho de Beto, que, apesar de idolatrar o pai, não percebeu que ele e Miguel eram as mesmas pessoas.

Luzia e Beto não eram reconhecidos na segunda fase da trama, mesmo com poucas mudanças no visual. (Imagem: Divulgação/ TV Globo)

Luzia e Beto não eram reconhecidos na segunda fase da trama, mesmo com poucas mudanças no visual (Imagem: Divulgação / Globo)

Além dele, a irmã mais velha, Manuela (Luisa Arraes), não se deu conta de que a DJ era, na verdade, Luzia (Giovanna Antonelli), sua mãe.

5 – Sotaque e vocabulário “pobre”

Mesmo não sendo a primeira produção ambientada na Bahia, um erro comum continuou: o sotaque e o vocabulário, que pouco lembrava os moradores do estado. Alguns personagens foram elogiados por interpretarem mais fielmente os baianos, como Ícaro, mas muitos receberam críticas por soltarem gírias sem sentido.

Chay Suede e Letícia Colin roubaram a cena durante a novela. (Imagem: Divulgação/ TV Globo)

Chay Suede e Letícia Colin roubaram a cena durante a novela (Imagem: Divulgação / Globo)

Usando gírias e incorporando uma certa malemolência, Emílio Dantas também conseguiu convencer muita gente de que é baiano da boa terra. Inclusive, ele foi muito comparado ao cantor Saulo Fernandes.

6 – Bahia bem carioca

Mesmo se passando em Salvador, pouco se viu das ruas da cidade. A maior parte das cenas foi feita em uma cidade cenográfica ou em lugares do Rio de Janeiro. Embora a cidade cenográfica seja rica nos detalhes, os quase seis mil metros de áreas construídas ficaram longe de representar as ruas da cidade nordestina.

"Segundo Sol" teve suas primeiras gravações em Salvador, mas depois foi toda filmada no Rio. (Imagem: Divulgação/ TV Globo)

“Segundo Sol” teve suas primeiras gravações em Salvador, mas depois foi toda filmada no Rio de Janeiro (Imagem: Divulgação / Globo)

Na capital baiana, outras gafes envolvendo a localização dos bairros da cidade também geraram polêmica. Um dos ônibus que apareceu no folhetim, por exemplo, passa por Fazenda Grande II, Boca da Mata, Mussurunga, Cajazeiras e São Cristóvão, lugares distantes um do outro.

7 – “Cura gay”

O público LGBTQ está cada vez mais representados nas novelas, mas, em “Segundo Sol”, a situação foi controversa. Maura (Nanda Costa) foi mostrada como uma policial que nunca teve relações, até se apaixonar pela vizinha bissexual. Ela enfrentou os preconceitos do pai e chegou a ouvir a frases ofensivas, como “você não experimentou o homem certo ainda”.

Maura combateu preconceitos ao namorar Selma, mas acabou tendo paixão por Ionan. (Imagem: Reprodução/ TV Globo)

Maura combateu preconceitos ao namorar Selma, mas acabou tendo paixão por Ionan (Imagem: Reprodução / Globo)

No entanto, no decorrer da produção, João Emanuel Carneiro tratou de juntar Maura com o Ionan (Armando Babaioff), seu parceiro policial e amigão. Sem muita explicação, a lésbica foi “convertida” e descobriu um desejo por homem que não havia sido traçado na criação.

Por fim, nas últimas semanas, a personagem acabou tendo a ideia de criar o “trisal”, formada por ela, outra mulher e um homem.

8 – Incesto?

Também foi na reta final do folhetim que JEC esqueceu o começo da sua história e colocou Laureta descobrindo que era filha de Nestor (Francisco Cuoco) e irmã de Remy. A cafetina ainda chegou a afirmar que sempre soube do parentesco com o malandro, mas, no começo da novela, ela disse que ele “foi um dos primeiros clientes” dela.

Remy e Karola tiveram caso, mas depois se descobriram tio e sobrinha. (Imagem: Reprodução/ TV Globo)

Remy e Karola tiveram caso, mas depois se descobriram tio e sobrinha (Imagem: Reprodução / Globo)

Já Karola passou parte da trama se pegando com o bandido, achando que ele era seu cunhado, mas na verdade ele era seu tio. A própria cafetina também teve outra relação complexa ao se envolver com Roberval, filho de seu amante, Severo (Odilon Wagner).

9 – Intolerância religiosa

Uma cena exibida em setembro em que Laureta aparece pedindo ajuda aos orixás para que seus planos malvados funcionem causou polêmica entre entidades de religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, que criticaram as imagens que estariam reforçando preconceitos.

10 – Grávida bêbada

Se não bastassem as polêmicas das primeiras semanas, a Globo chegou a ser notificada, nas últimas semanas, pela Sociedade Brasileira de Pediatria por causa do momento do momento de “sofrência” de Rosa, que, gestante, chegou a aparecer se embriagando em um bar. A entidade encaminhou à emissora um ofício com pedido de reparação pelas cenas em que a personagem, grávida de Ícaro, ingere bebida alcoólica.

Luiz Fábio Almeida
Escrito por

Luiz Fábio Almeida

Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]