Não é difícil encontrar pessoas que conhecem de cor o enredo de inúmeros episódios de Chaves, mas algumas das cenas do cotidiano da vila mostram o quanto o mundo mudou nos últimos 40 anos.
VEJA ESSA
Muitos momentos engraçados do seriado seriam considerados chocantes ou inaceitáveis caso estivessem presentes em um roteiro escrito nos dias de hoje. Alguns, inclusive, chegam a ser enquadrados como crimes de acordo com a legislação atual.
A genialidade de Chaves é inquestionável, mas, ao menos de acordo com os padrões atuais, pode-se afirmar que o roteiro de Roberto Bolaños é “politicamente incorreto”.
Confira 6 fatos corriqueiros em Chaves que seriam considerados crime nos dias de hoje:
1) Um professor que fuma enquanto dá aula
A Lei Antifumo de 2011 proíbe o consumo de cigarros (ou charutos, como é o caso do Professor Girafales) em quaisquer ambientes coletivos, incluindo escolas. O estabelecimento que descumprir a norma pode pagar multa de até R$ 1,5 milhão.
E aqui vai mais uma preocupação para Girafales: paquerar a mãe de um aluno pode até não configurar crime, mas, nos dias atuais, certamente colocaria seu emprego em risco.
2) Um pai que castiga fisicamente a filha
No episódio “Chiquinha: O Terror do Cortiço”, de 1975, Seu Madruga flagra a filha espezinhando Quico e Chaves, e lhe dá tantas palmadas que a menina surge utilizando um travesseiro no traseiro.
Em 2014, foi aprovada a polêmica “Lei da Palmada”, que proíbe que pais inflijam castigos físicos aos próprios filhos. Nos dias de hoje, Seu Madruga poderia ser investigado pelo Conselho Tutelar ou até mesmo obrigado a providenciar tratamento psicológico para Chiquinha.
3) Adultos que agridem crianças
Se a legislação atual proíbe até mesmo pais de baterem em seus filhos, o que dizer dos cascudos e beliscões distribuídos por Seu Madruga a Chaves e Quico?
Fosse escrita nos dias de hoje, a série certamente seria acusada de incentivar os maus-tratos e abusos contra a criança, especialmente pelo fato de Chaves ser o que a Lei classifica como “menor incapaz”, ou seja, não contar com a proteção de ninguém para defendê-lo.
4) Bullying Corriqueiro
Desde 2015, o Brasil possui uma lei específica de combate ao bullying que, embora ainda não tenha se tornado realidade, prevê sanções para instituições que forem coniventes com tais práticas.
Atualmente, escolas são obrigadas a relatar casos de bullying, e até mesmo ocorrências envolvendo adultos são monitoradas, o que nos leva a supôr que um roteiro que chamasse crianças como o Quico de “bochechas de buldogue velho”, “cara de lua cheia” e “burro” certamente não seria bem encarado por alguns educadores.
5) Gordofobia Diária
Quando Seu Barriga e Nhonho eram chamados de “baleia”, “gordo”, “rolha de poço” e tantas outras expressões, a palavra “gordofobia” sequer existia. Atualmente, no entanto, ela é tema de inúmeras campanhas.
Apelidos e chacotas com base no peso de alguém podem, a depender do juiz, ser enquadrados como “ofensa”, “assédio moral” e até mesmo “humilhação”, levando o autor das mesmas a ser obrigado a pagar altas indenizações.
Politicamente Correto ou Historicamente Necessário?
Para alguns, trata-se de patrulhamento desnecessário; para outros, de conquistas históricas. Uma coisa, no entanto, é certa: o mundo já não é mais o mesmo da época em que o Chaves se escondia em seu barril.
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