O Repórter Record Investigação desta quinta-feira (21) apresenta uma reportagem inédita sobre adultos e crianças que dependem da pesca do sururu, um marisco pouco conhecido no Brasil.
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São mais de 1500 famílias que trabalham em condições degradantes na cadeia produtiva desse pequeno molusco, de apenas de três centímetros e que cresce agarrado ao fundo da imensa lagoa do Mundaú, em Maceió (AL).
Durante 16 dias, os jornalistas Marcus Reis, Laura Ferla, Aline Bertoli e Gilson Fredy registraram o dia a dia dos chamados “sururuzeiros”. Dos mergulhos em meio à escuridão ao calor dos fornos improvisados para cozinhar o marisco, eles revelam um cenário de pobreza, exploração e discriminação. E retratam a dura realidade em que 20% dos trabalhadores são menores de idade que se arriscam diariamente para tentar ajudar a família. Além disso, mostram as dificuldades que as mulheres enfrentam em exaustivas jornadas que chegam a durar até 15 horas.
Enquanto muitos dormem, pescadores se arriscam em mergulhos na mais completa escuridão. Procuram pelo sururu. Para pegá-lo nas águas chega-se à exaustão. “Se fosse por mim, eu não trabalharia com isso aí. Eu não sonhava com isso pra minha vida”, lamenta José Silvio, um jovem de 21 anos que cata sururu desde os sete.
As mulheres são as encarregadas de limpar o molusco. Elas representam quase 70% de toda mão de obra na cadeia produtiva. Apesar de serem maioria, são as que menos ganham. Pegam no pesado das 7h da manhã até às 22h para ganhar, em média, R$ 300 por mês. Como recebem por produção, precisam ser rápidas. Eleonora acumula 38 anos de experiência. “Comecei a trabalhar com sururu aos nove para dez anos. Nunca gostei. Mas não tem o que fazer, né?”, pondera.
As crianças e adolescentes também são usados no setor. O Brasil tem hoje quase dois milhões de trabalhadores com idade entre cinco e 17 anos, segundo o IBGE. No processo de trabalho do sururu, meninos e meninas se expõem a riscos e comprometem o futuro para ajudar a família a sobreviver. A dura rotina, sem direito a brincadeiras, é comum na Lagoa do Mundaú, onde quase 20% da mão de obra é de menores. O trabalho infantil é visto por algumas famílias como uma maneira proteção. “Tem gente que bota criança para pedir na rua”, diz a tia de uma das meninas trabalhadoras.
“Não é sustentável esse tipo de trabalho, não é digno que essas pessoas permaneçam nessas condições de trabalho”, afirma Maria Claudia Mello Falcão, coordenadora do combate ao trabalho escravo e trabalho infantil da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Além da exploração do trabalho, a comunidade enfrenta outros problemas. O Repórter Record Investigação teve acesso a pesquisas que apontam a presença de metais pesados nas águas da lagoa do Mundaú e no sangue dos pescadores. O programa descobriu ainda como o tráfico vem cooptando jovens para o crime. Comunidades inteiras que sobrevivem do marisco estão sob ameaça de organizações criminosas.
O Repórter Record Investigação vai ao ar às 22h30, logo após Jesus. A apresentação é de Adriana Araújo.
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