Texto atualizado em 21/03 às 09h20
VEJA ESSA
O RedeTV News causou polêmica com uma reportagem de cerca de sete minutos falando sobre o uso da ivermectina, um remédio antiparasitário defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no “tratamento precoce” da Covid-19, mas que já teve a sua ineficácia comprovada por cientistas ao redor do mundo.
O telejornal da RedeTV!, aliada fiel ao governo, usou como pretexto para a produção da reportagem o pedido de um grupo de médias às autoridades de Portugal para o uso do remédio no combate ao vírus.
A reportagem não mostrou que no mesmo dia, em Portugal, a Infarmed (Autoridade Nacional de Medicamento e Produtos de Saúde) atestou que “não existem evidências que apoiem a utilização deste medicamento na profilaxia e tratamento da Covid-19”. As informações são do jornalista Maurício Stycer, da Splash.
Procurada, a RedeTV! informou que a sua correspondente em Londres, Erika Abreu, enviou “questionamentos à Infarmed, sem obter retorno” antes do fechamento da pauta para o RedeTV News. A matéria foi veiculada no dia 11 de março. Somente no dia 15, o canal exibiu corretamente a decisão da autoridade portuguesa, o equivalente à Anvisa no Brasil.
Com o título “Autoridades médicas defendem o uso de ivermectina no tratamento da Covid”, a matéria do canal pró-Bolsonaro se tornou a mais assistida no site do telejornal. O Alerta Nacional, de Sikêra Jr, exibiu 14 minutos de uma matéria sobre o mesmo assunto.
Na última terça-feira (16), com os desdobramentos da recusa da doutora Ludhmila Hajjar para o cargo de ministra da Saúde, a RedeTV! disse por meio da repórter Caroline Aguiar que a médica “é contra o tratamento precoce, método sem comprovação científica, que é defendido por Bolsonaro”.
O canal comandado por Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho se tornou o principal propagador de notícias positivas do governo federal, e por vezes deixou de lado a situação caótica vivida pelo sistema de saúde e eximiu o governo do presidente Bolsonaro da culpa. Até o momento, o Brasil já alcançou mais de 285 mil mortos pelo novo coronavírus.
Em nota enviada ao RD1, a emissora paulista destacou que o RedeTVNews “trouxe informações sobre o uso da Ivermectina no tratamento preventivo a Covid-19 que voltava a ser debatido na Europa”.
“No entanto, em dois momentos a reportagem destacou a ausência de comprovação científica e das agências controladoras sobre a eficácia do remédio, durante os OFFs da correspondente internacional em Londres, Erika Abreu, e do repórter Giovanni César, de São Paulo”, apontou a assessoria da empresa.
A RedeTV! salinetou que a correspondente informou que “a Organização Mundial da Saúde chegou a divulgar estudos que identificavam a ineficácia do medicamento”. Já Giovanni afirmou que “no Brasil, assim como a Cloroquina e a Hidroxicloroquina, a Ivermectina está entre as drogas mais usadas para a prevenção e tratamento de casos leves de Covid-19. Nenhum desses medicamentos têm eficácia comprovada, o que levou médicos e cientistas a não aceitarem a utilização dos remédios nem no tratamento precoce nem quando ocorre a infecção pelo novo coronavírus”.
O canal garantiu que a posição da Inframed sobre o medicamento foi atualizada no RedeTVNews da última segunda-feira, 15, juntamente com o parecer de outras agências reguladoras europeias também procuradas.
“A Infarmed de Portugal alertou no último dia 11 que não existem provas que apoiem a utilização da Ivermectina no tratamento da Covid-19. A autoridade nacional do medicamento e produtos de saúde lembra que, apesar de vários estudos que analisam o potencial recurso a Ivermectina, ainda há dúvidas quanto à dose adequada e a segurança. A Infarmed informou ainda que ensaios clínicos e os seus resultados serão acompanhados de perto”, anunciou o telejornal.
“Já o Instituto Nacional de Controle de Medicamentos da República Tcheca publicou uma autorização de distribuição e uso temporário da Ivermectina”, completou.
Por fim, o veículo de comunicação garantiu que, “também na matéria do dia 15 de março, a correspondente informou que entrevistou uma fonte da agência de saúde do país, que além de confirmar a informação, disse ainda que o medicamento deve ser usado apenas em pacientes hospitalizados com mais de 18 anos de idade”.
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