Comentarista da GloboNews, Flávia Oliveira não segurou as lágrimas durante sua participação no Estúdio i na tarde desta quarta-feira (9) ao comentar a morte de Kathlen Romeu, de 24 anos. Grávida, ela foi atingida ontem por uma bala perdida em uma ação policial na comunidade do Lins, no Rio de Janeiro.
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“É impossível, Maria, não se emocionar com essa história. A Kathlen era o projeto de vida de uma família, de uma avó, de um pai, de uma mãe. [Ela] Tinha a mesma idade da minha filha. Ela faria 25 anos, minha filha já completou”, emocionou.
“Então eu sei o que é ser uma mãe negra, botar uma filha negra no mundo e luta pela educação delas. Eu sou filha de uma mulher negra…”, disse a jornalista, que interrompeu sua fala para enxugar as lágrimas.
Flávia pediu desculpas à Maria Beltrão pela emoção. “Muito difícil, peço desculpas a você e aos meus colegas, mas é muito difícil ouvir o que a gente está ouvindo, assistir o que a gente tem assistido no Rio de Janeiro, esse lugar que é o cenário, o ambiente de uma ‘necropolítica de segurança pública.’ Diariamente a gente chora mortes de crianças, jovens, policiais e agora também de mulheres e bebês”, declarou.
A contratada da GloboNews ressaltou que a atuação da polícia não provocou a diminuição do crime organizado e que só produziu luto em famílias negras de favelas.
“É muito difícil lidar com uma situação tão dramática, tão desnecessária, uma violência gratuita que não tem produzido melhora na sensação de segurança, não tem produzido ressocialização de criminosos, redução do crime organizado. Ela só tem produzido luto em famílias negras de favelas, principalmente, mas também em famílias de policiais”, apontou.
Kathlen de Oliveira Romeo morreu após uma troca de tiros entre a Polícia Militar e traficantes da comunidade do Barro Vermelho, em Lins de Vasconcelos, no Rio de Janeiro. Ela estava grávida de 14 semanas do primeiro filho.
Segundo a PM, os agentes prestaram socorro e encaminharam a vítima para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas ela não resistiu aos ferimentos. De acordo com a Polícia Civil, com base na perícia do IML (Instituto Médico-Legal), um tiro de fuzil atravessou o corpo de Kathlen. Os moradores contestam a versão da polícia, que diz ter reagido a uma ação de criminosos.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].