No próximo domingo (1º), a GloboNews exibe o documentário Voluntário ****1864 – Quem São os Anônimos da Vacina?, uma produção do canal e do Globoplay. A atração vai contar histórias de brasileiros participantes do processo de desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19.
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No mesmo dia, o filme, dirigido por Sandra Kogut, será disponibilizado para assinantes no Globoplay. O documentário acompanha dez personagens a partir do momento em que preenchem o cadastro para participar dos estudos.
A expectativa de serem aceitos ou não, o momento da aplicação da vacina, a rotina nos meses seguintes e o momento de receber ou placebo ou vacina estão expostos no documentário, tudo feito em formato de diário pessoal e produzido de forma remota pelos próprios personagens.
Sem filtros, os voluntários contam as motivações que nortearam a decisão, como o relacionamento com amigos e familiares foi afetado e os sentimentos ao receberem notícias de fracassos ou sucessos clínicos dos laboratórios.
A partir dessas histórias, Sandra Kogut monta um painel de como o Brasil está enfrentando a pandemia, como lida com as decisões dos governantes e com informações muitas vezes desencontradas.
Em entrevista, Sandra Kogut expõe em detalhes o trabalho de preparação e o contato com os protagonistas do documentário.
Como surgiu a ideia de produzir o documentário?
Em agosto de 2020, o Brasil atingiu a trágica marca de 100 mil mortos pela covid, enquanto o combate à pandemia fracassava. Era tudo muito terrível, mas havia uma esperança: a possibilidade de uma vacina. Foi quando começaram a ser anunciados os estudos clínicos no país. Fiquei muito curiosa em saber quem eram as pessoas que estavam se candidatando como voluntários dos estudos. Será que eles não tinham medo? E como funcionavam os estudos? Assim surgiu a ideia do filme. Sabia que eles teriam que fazer um diário clínico (para o estudo), e resolvi pedir que fizessem também um diário pessoal. O filme foi uma maneira de atravessar, junto com eles, os meses que viriam pela frente, pegando emprestado o olhar de cada um.
Quais foram os maiores desafios de produzir esse filme?
O primeiro foi fazer um filme em plena pandemia, com isolamento social. Como ir ao encontro dos personagens se estávamos em quarentena? Como muitas vezes acontece, as dificuldades viram material de trabalho. Resolvi transformar todo mundo em cineasta. Falava com eles regularmente por zoom e ia orientando em como filmar os diários, como registrar. Eles filmavam com seus telefones e me mandavam regularmente as imagens. A partir daí, ia construindo o filme. É um filme feito de longe, mas na intimidade do lar. Outro desafio foi o de realizar um filme neste momento do país, onde o apoio à Cultura está congelado. E ainda por cima um filme como este, que tinha urgência, falava do presente, tínhamos pressa em começar. Sem o apoio da GloboNews e do Globoplay jamais teríamos conseguido. A equipe foi muito parceria, todo mundo acreditou no projeto.
Na sua opinião, qual a principal mensagem que o documentário passa para o público?
A gente vê ali um Brasil que hoje está escondido, e que é o Brasil no qual eu acredito. Ele é feito de gente muito diversa, espalhada pelos quatro cantos do país, que tem em comum coisas muito importantes: a esperança no futuro, a vontade de fazer dar certo, a consciência do coletivo. Todos os personagens tinham orgulho de estar contribuindo para o bem coletivo. Queriam poder contar para os filhos e netos que, na hora mais difícil, eles estavam do lado certo da história. É a história contada pelo lado humano das pessoas. Todo mundo se reconhece nesse filme de alguma maneira, porque é a história de todos nós em alguma medida, nestes últimos 12 meses. Poderia ser qualquer um de nós. Mas o filme é também uma carta para o futuro. Um dia vamos olhar para trás e ver essa história tão trágica pelos olhos dos heróis anônimos, das pessoas comuns.
Teve alguma história que mais chamou sua atenção nessa produção?
Difícil destacar apenas uma história. Cada um dos voluntários tinha suas razões, seus medos, suas angustias. Tenho certeza que o público vai se identificar com cada um dos relatos presentes no filme. Gosto de todas.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].