Sucessor de Luciano na Globo, Marcos Mion já ocupou vaga de Huck na Band

Marcos Mion

Marcos Mion no Caldeirão, da Globo (Imagem: Reprodução / Globo)

Substituindo Luciano Huck no Caldeirão da Globo, Marcos Mion repetiu um fato acontecido há quase duas décadas, só que na Band. Titular do programa H, Luciano mostrava seu talento na telinha da então TV Bandeirantes.

Luciano Huck apresentou o H, na Band (Imagem: Reprodução / YouTube)

O comunicador esteve no ar entre 1996 e 1999 no comando do H e revelou personagens icônicos como a Tiazinha, de Suzana Alves, e a Feiticeira, de Joana Prado. Conversando com um público jovem, Huck logo teve seu nome discutido na Globo e, em 1999, foi contratado para as tardes de sábado da emissora.

Luciano Huck apresentou o H, na Band (Imagem: Reprodução / YouTube)

No H, Huck apostava em atrações musicais e brincadeiras com a Tiazinha chicoteando participantes da plateia, além de jogos do universo jovem e interação com o público. Luciano levou sua atração para a praia, no verão de 1998.

Foi no começo do ano de 1999 que o apresentador assinou contrato com a Globo. Em outubro de 99, então, Huck se despediu do público rumo à líder de audiência.

Sai Huck, entra Costa

Quem substituiu Huck nas noites da Band foi Otaviano Costa, ainda em 4 de outubro de 1999. A atração de Huck foi renomeada de H – que tinha o nome em referência à inicial do sobrenome do marido de Angélica – para O+, em referência ao esposo de Flávia Alessandra.

Otaviano Costa apresentou o O+, na Band (Imagem: Reprodução / YouTube)

Vindo da MTV, Otaviano seguia a mesma linha de Huck para não afastar o público, caso a emissora colocasse um apresentador radicalmente diferente. Outros elementos ganharam vida com a chegada de Costa. A Feiticeira, que não falava, ganhou voz e passou a fazer reportagens na atração. Ainda, o DJ Théo Werneck comandou um quadro de entrevistas com cantores.

Já em julho de 2000, o programa ganhou uma reformulação com novos cenários, reportagens externas e outro nome: Superpositivo. Mais democrático, a atração mirou no público feminino e contratou os gêmeos Flávio e Gustavo Mendonça, que se apresentavam vestidos com um calção ou sunga apenas. Os dois realizavam brincadeiras com mulheres da plateia.

Otaviano Costa apresentou o Superpositivo, na Band (Imagem: Reprodução / YouTube)

Ota comandou o programa até maio de 2001, quando passou a dividir a atração com Sabrina Parlatore. A decisão pela dobradinha veio após a Band avaliar positivamente a receptividade da apresentadora com o público do Território Livre, reality show comandado por Sabrina na emissora entre 2000 e 2001.

Otaviano Costa apresentou o Superpositivo, com Sabrina Parlatore, na Band (Imagem: Reprodução / YouTube)

Em participação no Domingão do Faustão, de 28 de março de 2021, Otaviano revelou que foi Fausto Silva o responsável por indicá-lo à vaga de Huck na Band. “Sou um chorão, você me conhece há 32 anos. Me lembro que eu estava começando, era ator de pegadinhas e você me chamou quando deu pau num VT lá: imitei, brinquei, etc e tal… Você é, para mim, uma inspiração como comunicador e ser humano”, revelou Costa.

“A você, eu devo gratidão eterna porque, não nesse palco, fora dele, você causou a maior transformação na minha carreira de um jeito inesperado, tão surpreendente que nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar que aconteceria. Você foi a pessoa que realizou o sonho que eu jamais poderia imaginar, que foi na época substituir o Luciano (Huck em antigo programa). Sei que você foi o principal espelho disso”.

Em entrevista ao portal Terra, em julho de 2001, Otaviano contou como foi substituir Huck na Band. “Foi uma grande missão. Eu estava chegando para substituir um grande nome, num grande programa. Cheguei e implantei minhas características”, contou o apresentador.

“Se tem um cara que eu respeito é o Luciano Huck. O que ele fez lá foi do cacete. Isso eu admiro muito”.

Dois meses depois das mudanças, Otaviano Costa surpreendeu a todos e assinou com a Record. Sobre o assunto, o apresentador revelou, na mesma entrevista ao portal Terra que ficou insatisfeito com as alterações do programa.

“Tentei criar coisas novas. Infelizmente, a casa não me deu oportunidade de mexer. Em janeiro do ano passado, o programa passou a se chamar O+. Em setembro, recebi uma proposta da Record. Não fui por absoluta ética. Falei para a Bandeirantes sobre a proposta da Record. Um mês depois mudaram o nome do programa para Superpositivo sem me avisar. Aquilo foi uma facada bem na hora que eu tinha consolidado a parceria. E eles nem cobriram a proposta da Record. Então, minha voz foi ficando fraca”, revelou.

O apresentador criticou a produção da emissora alegando que a atração virou um circo com a criação de diversos personagens a fim de atrair a atenção de diversos públicos.

“Exatamente. Começou a história da criação de personagens, mas é preciso saber como acabar. Foi o que o Luciano fez com a Tiazinha. Desenvolvemos a Internética. Ela não ia falar, só se comunicaria pela internet. Um dia vejo no ar uma vinheta de verão com a Internética falando: ‘Oi, pessoal, passe loção…’. Ah, bicho, foi tudo por água abaixo. A evolução no meu programa não aconteceu por causa dessas formatações estabelecidas pela direção, como esse quadro de strip-tease ‘A Bela e as Feras’. Está há duas semanas no ar. Eu já falei para tirar, é ruim. Dá audiência? Dá, mas pelo amor de Deus, é muito fácil fazer assim!”.

Otaviano ainda falou que tudo virou descontentamento para ele. “O conjunto de coisas me saturou. Não precisa disso, de strip-tease. E eu ainda tento levar como se fosse uma coisa circense, lúdica. Se eu levar a sério, parece que eu estou fazendo show no clube das mulheres!”, contou o apresentador, que ainda explicou sobre dividir o programa com Parlatore: “A vaidade não me pega por aí. Acho que tudo tem de ter sentido. Não adianta botar dez pessoas falando do seu lado ao mesmo tempo porque não tem sentido. Hoje, 80% é dedicado ao besteirol, 10% à música e pouca coisa à informação”.

Otaviano Costa assinou com a Record e partiu para um novo momento de sua carreira e apresentou as atrações Domínio Público, Jogos de Família e No Vermelho, que saíram do ar de forma abrupta pela baixa audiência.

Otaviano retornou à Globo em 2009 para atuar na novela “Caras & Bocas”, trama de Walcyr Carrasco. Após um tempo nas novelas da emissora, o apresentador assumiu o Vídeo Show (2015–2018). Com o fim da atração, que chegou a dividir com diversos apresentadores com destaque a Mônica Iozzi, o programa saiu do ar.

Otaviano e Mônica no comando do Vídeo Show (Imagem: Reprodução/GShow)

“Trabalhei na Globo como ator de pegadinhas do Faustão e depois fazia matérias musicais e pautas jovens para o programa”, disse o ator em uma postagem no blog de sua autoria, em 2009.

Em 2019, no entanto, o caminho do apresentador voltou a se cruzar com o de Luciano Huck, mas na Globo. Ota ganhou o programa “Tá Brincando!”, que antecedia o Caldeirão do Huck. A primeira temporada estreou em 5 de janeiro de 2019 e terminou em 16 de março do mesmo ano.

Otaviano Costa no “Tá Brincando!” (Imagem: Reprodução)

Ao todo, foram 9 episódios que ocuparam as férias do “Só Toca Top”. A atração não ganhou uma segunda temporada por conta de indefinições da Globo sobre o horário de sábado da grade de programação. A falta de definição gerou o término do contrato com Otaviano Costa e, consequentemente, o fim da atração.

Sai Costa, entra Mion

Em 18 de fevereiro de 2002, Marcos Mion decolava da MTV para a Band e estreava seu Descontrole na emissora. A nova aposta substituía o Superpositivo de Otaviano Costa e Sabrina Parlatore nas noites do canal.

Logo do programa Descontrole (Imagem: Reprodução / YouTube)

A vaga deixada por Huck foi preenchida por Otaviano Costa, mas acabou caindo no colo de Marcos Mion, mas por pouco tempo. O Descontrole trazia Mion no auge de sua popularidade junto ao público jovem e que era telespectador da MTV Brasil.

Totalmente anárquico, Marcos Mion levou para a TV aberta o que somente o público da TV fechada podia acompanhar. Exibida de segunda à sexta, na faixa das 20h30, a atração de Mion contava com auditório e quadros que misturavam humor debochado e improviso. Ao vivo, o apresentador dividia a cena com personagens como o Corvo (Rodrigo Scarpa, o repórter Vesgo do Pânico) e o assistente de palco Cidão.

Programa Descontrole, na Band (Imagem: Reprodução / YouTube)

A atração ainda tinha quadros como o Miclone, que trazia Marcos Mion vestido de algum cantor famoso satirizando algum clipe; Shit Show, em que o apresentador fazia uma releitura de Os Piores Clipes do Mundo; Show de Calouros, sempre às quartas, com populares escolhidos pela produção; reportagens externas do Corvo na rua além de convidados no palco.

A atração era caracterizada pela espontaneidade do apresentador que bebia na mesma fonte do Perdidos na Noite, apresentado por Fausto Silva na década de 1980. O programa não seguia um roteiro e variava diariamente suas atrações, mas não agradou o público nem a direção da Band.

Diretor da emissora à época, Rogério Gallo admitiu que a atração de Mion passou dos limites. “É preciso manter a irreverência, mas perdemos a mão. Por isso, estamos tirando os excessos, o que não foi bem recebido pelo público, o que estava agressivo. É hora de acertar. Vamos valorizar o lado positivo do programa com as ações de cidadania e disputas cujo objetivo é ajudar pessoas carentes”, disse Gallo.

Logo do programa Sobcontrole, na Band (Imagem: Reprodução / YouTube)

Por questões jurídicas, o Descontrole teve que mudar de nome e virou Sobcontrole. O novo programa, sob apresentação de Marcos Mion, entrou no ar em 17 de junho e 2002 e sobreviveu até 9 de maio de 2003.

Marcos Mion no Sobcontrole da Band (Imagem: Reprodução / YouTube)

Agora, mais “controlado”, Mion passou a apresentar gincanas de colégios onde as equipes disputavam provas inusitadas ao longo da semana.

Mesmo mantendo boa audiência, a atração de Marcos Mion acabou tendo o tempo reduzido por causa do baixo faturamento e, fatidicamente, foi substituído de vez pelo programa religioso Show da Fé, apresentado pelo pastor R. R. Soares, em 1 de janeiro de 2003.

Retorno à MTV Brasil

Fora do ar pela Band, Marcos Mion voltou à MTV Brasil, onde ficou até 2009, quando foi contratado pela Record para apresentar o Legendários. A atração estreou em 2010. Ainda na Record, Mion apresentou os programas Ídolos (2012), A Casa (2017) e A Fazenda (2018-20).

Chegada à Globo

Marcos Mion no comando do Caldeirão (Imagem: Divulgação / Globo)

Dezenove anos depois, Mion chega à Globo para ocupar, de novo, a vaga de Luciano Huck, que deixou o sábado da emissora rumo ao domingo, com o Domingão com Huck.

Caldeirão

Paulo Vieira e Juliana Paes aparecem ao lado de Marcos Mion no estúdio do Caldeirão (Imagem: Divulgação / João Cotta)

No comando do Caldeirão, que estreou neste sábado (04), Marcos Mion mostrou sua versatilidade e adicionou à mistura um tempero pessoal e tirou do foco da atração os quadros assistencialistas, que Huck adotou nos últimos anos, e focou em quadros mais animados e com convidados no palco.

Reuber Diirr
Escrito por

Reuber Diirr

Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!