As plataformas de streaming têm possibilitado uma participação mais frequente de brasileiros em produções internacionais. Nos últimos dias não se fala em outra coisa a não ser no represente do Brasil em Elite. André Lamoglia é o nome dele.
VEJA ESSA
A produção espanhola é um dos fenômenos da Netflix dos últimos anos. A quinta temporada estreou no último dia 8 de abril e Ivan, personagem do brasileiro, tem chamado a atenção do público nas redes sociais. O intérprete, que é só alegria com a sua participação na trama, garantiu que foi muito bem recebido pelo elenco.
“Eu fui tão bem acolhido por todos que não houve espaço para me sentir ‘o aluno novo’ por muito tempo. Fora isso, o elenco está super acostumado com essa renovação na série. As minhas expectativas para a estreia eram as melhores possíveis, queria muito que chegasse o dia 8 para que todos assistissem”, contou em entrevista exclusiva ao RD1.
Em Elite, o brasileiro gravou pela primeira vez cenas quentes – a série é conhecida por ter momentos mais picantes – e garantiu que não teve problemas: “Quando estou no set, me sinto totalmente protegido pelo personagem que estou interpretando e é ele quem está lá. Além disso, essas cenas são importantes dentro da trama e ajudam a contar a história, então não há problema”.
André Lamoglia também reforçou o seu desejo para que mais atores brasileiros conquistem espaços importantes em grandes produções:
“Torço muito que o mercado se abra cada vez mais pra atores brasileiros como eu, e sinto que o streaming tem aproximado o mundo audiovisual”.
Confira a entrevista na íntegra:
RD1 – Elite é uma das séries de grande sucesso da Netflix em todo o mundo, inclusive no Brasil. Ser escolhido como um representante brasileiro em um elenco já conhecido pelo público te deixou ainda mais nervoso nas gravações? Como foi a expectativa para ver o trabalho pronto?
André Lamoglia – Eu fui tão bem acolhido por todos que não houve espaço para me sentir “o aluno novo” por muito tempo, sabe? Fora isso, o elenco está super acostumado com essa renovação na série, na temporada passada, por exemplo, entraram três novos protagonistas. Já agora na quinta, na que eu entro, também se juntam ao time a Valentina Zenere (argentina), e o Adam Nourou (francês). As minhas expectativas para a estreia eram as melhores possíveis, queria muito que chegasse o dia 08 para todos assistirem!
Você acompanhava a série antes de ser escalado? Ser escolhido para entrar no elenco te assustou? Sente que é um desafio grande, principalmente por ele ser trabalhado em outro idioma e num país diferente?
Acompanhava e gostava muito! Não me assustou. Quanto ao desafio por ser em outro idioma, esse é meu segundo trabalho gravado inteiramente em espanhol, o primeiro foi Disney Bia. No primeiro trabalho não foi tão tranquilo no começo, não! (risos) Foi muita ralação pra conseguir em curto tempo passar do espanhol, que até então eu tive contato apenas na escola, pra fluência necessária numa série gravada na Argentina. Então, eu caí de cabeça num intensivo, de horas por dia, e a vivência na Argentina também ajudou muito, já que eu tinha contato com a língua no dia a dia também. Com o tempo foi virando algo super natural. E agora no novo trabalho, em Elite – dessa vez na Espanha -, já era algo que eu estava bastante familiarizado. O desafio, nesse caso, foi apenas o sotaque madrilenho, que é bem diferente do argentino. As gírias também.
Elite é conhecida, entre outras coisas, por ter muitas cenas quentes. Você apareceu em algumas cenas bem quentes. Sentiu um nervosismo para filmar esse tipo de sequência?
Como nunca tinha tido cenas assim antes, no início o “como seria” era algo que eu me questionava. Mas em pouco tempo deixou de ser uma questão. Hoje, quando estou no set, me sinto totalmente protegido pelo personagem que estou interpretando e é ele quem está lá. Além disso, essas cenas são importantes dentro da trama e ajudam a contar a história, então não há problema. Não bastasse isso, toda equipe e seu profissionalismo nos deixava tranquilos e preparados para esse tipo de sequência.
Como está sendo trabalhar em outro país? Imaginava que poderia chegar longe tão rápido?
Tem sido ótimo, um grande aprendizado. Mesmo com humildade, sou sonhador, e sonho alto, então não acho que nada é impossível. Torço muito que o mercado se abra cada vez mais pra atores brasileiros como eu, e sinto que o streaming tem aproximado o mundo audiovisual.
Como enxerga esse novo momento artístico, com várias possibilidades?
De forma muito positiva, acho enriquecedor como artista poder trabalhar em diferentes culturas, produções… Como mencionei anteriormente, o streaming tem permitido, mais do que nunca antes, essa espécie de intercâmbio. E ter a possibilidade de ter seu trabalho reconhecido a nível mundial é incrível. Que só aumente!
Antes de Elite você trabalhou em uma produção infantojuvenil. Como você acredita que o protagonismo em Juacas, da Disney, lhe ajudou a enfrentar esse trabalho diferente da sua carreira?
Com certeza, tenho um enorme orgulho de Juacas que, inclusive, na sua segunda temporada foi indicada ao IEmmy. Este foi o primeiro trabalho que gravei, enquanto Segredos de Justiça foi meu primeiro trabalho que foi ao ar. Aprendi muito nas duas produções. Em Juacas, por ser meu primeiro trabalho, era tudo muito novo então aprendi bastante, não tinha vergonha de perguntar o que que não sabia, conversava muito com pessoas de cada setor, o que faço até hoje (risos). Em Segredos de Justiça também. Tive a oportunidade de contracenar com atores consagrados, como Glória Pires e Marco Ricca.
Em Juacas foram 2 meses de preparação. Como era uma série de surf, fomos para Florianópolis antes de começar as filmagens, em Itacaré. Lá ficamos na casa do surfista Teco Padaratz, que inclusive faz a série também. Lá aprendemos a viver como surfistas, tínhamos aulas de surf para aprender cada detalhe desse esporte maravilhoso que hoje faz parte da minha vida, coach de atuação também, estudávamos muito. Uma época que sinto bastante saudade inclusive e que certamente me deu muitas ferramentas que uso hoje em outros trabalhos.
Quais os seus próximos planos? Pensa em trabalhar em obras mais brasileiras ou deseja continuar buscando trabalhos internacionais?
Vou onde bons trabalhos e projetos estiverem e me escalarem, seja aqui ou fora. Já morei em Los Angeles pra estudar, e em Buenos Aires e Madrid para gravar meus trabalhos do momento, então a fronteira nunca foi uma questão, e eu não tenho um país específico como meta por enquanto. Por ora, sigo focado em cada bom roteiro, bom personagem e oportunidade de mostrar meu trabalho… em qualquer país.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]