Uma repórter da Globo viveu uma de suas reportagens mais emocionantes. Adriana Oliveira, da TV Bahia, foi surpreendida com o desabafo emocionado de Madalena Santiago da Silva, de 62 anos, que trabalhou 54 anos como empregada doméstica sem receber salários na Bahia.
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Resgatada de rotina similar à escravidão em março do ano passado, ela até hoje carrega as marcas dos maus-tratos que sofreu pela família para quem trabalhava. Na última quarta-feira (27), Madalena chamou a atenção pela forma como reagiu após tocar na mão da repórter da TV Bahia.
“Fico com receio de pegar na sua mão branca”, declarou a doméstica, visivelmente assustada e aos prantos durante a reportagem. Adriana Oliveira, então, estendeu as mãos para ela e a questionou. “Mas por quê? Tem medo de quê?”.
Madalena, então, explicou que achava feio sua pele escura perto da pele clara da repórter. “Porque ver a sua mão branca. Eu pego e boto a minha em cima da sua e acho feio isso”, disse, com lágrimas nos olhos.
“Sua mão é linda, sua cor é linda. Olhe para mim, aqui não tem diferença. O tom é diferente, mas você é mulher, eu sou mulher. Os mesmos direitos e o mesmo respeito que todo mundo tem comigo, tem que ter com você”, pontuou a jornalista tentando acalmar a idosa.
Além do trabalho análogo à escravidão e os maus-tratos sofridos durante toda a vida, Madalena também foi alvo de uma das filhas deles. Ela fez empréstimos no nome da idosa e embolsou R$ 20 mil referentes à aposentadoria da doméstica.
Internautas se emocionam com história exibida na Globo
No Twitter, muitos usuários se comoveram com a reportagem e lamentaram a situação de Madalena. “O vídeo da senhora negra chorando sem querer pegar na mão da repórter branca, dizendo que achava feio a mão a dela em cima da mão da repórter, é disparado um dos vídeos mais tristes que eu já vi na vida!”, disparou um.
Alguns também criticaram a repórter pelo fato de ela ter tentado igualar sua situação como mulher branca com os momentos de escravidão vividos pela entrevistada.
“Me pergunto se não era melhor dar a essa moça acesso à terapia com um profissional negro, em vez de fazer ela segurar a mão de uma repórter branca. Não era questão de provar que ‘nem todos brancos são ruins’, mas acho que era o momento de respeitar o trauma dela”, comentou outra.
Isso aqui me quebrou todinho. E tem filha da puta nesse país que fala que não existe racismo pic.twitter.com/CRQgdEYPPI
— Dudu (@Dudu) April 28, 2022
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]