O fim do Casos de Família, anunciado na última terça-feira (23), pegou muita gente de surpresa, inclusive este modesto site. Semanas atrás, a reportagem do RD1 acompanhou um dia de gravações e conversou com Christina Rocha e o diretor Rafael Bello com exclusividade.
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Apesar da baixa audiência, motivada pela pedreira de bater de frente com o fenômeno O Cravo e a Rosa e o consolidado Balanço Geral, o Casos de Família mantinha um público cativo, uma invejável fila de anunciantes e o respaldo da cúpula do canal.
Embora o SBT deixe em aberto a possibilidade de a atração voltar em 2023, é muito pouco provável que isso aconteça. O cancelamento contou com a chancela de Silvio Santos, sempre imprevisível.
Como forma de homenagear um clássico da televisão brasileira, uma apresentadora que sempre se renovou e tirou de letra todos os desafios, e uma equipe que suou a camisa nos últimos anos para levar entretenimento diariamente, o RD1 publica na sequência a íntegra da conversa de Rafael Bello com o repórter Reuber Diirr, e deixa o convite para a leitura de outra matéria, já publicada, com a apresentadora do vespertino.
Gravações em meio à pandemia
Rafael Bello conversou com o RD1 para comentar alguns temas que fazem parte da TV atualmente, bem como fatos que fomentam discussões interessantes dentro da comunicação.
O diretor discorreu suas opiniões sobre o atual cenário da TV aberta no Brasil, comentou sobre a pandemia de Covid-19, que retardou muito os trabalhos dentro do mercado da televisão, e ainda aproveitou para confrontar a TV com o streaming, assunto que sempre ganha destaque entre os seguidores do tema.
“O período de pandemia foi complicado porque o SBT proibiu as gravações. Então, não podemos gravar com plateia etc e decidimos ficar em casa e esperar”, lembra.
“Só que depois, começamos a ficar preocupados, pois vimos tantas mudanças na TV que pensamos ser um grande problema no futuro daqui a uns dois ou três meses que estamos fora do ar e poderíamos não voltar. E, então, fizemos uma proposta para o chefe e mostramos um piloto [programa teste], mas eles falaram que não dava pra gravar. Isso foi no mês de maio, depois em junho, de novo, fizemos outra proposta e o SBT liberou. Com muita restrição, mas liberou. Não tínhamos plateia e ainda tínhamos que fazer os testes de Covid-19 sempre”, revela.
De acordo com Bello, a equipe ficou reduzida porque os estagiários não puderam trabalhar, mas todos se viraram normalmente: “Foi muito complicado conseguir as histórias. Era muito complicado por causa dos casos de contágio, e aí, principalmente, a equipe [de produção] tinha dificuldades em entrevistar essas pessoas”.
Um profissional bom de faro
Rafael, que foi diretor de programas de TV em Miami (EUA), e sempre viaja para fora do Brasil com um olhar mais apurado, falou de sua ótica em relação ao mercado de televisão brasileiro.
“Eu acho que cada país tem seu próprio modelo e vai funcionando conforme seu próprio mercado. Quando eu cheguei aqui [no Brasil], por exemplo, a televisão nos Estados Unidos já era muito avançada. Você chega e tem muitos canais. Cada vez que vou pra lá [para os Estados Unidos] pra ver minha família, você vê muita coisa, muitos canais novos”, compara.
Questionado se há muita diferença de investimentos entre Brasil e Estados Unidos no mercado de TV, Bello é franco: “Não sei se há muitos investimentos, mas tem muita empresa e novos investimentos do que no Brasil, sim. Além disso, tem mais investimento inicial lá e também há muita empresa fora dos Estados Unidos que fazem investimentos na televisão de lá. Então, eu acho que é um mercado diferente”.
Um diretor e uma apresentadora afinados
Rafael Bello destacou que os 13 anos do Casos de Família sob apresentação de Christina Rocha fizeram com que a direção pensasse em algo novo para celebrar o momento.
“Estamos fazendo 13 anos de aniversário e começamos a pensar e fazer algo diferente com alguns formatos de fora que pudéssemos trazer para o Casos de Família, e conversando com a Christina, pensamos que não precisaríamos fazer uma mudança totalmente radical. Quando se integra algo dentro do programa como um quadro que fizemos, é algo que o público gosta”, explica.
Bello ainda comenta sobre o conteúdo da TV aberta do Brasil. O diretor conta que busca assuntos relevantes e que não sejam pesados para os telespectadores, como temáticas ligadas à política ou demais esferas.
“Quando você fala para o público, como do Brasil, não queremos levar uma atração com conteúdo pesado, pois já assistimos notícias nos telejornais o dia inteiro. Eu acho muito pesado para o programa um conteúdo político, por exemplo”, explica.
“Tem muitos programas que são engraçados, que a Christina [Rocha] leva para o lado engraçado, mas há programas que são muito fortes e que mexem com a parte emocional. Eu acho que o que chama muito a atenção do programa é que lidamos com problemas sociais e que nunca passam de moda. São temas que sempre são atuais. Acho que estamos dando o que o público quer e por isso estamos há tanto tempo no ar”, encerra.
Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!