O Fantástico, da Globo, emocionou boa parte do seu público no último domingo (22) com a exibição de uma reportagem a respeito da situação da fome em algumas regiões do Brasil. Apesar dos elogios, Marcelo Canellas, que conduziu a matéria, também foi alvo de duros ataques.
VEJA ESSA
O jornalista confessou em seu Twitter que recebeu ataques por causa do vídeo, antes mesmo dele ir ao ar, e revelou uma atitude que tomou.
Na reportagem, Marcelo Canellas e Lúcio Alves voltaram para uma região que conheceram há duas décadas. Na época para o JN, eles conheceram o casal Ana e Evangelista, a filha Marta e o agente de saúde Cirene, para falar a respeito da desnutrição e os danos do êxodo rural.
Na nova matéria, ele constatou que a situação continua a mesma e também reencontrou os antigos personagens que conversou no início dos anos 2000.
Cavellas disse no seu perfil da rede social que pessoas perguntavam o porquê de “filmar a pobreza” e não “entregaram cestas básicas” aos que passam fome.
O jornalista, então, reagiu dizendo que o motivo de mostrar é pelo fato de ser injusto ver pessoas nessa situação.
“Aos cínicos, tenho más notícias: o jornalismo continuará botando o dedo na ferida até que o poder cicatrizante da justiça social nos cure dessa chaga”, disparou.
Repórter da Globo revela atitude
Ainda no seu perfil do Twitter, Marcelo Canellas comentou que, assim como há 20 anos, ele e o cinegrafista Lúcio Alves decidiram ajudar com “uma conta de luz paga aqui, uma cesta básica acolá”, mas sabe que isso não é o suficiente.
Para ele, apenas “uma política de Estado consistente”, capaz de ser duradoura, poderá enfrentar os efeitos da desigualdade no país. Além disso, entender que a luta contra a fome é também uma batalha contra a sua negação.
E aos que julgam os outros à luz de suas próprias debilidades morais, esclareço: eu e meu parceiro de ofício e utopias, Lúcio Alves, não acreditamos na assepsia emocional do jornalista diante do fato. +
— marcelo canellas (@marcelocanellas) January 23, 2023
Somente uma política de Estado consistente, estruturante e duradoura será capaz de enfrentar os efeitos da desigualdade perversa que nos envergonha. A luta contra a fome é também uma batalha retórica contra a sua negação. +
— marcelo canellas (@marcelocanellas) January 23, 2023
E por vezes, tristemente, quem nega o faz por sentir-se humilhado. Por esses, tenho compaixão. Aos cínicos, tenho más notícias: o jornalismo continuará botando o dedo na ferida até que o poder cicatrizante da justiça social nos cure dessa chaga.
— marcelo canellas (@marcelocanellas) January 23, 2023
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]