Jô Soares foi entrevistado por Pedro Bial na última quarta-feira (29), e fora do ar na Globo, contou detalhes da sua carreira dentro do canal, incluindo um atrito entre ele e um diretor por causa de um personagem, em meio à censura da Ditadura Militar (1964 – 1985).
O humorista contou que os votos era ferrenhos e partiam de todos os lados, inclusive de dentro da própria Globo. “Plena repressão, tinham personagens que eram proibidos, Gandola ficou um ano e meio no ar, descobriram que ‘gandola’ é o nome de uma túnica do exército. O Capitão Gay, o Borjalo, que era diretor artístico na época, cortou”, relembrou ele.
Ele ainda relembrou o que ouviu do diretor após receber um não, explicando o seu motivo para o corte. “Falou: ‘não pode, porque o governador de Brasília é um coronel gay, isso vai dar problema’“, contou.
O apresentador foi até o chefão da Globo, Boni, e relatou o acontecido. “Fui falar com o Boni. ‘Bonifácio, assim fica difícil. A gente não pode falar de política, aí faz uma crítica social, falando do movimento gay, a favor, e também não pode? Fica demais’”, disse ele.
Após o desabafo, Boni o questionou. “Ele disse ‘quem falou que não pode?’. Ligou para o Borjalo, falou: ‘Borjalinho, eu vou querer peitar, deixa aí o Capitão Gay, pode deixar, eu me responsabilizo’. E foi um puta sucesso“, declarou.
O sucesso realmente aconteceu, tanto que o político citado o elogiou. “Um dia estou no aeroporto e escuto alguém me chamando ‘Jô, sabe quem eu sou? Sou o coronel gay, adoro o personagem, sobretudo tenho um sobrinho que é capitão da Marinha e todo mundo enlouquece ele, eu me divirto demais’“, recorda.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].