Sandra Annenberg chegou à 6ª edição como apresentadora do Globo Repórter; no último dia 8, conduziu sozinha o jornalístico, enquanto a parceira Glória Maria cuidava da saúde. É de se lamentar, porém, que Sandra, acompanhada ou não, pouco agrega ao GR – não por culpa dela.
VEJA ESSA
Até o momento, Annenberg só fez repetir o que Sérgio Chapelin fazia: ler “cabeças”, jargão utilizado para as chamadas que antecedem as matérias no começo e no fim de cada bloco. As novidades prometidas por Ali Kamel, diretor de Jornalismo da Globo, para a atração ficaram pelo caminho.
Na ocasião da transferência de Sandra Annenberg do Jornal Hoje, agora com Maju Coutinho, para o Globo Repórter, Ali afirmou em comunicado oficial que o programa de toda sexta-feira seria modificado “para essa nova fase”. Até aqui, porém, não vimos nem mesmo Sandra em reportagens, outra promessa feita em nota.
Na ânsia de oxigenar a grade vespertina, e abrir vantagem sobre a Record na audiência, a Globo relegou uma de suas mais competentes profissionais a um espaço ínfimo. Sandra Annenberg é apta para voos como o de Fátima Bernardes, que deixou o Jornal Nacional para implantar o Encontro.
Mudanças são sempre necessárias. A Globo fez bem em entregar o JH para Maju. Poderia, talvez, ter mantido Sandra na faixa, com Maju ou em um novo programa – um Estúdio I da Globo News, adaptado para a TV aberta, talvez fosse mais atrativo do que o desconjuntado Se Joga.
Se a Globo tem a habilidosa Sandra Annenberg, o SBT conta com a multifacetada Chris Flores. Contratada para o reality Fábrica de Casamentos, Chris acabou encaixada no Fofocalizando – outro “Frankenstein” das tardes televisivas.
Tão sensata quanto articulada, Chris conferiu novos ares ao vespertino, sempre castigado pelos destemperos de Léo Dias, os revanchismos de Leão Lobo, o excesso de decibéis de Lívia Andrade e os equívocos da ex-apresentadora Mara Maravilha. Certamente, o nome ideal para este ou outro formato do SBT, especialmente nesta faixa.
Chris Flores também se destacou na última edição do Teleton, enquanto veteranos como Eliana e Ratinho pareciam deslocados – e as filhas de Silvio Santos, contrariando o DNA, reagiram atordoadas à ausência do pai.
Ligo
Com atraso, ressalto as qualidades de Segunda Chamada, a série do ano – como todo respeito à minha amada Sob Pressão e às deliciosas Cine Holliúdy e Filhos da Pátria.
A trama escrita por Carla Faour e Júlia Spadaccini (com parceria de Jô Bilac na criação) e dirigida por Joana Jabace, é vital para um país tomado por discussões limitadas por pré-conceitos, crenças e, lamentavelmente, ignorância.
É justamente a ignorância que Segunda Chamada combate; das que não aceitam a mulher trans no banheiro feminino aos homens que entendem a amamentação como ato libidinoso. A série, contudo, não julga ninguém.
O programa obrigatório de toda terça-feira busca a compressão. A católica fervorosa, alívio cômico ou auxílio vilanesco, em outras obras televisivas, é tratada com o máximo respeito – e cresce com o talento de Teca Pereira.
Todo o elenco, aliás, é digno de nota. Da intérprete de Jurema à protagonista Débora Bloch (Lúcia); de Paulo Gorgulho (Jaci), de volta à Globo após 14 anos de Record, a Thalita Carauta e o equilíbrio preciso entre drama e comédia.
Desligo
Bom Sucesso e o vilão Diogo, independente da qualidade da trama, de Rosane Svartman e Paulo Halm, e do ator Armando Babaioff.
Diogo é deliciosamente cretino. E irresistível. Mas é incômodo vê-lo gracejando aqui e acolá após ter assassinado Felipe (Arthur Sales) – equivocadamente, numa armação para livrar-se de William (Diego Montez).
Como bem ressaltou o telespectador @JotaSbrl, via Twitter, é estranho ver um “personagem conduzido com essa leveza depois de ter matado uma pessoa de forma calculada”. O mesmo vale para a cúmplice Gisele (Sheron Menezzes).
Evidente que o cinismo é um traço de personalidade de Diogo. Mas soa estranho para o público, com este dado sobre o perfil criminoso do advogado em mãos, vê-lo transitar lépido e tranquilo pela Editora Prado Monteiro.
O personagem já é o grande destaque da carreira de Babaioff, merecidamente finalista na categoria “Ator Coadjuvante” no Melhores do Ano, premiação do Domingão do Faustão. Mas talvez seja a hora de carregar as tintas da psicopatia…
Fecha a conta
Ainda sem entender o que levou a Globo – certamente por meio do diretor de dramaturgia Silvio de Abreu – a cancelar a supersérie O Selvagem da Ópera, às vésperas do início das gravações.
Contenção de despesas? Talvez. Mudança de rota? Provável. Em nota, a emissora garantiu que abriu mão do gênero para investir em produções de 50 capítulos para o Globoplay – começando por Verdades Secretas 2, do mesmo Walcyr Carrasco que está no ar com A Dona do Pedaço.
Alegar, porém, que neste momento a direção entendeu que O Selvagem da Ópera deve funcionar melhor como novela das 18h do que supersérie é uma ofensa à inteligência do público e até mesmo dos envolvidos no projeto e em sua suspensão.
A primeira notícia sobre O Selvagem da Ópera data de março de 2018. A Globo iniciou a produção para, depois de um ano e meio praticamente, concluir que o texto se encaixa melhor em outra faixa? Podemos concluir que estão falhando, miseravelmente, em análises de sinopses e afins…
Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.