Em sua reexibição no horário nobre da Record, Apocalipse ganhou praticamente uma nova versão daquela que foi ao ar em 2017, em uma tentativa da emissora de dialogar com o momento atual e provocar reflexões sobre a fé. As cenas do tsunami, por exemplo, ficaram de fora da edição para priorizar o surgimento do anticristo.
VEJA ESSA
Na história escrita por Vivian de Oliveira, o responsável por trazer à Terra o falso profeta do Apocalipse é a fictícia Igreja da Sagrada Luz, que “veio de Roma e há 1700 anos e espalha trevas pelo mundo”. Os cenários, os figurinos e a reapresentação de hierarquia dentro da religião não deixam dúvidas quanto às referências à Igreja Católica.
Em cenas exibidas na íntegra, um diálogo entre o “padre” Stefano Nicolazi (Flávio Galvão) com o sacerdote máximo, o “papa”, deixa claro para o público que a intenção do templo religioso é fazer aliança com a poderosa família Montana para manter o poder econômico e a soberania da Sagrada Luz.
“Perdemos milhões de fiéis nas últimas décadas”, lamenta o personagem apresentado como pai sagrado. Stefano, então, lembra que a Igreja ainda é dominante no mundo. “E devemos continuar a ser, custe o que custar”, responde o líder maior.
Em 2017, a emissora do bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, recebeu muitas críticas de telespectadores por comparar o satanismo à uma religião idêntica à da Igreja Católica, que representa a fé de 64,8% da população ou de 123 milhões de brasileiros, segundo o último censo do IBGE, mas a trama, em sua nova oportunidade de conquistar o público em 2020, mantém todas as cenas na íntegra.
Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].