Como uma síndica descrita como “conservadora, mandona e louca” encararia a epidemia de uma doença que assola o condomínio em que administra? Em 2008, um episódio da segunda temporada do Toma Lá, Dá Cá, chamado Uma Epidemia Politicamente Correta, repercutiu os casos de dengue que tomavam conta do país e acabou antecipando acontecimentos políticos que só aconteceriam 12 anos depois, com outra epidemia, desta vez muito mais grave, a do coronavírus.
VEJA ESSA
No humorístico escrito por Miguel Falabella, Dona Álvara, personagem de Stella Miranda, subestimou a doença que afetou mais de 500 moradores do Jambalaya por medo de ter o seu mandato afetado. Cobrada por divulgar os número reais de infectados e adotar meditas eficazes, a autoridade máxima da comunidade ignorou a gravidade da situação e chamou Adônis (Daniel Torres) de comunista.
Vai ferrar minha candidatura assim?
Em determinado momento do episódio, Arnaldo (Diogo Vilela) cogita denunciar a síndica por omissão e diz que, desta forma, “ela vai cair”, já que escondeu de todos as centenas de casos de dengue no condomínio. Isadora (Fernanda Souza), então, ameaça o padrasto e diz que, por estar entrando na vida política, fez um acordo para proteger Álvara em troca de apoio nas Eleições.
“Tá a fim de me derrubar? Qual é a tua? Vai ferrar minha candidatura assim. Seguinte: fiz um pacto com Dona Álvara. Vou mantê-la no poder aqui no Jambalaya e isso, é claro, vai me gerar muitos votos. E de modo que se alguém estiver pensando em divulgar ‘boatos’ da nossa querida síndica, vai acabar esbarrando com a minha galera [da comunidade] do Porco Fumado”, anunciA a “mau caráter”.
Não há epidemia alguma, comunista!
Ao ver dezenas de pessoas esperando atendimento médico no prédio, Adônis pressiona por melhorias na saúde do local e diz a Dona Álvara que os moradores precisam ter conhecimento sobre os números da doença. “A senhora tem que esclarecer aos condôminos que estamos vivendo uma epidemia”, diz o rapaz.
“Não há epidemia alguma, comunista!”, esbraveja a síndica, para a perplexidade de Mário Jorge (Miguel Falabella) e Celinha (Adriana Esteves). “Fiquem vocês sabendo que a minha administração é enérgica no combate à dengue”, continua Álvara, sem convencer os moradores de sua real dedicação para resolver a situação.
Vamos cantar
Ao ver o clima de desolação que tomou conta do Jambalaya, dona Álvara prefere adotar uma postura otimista como tentativa de espantar o Aedes aegypti e convencer os moradores de que o problema está indo embora. “Vamos cantar. Vamos alegrar o espírito e mandar o mosquito da dengue para o mar”, pede a esposa do Seu Ladir (Ítalo Rossi).
Síndica por período vitalício
No decorrer do episódio, Isadora dá mais detalhes sobre o pacto que firmou com Álvara e anuncia para a família que, em troca de 4 mil votos, trabalhará para manter a administradora no cargo “por um período vitalício”. A síndica comemora a parceria e diz que encontrou na filha de Mário Jorge uma “aliada fervorosa”.
O episódio termina com a piora nos casos de dengue no condomínio e com imagens reais do caos no Rio de Janeiro, contrastando com fotos esperançosas feitas por moradores em pontos turísticos da cidade. O último frame do episódio é uma imagem da bandeira nacional.
Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].