O papel em “Assédio”, série de Maria Camargo e Amora Mautner que irá ao ar no Globo Play, fez a atriz Adriana Esteves revisitar antigos traumas de juventude e até da infância.
“Quando era criança, morava no subúrbio do Rio de Janeiro e brincava na rua. Alguns homens paravam o carro e ficavam chamando as meninas. Eu sabia que aquilo estava errado e saía correndo. Mas não tinha coragem de contar em casa e meus pais não sacavam que era perigoso, a situação se repetia. Não era fácil. Passei anos tendo o pesadelo de correr de um carro, enquanto minha perna ia ficando fraca e não conseguia entrar em casa“, relata, em bate-papo com a revista “Marie Claire”.
“Já mais velha, eu pegava três ônibus para chegar à Zona Sul, onde estudava. Dependendo do bairro, colocava um camisetão, amarrava o casaco na cintura. Andava na rua escondendo minha feminilidade. Como era cansativo! Hoje, eu gritaria, contaria para todo mundo e denunciaria“, garante.
A personagem de Adriana em “Assédio” é uma paciente que sofre abusos sexuais do próprio ginecologista, Roger Sadala (Antonio Calloni) – recriação do médico da vida real Roger Abdelmassih, preso e condenado por estuprar dezenas de pacientes.
“Ela é uma professora muito bem casada, e com os abusos terríveis que sofre de um médico, desenvolve um problema psicológico grave e o casamento acaba. Ela para de dar aula e vai para uma clínica psiquiátrica. As vítimas desse médico se unem para denunciá-lo e colocá-lo na cadeia. A série se passa na minha geração (anos 1990), época que eu poderia ter feito uma inseminação e poderia ter caído na mão de um monstro deste. Muitas conhecidas fizeram e, se elas sofreram algum abuso, talvez nunca tenham contado para ninguém. Existe a vergonha de dizer para o marido, para o pai, para a melhor amiga. Agora, estamos conseguindo falar o que tem que ser falado“, comemora a atriz.
Cultura do abuso
Adriana também fez questão de relatar alguns episódios de abusos de que foi vítima enquanto trabalhava como modelo, antes de estrear como atriz na novela global “Renascer” (1993).
“Havia fotógrafos abusadores que, enquanto estavam no domínio, luzes ligadas, te fotografando de biquíni, de lingerie, seguravam e tocavam em lugares do seu corpo que não eram para ser tocados. Um constrangimento horrível. E faziam isso de forma recorrente, com todas as modelos. Eu inventava que estava me sentindo mal, que precisava pegar meu roupão. Isso tem que acabar!“, defende a intérprete de Laureta na novela global “Segundo Sol”.
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