Alinne Prado abre o jogo sobre discurso antirracista que fez no TV Fama

Alinne Prado

Alinne Prado ainda falou sobre o resgate da sua ancestralidade (Imagem: Reprodução / Instagram)

Após chamar a atenção com o discurso que fez durante o TV Fama, na terça-feira (29), Alinne Prado falou sobre o assunto em entrevista à revista Caras.

Para quem não sabe, o desabafo foi feito após a fala de cunho racista de Adriana Sant’Anna. A ex-BBB, que está morando nos Estados Unidos, falou sobre a dificuldade de conseguir uma empregada doméstica que cobre barato no país.

Com base em muito estudo, Aline pontuou sobre seu discurso: “Eu pensei em não falar, mas, para mim, foi muito mais forte ali falar. Apesar do nome do programa ser TV Fama, eu não voltei à TV e não estou naquela função em busca de fama e número. Enriquecer faz parte, eu quero. Mas, para mim, eu tenho um papel social que é muito fundamental, é de onde eu vim e para onde eu vou”.

“Eu já fui muito e até hoje sou vítima de preconceito em vários lugares, na Rede TV não é diferente, porque todas as emissoras de rede de televisão tem essas questões. É só olhar os meus pares. Quem são os meus pares? Quantos negros estão na emissora além de mim?”, questionou a jornalista, pontuando a ausência de pessoas negras contratadas.

“Era assim na Fátima Bernardes, da TV Globo, no Vídeo Show. Todos os lugares que eu passei são assim”, lamentou ela.

De acordo com Alinne Prado, o processo de reconhecer o racismo foi difícil, principalmente após sua demissão do Vídeo Show. “Foi uma movimentação racial e foi muito violento a pra mim, na minha alma. Me feriu a tal ponto que eu entrei numa depressão muito profunda“, contou ela.

“E, quanto mais eu estudava sobre questões raciais, mais eu me deprimia, porque eu entendia o que havia acontecido comigo durante toda a minha existência até aqui. E não só a minha existência, a de todos os meus antepassados, dos meus pais, dos meus avós”, completou.

“Eu venho de uma família de favelados, eu sou uma favelada. E quanto mais eu ascendi socialmente, mais eu estava nesse lugar de solidão e de sofrimento. Eu fui muito no fundo do poço. A vida cavou mais um pouco e eu fui um pouco mais fundo. Só que, nesse fundo do poço, eu encontrei uma força que ninguém me tira mais. É a força da ancestralidade. Eu não tô sozinha”, garantiu ela.

“É a lógica do Ubuntu, ‘eu sou porque somos’. Então, eu entendo que, cada vez que eu subo naquele palco do TV Fama, eu sei que eu não estou sozinha. Nada é para mim, não é para acariciar meu ego, é a caminhada por uma força muito maior. Eu me despi do medo”, refletiu a apresentadora.

“Quanto mais eu avanço, ao invés de achar que eu tenho privilégios, eu entendo o quão devedora eu sou pelo mundo estar me dando tudo isso. Eu tenho uma dívida universal. Eu preciso retribuir, o universo me dá abundância, eu devolvo abundância. Se me dá esse lugar de visibilidade e de fala, eu preciso, então, devolver. A minha mãe me ensinou uma coisa maravilhosa: ‘quem não vive para servir, não serve para viver’. É o que eu coloco em prática”, concluiu Prado.

Da Redação
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