Aos 90 anos, Fernanda Montenegro fala da sorte de não estar “gagá”

Fernanda Montenegro

Fernanda Montenegro fala sobre a carreira e os 90 anos no Conversa com Bial (Imagem: Fábio Rocha / Globo)

Fernanda Montenegro celebrou os seus 90 anos em grande estilo. A atriz, prestes a lançar um livro de memórias chamado Prólogo, Ato, Epílogo, disse no Conversa com Bial que sua motivação pelo novo trabalho veio pelos netos.

A artista lembrou o ator Paulo Autran (1922 – 2007), a parceria na vida pessoal e artística com o marido, Fernando Torres (1952-2008), e resumiu o seu nonagenário com bom humor. Sobre o livro, a global mencionou a família e os país, imigrantes: “Meus pais tinham vinte e poucos anos de Brasil quando nasci, mas ninguém era mais brasileiro que minha mãe e meu pai”.

Na carreira, Fernanda lembrou dos amigos mais próximos, como o próprio Autran, Dercy Gonçalves (1907 – 2008), Nelson Rodrigues (1912 – 1980) e Millôr Fernandes (1923 – 2012), e do trabalho que todos fizeram durante a censura no país após ao golpe de 1964. “Mesmo se estuporando numa censura horrenda, a gente se expressava”, enfatizou.

Paulo, um dos seus parceiros de cena, foi lembrado com carinho. “Com ele morreu uma geração, sim. Um tipo de atores que carregou o teatro desde João Caetano”, afirmou. “Acho que a morte do Paulo foi um sinal de fim de era”, completou ela.

Em breve, Marta Góes lançará uma biografia de Fernanda Montenegro. Na conversa com a famosa e Pedro Bial, a jornalista contou um detalhe das suas visitas a casa da veterana. “Todo dia que eu chegava na casa dela, a mesa estava recheada de fotografias da vida toda que ela revirava e aquilo já ia provocando as lembranças”, revelou. “Eu herdei essa sorte de não estar gagá”, resumiu a atriz.

Ao marido, Fernanda Montenegro não poupou elogios: “O Fernando é o responsável pela minha aceitação, na felicidade, diante da minha vocação de atriz. Nunca tive dele nenhum impedimento, nada. Se tinha ciúme, eu não percebia. Se tinha inveja, eu não percebia. Era um companheiro vocacionado, dessa maneira, até mais do que eu”.

Se a relação dos dois artisticamente atrapalhava o casamento, Montenegro esclareceu: “Tudo é uma arte. A vida é um projeto em comum. Pode ser num palco mas pode ser em outras áreas do ser humano. Se você não tem essa parceria além do dito amor, o amor não vai existir”.

O programa recordou o filme Central do Brasil, de 1998, indicado ao Oscar. A global ressaltou a importância da educação no país: “Tenho pacotes e pacotes de alunos e professoras do Brasil inteiro, abaixo-assinado de agradecimento, pela história de uma professora que pela humanidade da sobrevivência encontra um menino, ambos se salvam, compreende? Isso é interessante porque é como um processo também desse distúrbio que é a educação no Brasil”.

Paulo Carvalho
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Paulo Carvalho

Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].