A atriz Renata Peron está no ar em Rotas de Ódio, série disponível no Globoplay, e falou sobre o que já sofreu na vida e carrega marcas na pele pelo simples fato de ser uma mulher transexual.
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Segundo ela, ao caminhar pela Praça da Sé, no centro de São Paulo, em 2004, aos 27 anos, um grupo de skinheads a espancou brutalmente, fazendo com que ela perdesse um dos seus rins.
“É um trauma muito grande ser agredida por ser quem você é. Eu demorei anos para conseguir superar esse trauma, mas hoje, aos 43 anos, posso dizer que consegui”, declarou à coluna de Patricia Kogut.
“Acabei entendendo que o problema não sou eu, mas a sociedade ruim e emburrecida em que vivemos. Fisicamente, ainda carrego algumas marcas”, relatou a profissional.
“Preciso beber três litros de água por dia para que o meu único rim continue funcionando bem. Também não uso mais biquíni e nada que mostre a minha barriga. Tenho vergonha da grande cicatriz que ficou”, disse ela.
Sobre a série, comemorou: “É um trabalho maravilhoso. Não tive qualquer problema em abordar um assunto que marcou tanto a minha vida. Já passei por tanta coisa nessa vida que acabei criando uma couraça, sabe?”.
“A minha caixa de mensagem nas redes sociais e o meu e-mail estão uma loucura. Parece até que a série foi o primeiro trabalho da minha vida como atriz”, disse ainda, revelando sua atual situação:
“Por incrível que pareça, muitas pessoas sabem que eu vivo das artes, mas acham que eu sou apenas do gueto e, por isso, não tenho valor. Foi preciso aparecer numa série de TV com destaque para que reconhecessem esse valor. Costumo dizer que eu sou uma “artivista”. São anos e anos de luta pelos direitos não só das pessoas trans, mas de outros grupos oprimidos, como a população preta e os nordestinos em São Paulo”.
“Eu sou paraibana e vim para São Paulo no início dos anos 2000 para tentar realizar o sonho de ser artista. Mas, chegando aqui, descobri que não seria tão simples assim”, explicou.
“Sofri preconceito de todos os tipos. Por ser nordestina e muito afeminada e não me enquadrar num padrão. Nós precisamos provar a nossa capacidade o tempo todo, a vida inteira. É algo por que as pessoas cis não passam, por exemplo”, completou.
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