Quem assiste o BBB 2022, certamente já notou o favoritismo de Arthur Aguiar e do grupo de jogo — não admitido por ele — que o cerca no reality show. Embora sua base de fãs componha a maioria do público deste ano, é certeiro dizer que essa vitória não será unânime e terá um gosto azedo.
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Não que isso seja um defeito, inclusive muito pelo contrário, mas não é difícil perceber que o ator veio completamente ensaiado e teorizado para o confinamento. Sua oratória é perfeita e facilita que ele possa ser tirado como vítima das situações — mesmo que ele não seja em todas — e que saia como o eterno incompreendido e perseguido.
Outro ponto do jogo de Arthur, que acaba engolindo os rivais e deixando o jogo previsível, é seu jogo de palavras. O famoso questiona os confinados quando confrontado e faz com que os outros se percam dentro da própria argumentação.
Um dos pontos mais críticos é a insistência na narrativa de um jogo sozinho, sendo que ele próprio se trai ao chamar Pedro Scooby, Douglas Silva e Paulo André como aliados; ou ficar chateado pela indicação passada de Tiago Abravanel.
Se a definição de grupo fosse resumida apenas à combinação de votos, quase ninguém estaria num grupo, como a antiga “traição” de Eliezer e Vyni no Lollipop; ou o fato de Jessilane, Linn da Quebrada e Natália nunca acertarem no mesmo alvo.
E aonde entra a opressão do BBB 2022?
É compreensível a paixão visceral por seu participante favorito, mas esse fervor não pode ser usado contra aqueles que a gente quer tirar. Sem citar nomes, é fato que uma parcela da torcida masculina não tem usado do fair play contra os rivais. Por estarem em grande número, cerceiam o direito de discordar.
Citando o próprio Arthur Aguiar, as contestações dele são super aplaudidas e bem vistas. Quando alguém retruca, tem dois destinos com o público: ou a pessoa não tem esse direito, ou não deveria “para não dar enredo”. Daí se cria um intocável, alguém que deveriam ter medo. Isso não é saudável!
Também se criou um dilema infinito sobre a interpretação do que é dito e a capacidade de entendimento. Ninguém repara que nada que é dito é absoluto. não é porque você disse, que aquilo chegou exatamente do jeito que você pensou.
Da mesma forma, não é porque você entendeu algo de um jeito, que foi exatamente aquela a intenção. Conversa é bilateral, onde as pessoas têm a obrigação de entender e de se fazer entendidas. Quando há qualquer ruído, os dois precisam de chances iguais para fazer esse acerto. Quando um lado é oprimido e esse privilégio se perde, surge a opressão. E tá tudo bem errar!
Ofensas, narração tendenciosa e objetivos desencontrados
Outra particularidade dos fãs do BBB 2022 é o fato de levarem tudo para o pessoal. Uma opinião contrária vira motivo de ofensa gratuita, com desmerecimentos de características que nada agregam ao reality como talento e sucesso, por exemplo.
Na casa, uma fala de Paulo numa discussão com Lucas sobre a importância do dinheiro chamou a atenção. O atleta citou que os R$ 20 mil, ganhos na penúltima Prova do Líder, se tiram num post publicitário nas redes sociais, aqui fora; o que sinaliza que ele e muitos podem não estar ali para jogar e se jogar, mas pela fama e visibilidade do produto de destaque da Globo.
E por falar em redes sociais, algo muito danoso são os polêmicos perfis de fofoca no Instagram. Ele fazem seu papel de mídia alternativa, com conteúdos não oficiais capturados pelo pay-per-view; mas muitas vezes pecam com narração tendenciosa, com destaque criado para favorecer um único brother.
Oficialmente redator desde 2017. Experiências como editor e social media. Já escrevi sobre famosos, TV, novelas, música, reality show, política e pauta LGBTQIA+. Vídeos complementares no YouTube, no canal Benzatheus.