Companheiro de rádio, Eduardo Barão se emociona ao falar de Boechat

Boechat

Ricardo Boechat foi homenageado por Eduardo Barão (Imagem: Reprodução / Band)

Há 13 anos ao lado de Ricardo Boechat no rádio, Eduardo Barão se emocionou ao falar sobre o jornalista, que faleceu na última segunda-feira (11), após um acidente de helicóptero, em São Paulo.

“Ontem à noite eu não conseguia dormir de jeito nenhum, não almocei, não jantei…Eu precisava me comunicar com o Boechat de alguma forma … Eu via mais o Boechat do que minha mãe, meu irmão, do que meu pai. Via mais que meus filhos, talvez, e ele também. A gente estava aqui num convívio diário”, declarou.

Eduardo ainda brincou que, assim como dizia Boechat, vai “tocar o barco” e que jamais vai se equiparar a ele.

Confira o texto na íntegra:

“Porra, Careca! Por que você não foi de carro? Me perguntou se Campinas era longe. Eu falei só uma hora, rapidinho… Sei que queria voltar mais cedo pra curtir as meninas Catarina e a Valentina ou ficar com sua doce Veruska. Mas era pra voltar.

Porra, Careca! Por que você foi agora? Depois de se reinventar no rádio e se tornar o maior comunicador do País. Todo mundo acordava 7:30 pra te ouvir falar. Nem que fosse pra não concordar. Mas era por meio da sua voz que o povão, pobre ou rico, se sentia representado e com forças pra aguentar mais um dia.

Porra, Careca! Quem vai fazer a gente rir agora? Seja com suas histórias pessoais, com seus casos e causos, ou com uma sincronia única com o José Simão. Quem é que vai desrespeitar os horários da programação da rádio? Ou passar por cima de normas, apenas porque elas existem para serem quebradas como você dizia.

Porra, Careca! Quem é agora que vai usar as palavras corretas, da forma perfeita? Todas concentradas como se um tufão fosse para cima de um político corrupto.

Porra, Careca! Quem vai brigar pelo povo? Com unhas, dentes, e todos os direitos e defeitos que sua fúria impunha contra a injustiça. Sem medo de processo ou ameaça. Afinal, a verdade estava ao seu lado e de ouvinte.

Porra, Careca! Quanta falta e quantas saudades você deixou. Mas saiba que não foi à toa o que fez. Sua memória será lembrada como a de um amigo, íntegro e incansável em busca de notícia.

E aqui embaixo, em cima, de um lado ou consigo te ouvir falar: não fode, Barão! E toca esse barco aí…”.

Eduardo Barão foi um dos primeiros nomes que chegou no MIS (Museu da Imagem e do Som), para acompanhar o velório do jornalista.

Colega de Boechat no rádio, José Simão lamenta morte de jornalista

Bem-sucedido à frente do “Jornal da Band”, onde estava desde 2006, Ricardo Boechat também foi figura marcante na rádio BandNews FM, na qual conduzia uma atração diária, pela manhã. Dentre os companheiros de sua jornada radiofônica, o colunista José Simão, que falou sobre a morte do jornalista – vítima da queda de um helicóptero nesta segunda-feira (11).

O que mais me dói é não poder falar com ele todas as manhãs. Isso que está me deixando mais devastado”, lamentou. “Eu sou tagarela, e ele também. Ele era uma matraca. A gente sempre se entendeu. Nunca houve uma rusga. Nossa química foi instantânea. Foi ‘pah’, desde o primeiro dia”, prosseguiu Zé Simão.

Ele era um vulcão quando entra em erupção. Eu estou tentando digerir isso. Nossa dupla jamais será retomada. A gente perde um dos maiores jornalistas. Inacreditável isso”, concluiu. As interações entre Ricardo Boechat e José Simão ganharam não só o público da rádio, como também das redes sociais, devido ao bom humor com o qual ambos tratavam assuntos espinhosos.

Paulo Carvalho
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Paulo Carvalho

Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].