Quando “Vale Tudo” pintar no Viva, no próximo dia 18, o público irá se deparar com grandes nomes das artes que, infelizmente, já nos deixaram. Resgatamos hoje estes talentos e suas trajetórias; confira.
Beatriz Segall será para sempre associada à megera Odete de Almeida Roitman, uma das principais personagens de “Vale Tudo”. A atriz nos deixou em 5 de setembro de 2018, aos 92 anos, vítima de problemas respiratórios. Famosos nos palcos – tendo, inclusive, atuado em peças de cunho político nos tempos difíceis da ditadura militar –, Beatriz se rendeu à TV em 1978, quando, após breves participações em tramas da Tupi e da Record, aceitou convite para “Dancin’ Days”, de Gilberto Braga. O autor também a presenteou com a odiosa Lourdes Mesquita, de “Água Viva” (1980). Após “Vale Tudo”, a atriz buscou dissociar sua imagem de Odete, interpretando tipos díspares como a impetuosa Miss Brown, de “Barriga de Aluguel” (1990); a empoderada Stella, de “De Corpo e Alma” (1992); a meiga Paula, de “Sonho Meu” (1993); e a decadente Clô Jordão, de “Anjo Mau” (1997). A série “Os Experientes” (2015) foi seu último trabalho na TV.
Adriano Reys, intérprete de Renato Filipelli, partiu em 20 de novembro de 2011, aos 78 anos, vítima de câncer no fígado e no peritônio. Reys estreou no cinema em 1953. Quase duas décadas depois, chegou à TV. Acumulou participações em folhetins marcantes da Tupi, como “Os Inocentes” (1974), “Ídolo de Pano” (1974), “A Viagem” (1975) e “Como Salvar Meu Casamento” (1979). Em 1981, estreou na Globo, como Natércio Prado, vilão de “Ciranda de Pedra”. Em “Vale Tudo”, reeditou a bem-sucedida parceria com Reginaldo Faria (Marco Aurélio), de “Tititi” (1985), onde viveram Adriano e André / Jacques Leclair, respectivamente. Esteve ainda em “Barriga de Aluguel” (1990) e “Mulheres de Areia” (1993). Sua última novela foi “Promessas de Amor” (2009), na Record.
Cláudio Corrêa e Castro, o Bartolomeu, faleceu em 16 de agosto de 2005, de falência múltipla dos órgãos, causada por complicações de uma cirurgia de ponte de safena. O ator, que sofria de hipertensão e diabetes, foi um dos recordistas de participação em novelas no Brasil. Os trabalhos mais conhecidos se deram na Tupi – “Mulheres de Areia” (1973) e “Meu Rico Português” (1975) – e na Globo, onde estreou em 1978, num outro sucesso de Gilberto Braga: “Dancin’ Days”. O autor também o convocou para “Anos Dourados” (1986), O Dono do Mundo” (1991) e “Força de um Desejo” (1999). Cláudio também atuou em “A Gata Comeu” (1985), “Tieta” (1989), “História de Amor” (1995) e “Anjo Mau” (1997). “Chocolate com Pimenta” (2003), onde viveu o hilário Conde Klaus, foi sua última novela do início ao fim.
Fernando Almeida, que viveu Gildo – menor em situação de rua –, foi brutalmente assassinado após um desentendimento na saída de um baile funk, em 4 de abril de 2004, aos 29 anos. Fernando estourou em todo o país vinte anos antes, na novela “Livre Para Voar”, onde formou parceria com Tony Ramos (Gibi e Pardal). Esteve ainda em “O Outro” (1987), “Lua Cheia de Amor” (1990), “Pedra Sobre Pedra” (1992), “Sex Appeal” (1993) e “Olho no Olho” (1993). “A Padroeira” (2001), de Walcyr Carrasco, foi sua última novela. O ator foi casado com Antônia Fontenelle, com quem teve um filho, Samuel.
Sebastião Vasconcelos, como Salvador, participou apenas do primeiro capítulo. É dele a casa herdada por Maria de Fátima (Gloria Pires), que vende a propriedade para fazer a vida no Rio de Janeiro, deixando a mãe, Raquel (Regina Duarte), na rua. Sebastião faleceu em julho de 2013, aos 86 anos, vítima de parada cardiorrespiratória. O ator lutou, por anos, contra o Mal de Parkinson e a depressão. Dentre seus trabalhos marcantes estão Zé Esteves, de “Tieta” (1989); João do Piano, de “Felicidade” (1991); Floriano, de “Mulheres de Areia” (1993); e Tio Abdul, de “O Clone” (2001). Vasconcelos está em cartaz no Viva, com Seu Tico, de “Bebê a Bordo” (1988).
Zeni Pereira, a Maria José, nos deixou em março de 2002, aos 77 anos em decorrência de um AVC. Na ocasião, a atriz já estava afastada da televisão há tempos: “Pátria Minha” (1994), também de Gilberto Braga, foi seu último trabalho. O autor a presenteou com bons personagens em “Escrava Isaura” (1976), “Dona Xepa” (1977), “Corpo a Corpo” (1984) e “Anos Rebeldes” (1992). Zeni também acumulou trabalhos no cinema, como “Orfeu Negro” (1959) e “Gabriela, cravo e canela” (1983).
Lourdes Mayer, responsável pela divertida Dona Pequenina, morreu de enfisema aos 76 anos, em 25 de julho de 1998. Lourdes nasceu em uma família de artistas – a irmã, Zilka Salaberry, também esteve em “Vale Tudo”. Com Gilberto Braga, Lourdes também fez “Dancin’ Days”, “Louco Amor” (1983) e “Anos Rebeldes” (1992). A atriz se despediu da TV em 1996, na inesquecível “Xica da Silva”, da Manchete. O sobrenome Mayer veio do marido, Rodolfo, também ator; a união rendeu dois filhos.
Zilka Salaberry surgiu nos capítulos finais da trama como Rute, ex-empregada dos Roitman. A atriz partiu em março de 2005, aos 87 anos, vítima de insuficiência respiratória associada a disfunções cardíacas. Zilka, eternizada como a Dona Benta, do “Sítio do Picapau Amarelo”, também marcou presença em clássicos de Janete Clair (“Irmãos Coragem”, 1970), Dias Gomes (“O Bem-Amado”, 1973), Lauro César Muniz (“O Casarão”, 1976) e Cassiano Gabus Mendes (“Que Rei Sou Eu?”, 1989).
Leonor Bassères, autora de “Vale Tudo”, faleceu em janeiro de 2004, aos 78 anos, após uma longa batalha contra o câncer de pulmão. Jornalista, professora de línguas e crítica literária, Leonor conheceu Gilberto Braga quando assinou a versão romanceada do roteiro de “Água Viva” (1980), escrita por ele e por Manoel Carlos. Tornou-se colaboradora na novela seguinte de Giba, “Brilhante”. Foram anos de parceria e de trabalhos como “O Primo Basílio” (1988), “O Dono do Mundo” (1991) e “Labirinto” (1998). Com Euclydes Marinho e Marcílio Moraes, fez a conturbada “Mico Preto” (1990). Oito anos depois, colaborou com Ricardo Linhares em “Meu Bem Querer”. Quando faleceu, atuava, novamente com Gilberto Braga, em “Celebridade” (2003); coube ao amigo Linhares substituí-la.
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Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.