Encantadora, Além da Ilusão é novela ideal para público das 18h

Além da Ilusão
Larissa Manoela (Elisa) no primeiro capítulo de Além da Ilusão; novela promete corresponder expectativa do público das 18h (Imagem: Reprodução / Globo)

A grade estabelecida pela Globo na década de 1970, com três novelas e dois noticiários, depende (e muito) do folhetim das 18h. Cabe a esta atração embalar as seguintes. A tarefa não é nada fácil… Neste horário, crianças, adolescentes, jovens adultos, adultos e idosos passam pela TV – quase sempre entre outros afazeres. Evidente que este “fluxo” sofreu ligeiras alterações com o passar do tempo; há quem abdique da espiadela por ter a trama disponível no streaming, por exemplo. Mas, no geral – as análises de público da emissora para planos comerciais atestam –, a abrangência de todas estas faixas etárias se mantém. E Além da Ilusão, estreia desta segunda-feira (7), tem tudo para atingir todo e qualquer telespectador.

O enredo de Alessandra Poggi traz a magia que encanta os pequenos, afinados também com a protagonista Larissa Manoela, estrela de produções infanto-juvenis no cinema e no SBT. Há os clichês do gênero, tão familiares para adultos e idosos. E há, no contexto histórico, discussões ainda pertinentes – como o movimento feminista. Ainda, o charme das novelas de época, da ambientação, aqui em Poços de Caldas, Minas Gerais, ao figurino; Larissa, no baile de aniversário de sua personagem, Elisa, remetia às princesas dos estúdios Walt Disney.

O folhetim acompanha Elisa, sua paixão pelo ilusionista Davi (Rafael Vitti) e a aversão do pai dela, Matias (Antonio Calloni), ao romance. O imbróglio caminha para a tragédia, com – alerta spoiler! – o assassinato de Elisa e a prisão injusta de seu amado. Anos depois, Davi, foragido, cai de amores pela cunhada Isadora (Sofia Budke / Larissa Manoela), imagem e semelhança da irmã.

A autora optou por situar a trama nas décadas de 1930 e 1940. Como convém às obras das 18h, casos de Tempo de Amar (2017) e Orgulho e Paixão (2018), por exemplo, os temas de ontem ganham tintas atuais, mas sem o tom panfletário, como o de Nos Tempos do Imperador, finalizada sexta-feira (4). A dramaturgia serve à discussão e não o contrário.

Logo, Violeta (Malu Galli), mãe de Elisa e Isadora, sai em defesa dos direitos das mulheres. Mas, como produto de seu tempo, manda a sororidade às favas ao reclamar da irmã que lamenta por ter tido a filha arrancada dos braços. Para as empregadas Augusta (Olívia Araújo) e Manuela (Mariah da Penha), todas como “da família”, dispensa o tratamento escravagista dos antepassados.

Malu dividiu o título de destaque do primeiro capítulo com Paloma Duarte, Heloísa. As duas passaram por todos os sentimentos possíveis na cena em que Violeta confronta o tratamento dispensado pela irmã ao pai, Afonso (Lima Duarte), ignorando que, enquanto ela construiu sua família longe dali, Heloísa ficou presa ao engenho da família, padecendo após ter tido a filha recém-nascida arrancada dos braços.

Bom saber que Lima, sempre gigante, vai contracenar com a neta Paloma, tal qual Rafael e o pai João Vitti, em rápida participação no flashback que elucidou o passado de Davi.

Em suma, o primeiro capítulo de Além da Ilusão foi assertivo. Alessandra Poggi pavimentou bem as pontes com o público, seja pelo encantamento promovido pelas cenas de magia, ou da ambientação, seja pelo previsível, dos segredos que surgem e já são revelados, tornando o público cúmplice dos personagens. O lançamento indica que, diante da TV ou por meio de outras mídias, Além da Ilusão vai cumprir seu objetivo com louvor.

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Duh SeccoDuh Secco
Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.