Ex-Globo diz que Vale Tudo “virou um drama mexicano”; entenda
O remake de Vale Tudo, da Globo, segue dando o que falar. A trama, porém, também tem gerado polêmica, principalmente entre especialistas.
Mauro Alencar, ex-consultor da emissora e especialista em teledramaturgia pela USP, não poupou críticas ao novo formato.
Para ele, a história original, com seu contexto social e político dos anos 1980, não se encaixa mais no cenário atual, e a trama perdeu sua essência.
Alencar chegou a afirmar para a revista Veja que Vale Tudo “virou um drama mexicano”. Mas o que realmente aconteceu com a novela? Vamos entender as razões desse ponto de vista polêmico.
O remake de Vale Tudo: um grande desafio
Quando a Globo anunciou o remake de Vale Tudo, muitos se empolgaram com a possibilidade de recontar a história para uma nova geração.
A trama original, exibida em 1988, abordava questões sociais e políticas que estavam em voga na época, e a frase “Vale Tudo” se referia ao comportamento de pessoas dispostas a fazer qualquer coisa para alcançar o poder.
Naquela época, a sociedade estava imersa em um contexto de grandes transformações, e a novela soube captar as tensões dessa realidade.
No entanto, ao tentar trazer essa história para o século XXI, muitos acreditam que a trama perdeu sua conexão com o público atual.
Como aponta Mauro Alencar, “é como pegar um quebra-cabeça e as partes não se encaixam”. O contexto político e social mudou, e o remake acabou não conseguindo traduzir a mesma força de sua versão original.
Alencar compara o resultado a um “drama mexicano”, o que implica uma abordagem melodramática, algo que a novela de 1988 evitava. O que parecia ser uma reinterpretação da história, acabou parecendo mais uma adaptação sem a essência do enredo original.
A perda da essência
A principal crítica de Alencar e de outros especialistas no assunto está na forma como a novela foi atualizada. As mudanças nos personagens e no enredo não conseguiram capturar a crítica social e política que fez Vale Tudo um fenômeno na década de 1980.
Ao tentar modernizar a trama e encaixá-la nas discussões de hoje, a novela pareceu perder o impacto que gerou nos anos 80. Além disso, a crítica se estende à falta de diversidade na produção atual de novelas brasileiras.
Como afirma Mauro Alencar, o Brasil não possui mais uma “indústria de telenovela”, mas sim uma única emissora monopolizando as produções, o que limita a variedade de narrativas e estilos no gênero.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]
