O filme de Hebe Camargo (1929-2012) exibido nesta segunda-feira (16) na Tela Quente, da Globo, tem cenas irreais que na linguagem de hoje podem ser chamadas de fakes.
Marcelo Camargo, filho da apresentadora, declarou que a cena do microfone jogado ao chão era fake porque sua mãe não fez isso em lugar algum. Outra coisa falsa é mostrar Hebe tomando uísque. Camargo só tomava champanha, cerveja e vodka. Isso é contado por pessoas que conviveram com ela.
Outro erro foi dizer que ela foi perseguida pelo Regime Militar. Isso não aconteceu em tempo algum e eu vivi a época para dizer que garanto o que digo. Hebe tinha excelentes relações com os militares, não apenas ela, como seu marido também.
O que aconteceu de verdade foi no tempo da volta da democracia, quando ela foi perseguida e ameaçada por dois deputados de porte, que iniciaram um processo contra a loira porque Hebe desmascarou a Constituinte de 88, comandada por Ulisses Guimarães (1916-1992), o mesmo que mandou Adolpho Bloch (1908-1995) demitir Clodovil Hernandes (1937-2009) da TV Manchete por ter chamado a Constituinte de Prostituinte.
Depois os deputados perceberam o que estavam fazendo e retiraram o processo contra Hebe. A apresentadora sempre apoiou os militares e também apoiou Paulo Maluf, que foi muito ao programa da loira. Mas como o roteiro do filme foi feito por uma senhora petista, parece que ela permitiu que sua ideologia participasse do projeto.
Andréa Beltrão é uma boa atriz de comédia, mas não de drama. Talvez por isso tenha se equivocado ao interpretar Hebe e acabou encarnando uma Evita Perón. Lógico que por ser marido da atriz, o diretor Mauricio Farias pecou em não colocar Andréa na interpretação correta. Ela se autodirigiu.
O filho de Hebe em nenhum momento reconhece a mãe em declarações que ele mesmo deu, ao contrário do que foi apresentado no teatro quando a atriz era outra e verossímil. Não perguntem a mim por que a atriz do teatro não foi a do filme. Perguntem ao diretor, que é marido da Andréa Beltrão e a escolheu.
