Há 25 anos, Brasil chorava a tragédia dos Mamonas Assassinas; relembre algumas curiosidades

 Mamonas Assassinas

Há 25 anos, o Brasil chorava a tragédia dos Mamonas Assassinas; relembre algumas curiosidades sobre o grupo (Imagem: Reprodução)

No dia 2 de março de 1996, o Brasil era pego de surpresa com a notícia trágica da morte do grupo Mamonas Assassinas. A banda, que ganhou rápida ascensão e popularidade entre os brasileiros, sofreu um acidente aéreo quando retornava de um show e se preparava para pousar no aeroporto de Guarulhos (SP).

Na curta trajetória, o grupo musical logo chegou às lojas por seu jeito anárquico e pelas letras que brincavam com várias situações cotidianas daquele período social. A banda, considerada revolucionária pela coragem com que trouxe um novo jeito de se fazer música, durou apenas oito meses até que a queda do avião pôs fim à carreira dos cinco integrantes, Dinho, Bento, Samuel, Sérgio e Júlio, ao se chocar contra a Serra da Cantareira e matar todos os seus tripulantes de maneira trágica.

Separamos algumas curiosidades sobre os Mamonas Assassinas para relembrarmos o quanto o grupo marcou a geração dos anos 1990, que dançou e se divertiu ao som da banda.

Confira:

1 – A banda tinha cinco integrantes sendo que dois eram irmãos: Dinho (voz e violão), Bento (guitarra e violão), Samuel (baixo), Sérgio (bateria) e Júlio (teclados e backing vocal). Os músicos que formavam os Mamonas Assassinas (com idades entre 22 e 28 anos) deram nome ao grupo que nasceu bem antes desse sucesso. A união dos irmãos Sergio e Samuel, nos anos 1980, criou a banda Utopia. Dentre os nomes existentes para batizar o grupo, estavam: Tangas Vermelhas, Coraçõezinhos Apertados e Um Rapa da Zé.

Dinho (voz e violão), Bento (guitarra e violão), Samuel (baixo), Sérgio (bateria) e Júlio (teclados e backing vocal) (Imagem: Reprodução)

2 – Os shows da banda custavam até R$ 70 mil: Com a rápida ascensão ao sucesso, o grupo musical tocou em quase todo o Brasil fazendo cerca de três apresentações diárias. Tirando o Acre e Tocantins, o quinteto viajou por todo o país e já almejava tocar fora do Brasil. Com a agenda lotada, o ano seguinte (1997) levaria os cinco até Portugal, uma semana após o acidente.

3 – Um único álbum vendeu mais de 3 milhões de cópias: Lançado em CD, LP e K7 (fita), o único álbum musical dos Mamonas Assassinas, de 39 minutos, recebeu o certificado de Disco de Diamante da Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD). Fenômeno nos anos 1990, as músicas eram cantadas à exaustão em programas de TV nos domingos à tarde.

Único álbum vendeu mais de 3 milhões de cópias (Imagem: Reprodução)

4 – Músicas mais tocadas de 1995: As letras com palavras de duplo sentido e até palavrões, figuravam entre as canções mais tocadas nas rádios do Brasil no ano de 1995. “Vira Vira” foi a segunda música mais tocada no país naquele ano, enquanto “Pelados em Santos” cravou o terceiro lugar. A letra ainda ganhou sua versão em espanhol com o título “Desnudos em Cancún”. Os Mamonas Assassinas só não emplacaram em primeiro lugar por conta de “Take a Bow”, da Madonna, que era febre entre o público. Ainda falando sobre as músicas do grupo, a canção “Robocopgay” foi uma homenagem ao personagem Capitão Gay, interpretado por Jô Soares, que fez sucesso na TV nos anos 1980. Além, claro, de fazer menção aos filmes Robocop. Já a canção “Lá vem o Alemão” teve participação especial de membros do grupo Negritude Júnior e do Art Popular, que faziam sucesso na época.

5 – Um símbolo homenageando a Volkswagen: o grupo adotou a logomarca da montadora alemã de carros Volkswagen, mas de uma maneira pessoal. Os músicos inverteram a imagem dando origem às iniciais “M” e “A”, ao invés de “W” e “V”, criando o nome Mamonas Assassinas.

Marca dos Mamonas Assassinas era uma homenagem à Volkswagen (Imagem: Reprodução)

6 – Letra “proibidona” foi vetada de álbum: a música, uma das várias paródias de rock da banda, teve inspiração na música “Twist and Shout”, dos Beatles. A letra da canção “Não Peide Aqui, Baby” foi proibida por conta dos vários palavrões e não entrou no único álbum lançado pela banda brasileira.

7 – Um enterro que comoveu os brasileiros: o enterro dos cinco integrantes dos Mamonas Assassinas mexeu com o emocional dos fãs. O cortejo dos corpos foi uma das maiores carreatas do Brasil e estimativas deram conta de que 65 mil pessoas participaram do trajeto. Na época, as escolas dispensaram os alunos tamanho o luto dos brasileiros. O motivo do acidente foi por causa de uma manobra errada feita pelo piloto, Jorge Germano Martins. No entanto, muitos detalhes ainda estão guardados a sete chaves sobre o verdadeiro motivo da morte do grupo, incluindo as condições meteorológicas. A inexperiência do copiloto, Alberto Takeda, que não tinha horas suficientes de voo para aquele tipo e modelo de aeronave, foram apontados como um dos erros. Outro erro apontado foi a extensa jornada de trabalho que o piloto foi submetido, de acordo com a Aeronáutica. Conforme o relatório do órgão, o piloto fez um expediente de 16h30 de voo quando o máximo permitido são de 11 horas de voo. Martins pilotou a aeronave, em 1º de março, de Caxias do Sul (Rio Grande do Sul) com destino a Piracicaba (São Paulo). Já no dia 2 de março, fez o trajeto de Piracicaba-Guarulhos, Guarulhos-Brasília e Brasília-Guarulhos, quando o acidente aconteceu.

Jorge Luiz Germano e Alberto Takeda eram o piloto e copiloto, respectivamente, do voo trágico dos Mamonas Assassinas (Imagem Reprodução / Facebook)

8 – Músico sonhou com acidente um dia antes da tragédia: em 2 de março de 1996, o tecladista da banda, Júlio Rasec, disse a um amigo que havia sonhado com um acidente de avião naquela noite. O depoimento do tecladista foi gravado em vídeo e gerou uma enorme repercussão, principalmente depois da tragédia, um dia após a “premonição”.

9 – Troféu Imprensa póstumo: “Pelados em Santos”, música que estourou nas rádios do Brasil, ganhou o Troféu Imprensa na categoria de Melhor Música de 1995. A banda ainda levou o prêmio Revelação do Ano. As duas conquistas foram entregues aos parentes dos músicos, durante o evento televisivo que foi realizado depois do acidente que vitimou os artistas.

10 – Quem era Creuzebeck? A derivação da palavra vem do termo em inglês “playback”, que era uma brincadeira dos integrantes com o produtor musical Rick Bonadio, que produziu o álbum dos cantores.

11 – Apenas duas músicas viraram tema de novelas na TV: mesmo com as letras contendo duplos sentidos e palavrões, duas canções dos Mamonas Assassinas entraram para a lista de temas das telenovelas da Globo. A música “Sabão Crá Crá” virou tema do personagem Mocotó, interpretado por André Marques em Malhação, em 1996. Além disso, “Robocop Gay” entrou para a trilha sonora de “Caminhos do Coração”, da Record, em 2007.

12 – Tema de escola de Samba em Guarulhos: “De Guarulhos para o palco da folia, sonhos, irreverência e alegria. Mamonas para sempre!”, foi o enredo da escola de samba Inocentes de Belford Roxo, do Rio de Janeiro, em 2011. O desfile ficou em 8º lugar naquele ano, no Grupo de Acesso, mas emocionou muitos fãs com a nostalgia.

13 – Mamonas nos cinemas? A história do grupo já virou documentário, mas uma cinebiografia com o apresentador Rodrigo Faro interpretando Dinho chegou a ser anunciada no ano de 2013, porém, a produção foi cancelada.

14 – Um desabafo sobre luto: em 2016, Célia Alves, mãe de Dinho, falou ao portal G1 sobre o luto da morte do filho e contou que teve que aprender a conviver com “separar a tristeza da alegria”, mas que não questiona os motivos da tragédia. No dia do acidente, Célia e o marido foram buscar o vocalista no aeroporto. Ela lembrou que, por causa da demora, chegou a pensar que o piro podia ter acontecido. “Ficamos esperando, de olho naquela bendita porta que se abre, e achei estranho a demora. Pensei: ‘Poxa vida, esse avião vai descer com esse tempo?’ Falei: ‘Ah, vou tirar esse pensamento da cabeça. Isso não é bom’. Pedia a Deus que ele chegasse bem”, disse.

15 – Um seriado sobre os Mamonas: Uma minissérie da Record, escrita apor Carlos Lombardi, teve cinco episódios e contou os passos da banda até o dia do trágico acidente. No elenco, nomes como Ruy Brissac, como Dinho, e Yudi Tamashiro, como Bento. Os músicos ainda ganharam um musical que chegou  a São Paulo em março de 2016. O Musical Mamonas Assassinas relembrou do quinteto cujo sucesso meteórico completou 20 anos da tragédia, naquele ano,  decretando o fim dos sonhos dos meninos de Guarulhos. A história do grupo paulistano ainda virou um documentário intitulado “Mamonas pra Sempre”. Em 2009, a Globo exibiu um documentário especial chamado Por Toda Minha Vida – Mamonas Assassinas, que foi um foi um episódio do programa Por Toda Minha Vida, em 10 de julho de 2008.

Bônus: No ano de 1995, Gugu e Faustão travaram uma disputa pelo grupo Mamonas Assassinas em seus programas de TV. Globo e SBT promoveram uma overdose do grupo eu suas atrações dominicais, que entraram para a história da televisão brasileira como uma das apresentações icônicas. Confira as participações dos Mamonas Assassinas no Domingão do Faustão e no Domingo Legal.

Reuber Diirr
Escrito por

Reuber Diirr

Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!