Ludmilla abre o jogo sobre racismo, visibilidade lésbica e machismo no funk

Ludmilla e Brunna Gonçalves
Ludmilla e Brunna Gonçalves ostentam parceria nas redes sociais (Imagem: Reprodução / Instagram)

Ludmilla tem um grande espaço no meio artístico e somado a isso representa muitos movimentos: é mulher negra, vive um relacionamento lésbico e tem uma forte presença no funk, predominantemente masculino até certo ponto. Nas ocasiões que encontra, ela discursa sobre esses assuntos delicados.

A artista, por exemplo, assumiu o romance com Brunna Gonçalves em 2019 e depois se casou com a bailarina. Em entrevista à Vogue, a intérprete de Te Ensinei Certin confessou o receio da reação da família antes de assumir a sexualidade: “Eu era uma menina da Baixada e sentia muito medo da minha mãe. Na real, eu já achava que ela tinha descoberto. Foi sinistro. Mas o tempo cura os medos e prova pra gente que ser quem a gente é, sempre é melhor, não é?“.

Na entrevista, Ludmilla revelou como foi o primeiro beijo na namorada, em 2017, que por sinal pensa em ter um filho até 2021: “Foi na casa de uma amiga, eu tinha acabado de lançar o clipe de Cheguei. Fui lá, cheguei e dei um beijo nela [risos]. E quem disse te amo primeiro? Ela“.

Sobre o conhecimento público do namoro homossexual, a cantora se disse surpresa com a aprovação alheia: “Porque a crítica a uma mulher preta como eu sempre existiu. Também tinha essa crítica pelo meu jeito de me vestir, pelas minhas atitudes. Então, de alguma forma, eu esperava mais críticas e achei que meus fãs pudessem não entender. E foi uma surpresa foda! Com os meus fãs eu entendo todo dia o poder de ser transparente. Isso me faz crescer e experimentar a liberdade. E liberdade e respeito é algo que toda lésbica quer. Eu me orgulho de ser cada dia mais transparente comigo e com meu público“.

Justamente no Dia Internacional da Visibilidade Lésbica, no sábado (30), a namorada de Brunna trouxe o racismo à discussão: “Aceitar minha condição sexual e me reconhecer como mulher negra são duas coisas que me transformaram real. Eu sei que inspiro e espero poder fazer mais, porque isso é o que chamamos de representatividade. Eu sempre fui uma mulher negra. E existir e fazer sucesso como mulher negra já é um afronta nesse país“.

Como mulher lésbica eu sei que também posso inspirar as pessoas. Mas cara, mais que um ato político, falar sobre o meu casamento é falar sobre amor, entende? Pode parecer bobo, mas falar de amor nos dias de hoje também é sobre ter coragem. Pode acreditar“, prosseguiu Ludmilla, entendendo que a “publicidade” do seu casamento é benéfica para a causa, devido a voz que tem no Brasil.

A cantora analisou a cena predominantemente masculina do funk e mostrou-se entusiasmada pelo avanço das mulheres em tal vertente musical: “Muitas mulheres vem quebrando essa barreira e fico feliz de ver e participar disso. Fico feliz de notar meu sucesso sabendo de onde eu vim. O funk fala sempre sobre liberdade e, por mais machista que ele possa ter sido, ainda é sobre liberdade. É sobre isso que canto e vivo“.

Ludmilla encerrou o papo, definindo como enxerga a importância do funk em sua vida e arte: “Que bom que hoje eu posso me expressar no funk abertamente, porque tem muita gente que vive sufocada com medo de gritar. Eu não poderia ser quem eu sou hoje se não pudesse me expressar até porque… não seria funk“.

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Da RedaçãoDa Redação
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