Margareth Menezes diz que não teve a mesma projeção que Daniela e Ivete: “Racismo estrutural”

Margareth Menezes

Margareth Menezes comentou sobre preconceito em sua carreira (Imagem: Reprodução / Globo)

Margareth Menezes sempre fez muito sucesso em Salvador e várias partes do Brasil. No entanto, a cantora não conseguiu a mesma projeção que Daniela Mercury e Ivete Sangalo, que sempre estão na mídia e lotam grandes shows.

Questionada em entrevista ao jornal O Globo sobre o motivo pelo qual, mesmo tendo vindo antes, não ter conseguido a mesma projeção que as outras cantoras, Margareth dispara: “Tem a questão racial, o racismo estrutural da nossa sociedade”.

“São histórias de patamares diferentes e existem aí várias coisas dentro do mesmo pacote. Tem a questão racial, o racismo estrutural da nossa sociedade. A isso, soma-se a estética, o padrão da televisão. Nós, mulheres artistas negras, não tínhamos as mesmas oportunidades, aberturas, convites”, iniciou ela.

A baiana seguiu: “Outro diferencial é que Daniela e Ivete, mulheres fantásticas e grandes talentos com contribuições enormes na cultura, tiveram a oportunidade de participar de blocos com estrutura, já com a logística arrumada, patrocinadores. Não tinham as mesmas preocupações que eu, que venho da música e de trio independente”.

“Por outro lado, tive a sagacidade de conseguir o meu espaço dentro disso tudo. Fui uma artista inquieta, sempre gostei de fazer coisas diferentes e sobrevivi a uma situação brutal, fiquei oito anos sem gravadora. Mesmo assim, fiz uma carreira de destaque aqui e fora do Brasil. Continuei os projetos e pude atravessar o deserto”, completou Margareth Menezes.

“Mas consigo entender cada coisa em seu lugar sem ferir a minha relação com elas, por quem tenho muito respeito. Daniela, inclusive, vai fazer participação no meu show e sempre me convida também”, disse.

Margareth Menezes tem biografia em andamento

Turnê, biografia escrita por Djamila Ribeiro está em andamento. “Estou feliz de poder realizar isso. Com o tempo, a gente vai percebendo a importância de contarmos nossa própria história. Por mais que as narrativas alheias sejam bacanas, sempre vai faltar o sentimento de quem viveu. Tenho momentos bons e ruins na carreira, um sentimento diante das coisas que vivi, e quero deixar isso registrado”, ressaltou.

“Vou falar da ideia dos Blocos dos Mascarados, do movimento afropop brasileiro… Foram ideias criadas não para proveito próprio, mas para resgatar o lúdico, a alegria, criar espaços de diversidade e fortalecer alguns apelos em relação ao espaço dentro do carnaval”, comentou ainda.

Ela também contou: “E também para aproveitar esse espaço para mostrar a minha pesquisa musical. Vou falar dos meus pais, pessoas de origem humilde. Ele, que era motorista, aprendeu a ler e a dirigir sozinho. Ela era, cozinheira, costureira… Os dois eram muito simples, mas com uma visão de vida que favoreceu muito a gente. Viemos de família pobre, mas não chegamos a passar necessidade como a maioria das pessoas negras e pobres. Tive uma relação dura com meu pai. Ele era radical em tudo”.

Da Redação
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