Maurício de Sousa prepara personagem gay para a Turma da Mônica

Maurício de Sousa

Maurício de Sousa contou a novidade nas redes sociais (Imagem: Reprodução / Twitter)

Maurício de Sousa revelou que está preparando um novo personagem para entrar na história em quadrinhos, Turma da Mônica. Em entrevista à BBC News Brasil, o quadrinista adiantou a novidade:

“Vem vindo aí… Estou esperando um pouquinho que esteja cada vez mais aceita a posição do gay, principalmente. Eu tenho um filho, bem, que se assume (homossexual) e eu adoro meu filho (Mauro Sousa, diretor de espetáculos, parques e eventos da Mauricio de Sousa Produções). Ele cuida de uma parte tão importante (da empresa), que é a de shows e espetáculos. E dá um nó no pessoal que já tem mais idade e mais experiência”.

Maurício ainda comentou à publicação sobre quando seu filho, Mauro, assumiu sua sexualidade. “Eu acho que (para ele também foi natural), pelo que ele falou. Ele se abriu comigo também. E nos entendemos muito bem, sempre. Com meus filhos eu me entendo sempre muito bem. Esse caso foi meio diferente, mas também foi uma experiência muito interessante e agradável, porque é a porta da vida e da felicidade. Realização também. Não pode haver obstáculos para sensações“, disse.

É uma maneira, uma atitude, é uma palavra que me foge agora… De comportamento… Também não é comportamento, me foge a palavra. Mas de qualquer maneira, acho que todos nós temos o direito de viver o que nos é agradável, necessário e nos faz bem. Mas, principalmente, se faz bem para mais de um, é melhor ainda. Acho que foi uma experiência muito boa para mim também”, completou.

Maurício ainda deixou claro que não existe um manual que ele compartilha com sua equipe para tratar questões como essa em suas histórias:

“Eu converso com o pessoal. Afinal de contas, estamos há 50 anos brincando de fazer histórias em quadrinhos e com bons resultados. Mais de meio século. Isso não existe no Brasil e no mundo. Por causa de uma linha filosófica que eu botei na nossa produção desde o início e que foi passando de desenhista para desenhista, de roteirista para roteirista, com o olho gordo do dono”.

“Eu falo muito para o pessoal. Oriento muito o pessoal. E tenho ao meu lado a Alice Takeda, minha mulher [e diretora de arte da Mauricio de Sousa Produções], que tem os mesmos pensamentos do que eu. Fizemos uma dupla que está incrivelmente unida na filosofia não só do meio ambiente mas também na filosofia comportamental da criançada e dos adultos que leem as nossas histórias“, completou.

Segundo ele, incluir as minorias nos seus desenhos é um processo consciente e feito com planejamento: “Não veio de qualquer maneira, não. Chegou um dia em que eu me dei conta que eu fazia histórias baseadas na minha infância, e na minha infância havia diversos garotos, moleques que jogavam bola comigo e que tinham algum tipo de deficiência. A gente brincava e brigava do mesmo jeito. Estava faltando na minha história esse lado que eu vivi e que estava esquecendo“.

Comecei a estudar os tipos de deficiência que havia e fui criando personagens. Para isso, tive de estudar muito, convidar crianças e jovens para que me falassem sobre como eles resolviam seus problemas, como um cadeirante atravessava a rua, quais cuidados tinha de ter a menina cega… Me deparei com um grupo ativo, corajoso, bem-humorado, resolvendo problemas. E tudo isso eu pude passar com meus personagens“, explicou.

Da Redação
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