O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo enviou um ofício ao presidente da empresa Google no Brasil, responsável pela administração do YouTube. Encaminhado na última segunda-feira (11), o documento exige a retirada do ar de vídeos em que o pastor Valdemiro Santiago, líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, apareceu oferecendo sementes que curam o coronavírus.
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A novidade vem à tona em meio à crise financeira das igrejas pela falta de ofertas e dízimo dos fiéis durante os cultos, proibidos por causa da pandemia. O religioso revela o valor de cada semente em um vídeo que circula nas redes sociais: R$ 1 mil.
Valdemiro explica que depois que a semente “é plantada”, uma frase “surge no grão”: “Sê tu uma benção”. Segundo ele, pessoas “em estado terminal” já foram curadas pela semente de feijão. “É a semente ‘Sê tu uma bênção’. Você vai semear essa semente e na planta que nascer vai estar escrito ‘Sê tu uma benção'”, ressalta aos seus seguidores. “Mas isso é enganar?”, questiona. “Você que tá enganado”, responde a ele mesmo.
Segundo o portal de notícias da Globo, o G1, o procurador federal Wellington Cabral Saraiva, da Procuradoria Regional da República da 5ª Região, no Recife (PE), afirma que o pastor neopentecostal “usa de influência religiosa e da mística da religião para obter vantagem pessoal (ou em benefício da igreja), induzindo vítimas em erro, pois não há evidência conhecida de cura da Covid-19 por meio de alguma divindade nem por ingestão ou plantação de feijões mágicos”.
“O noticiado não fala explicitamente em pagamento, pois emprega a palavra-código ‘propósito’. As vítimas não fariam pagamentos, mas ‘propósitos’. A despeito do disfarce linguístico, o ardil está claro: os fiéis devem pagar valores predeterminados para obter feijões mágicos que os poderão curar da Covid-19, mesmo em casos graves”, aponta.
Na notícia crime enviada aos promotores de SP, o procurador do MPF fala que Valdemiro Santiago “debocha da boa-fé e seus seguidores, informando que as sementes germinarão e na planta estará escrito ‘Se tu uma bênção'”.
“Não se pode, a título de liberdade religiosa, permitir que indivíduos inescrupulosos ludibriem vítimas vulneráveis e firam a fé pública. Não se trata de coibir as pessoas em geral de professar a fé que desejarem e de cultuar as divindades de sua preferência, na forma de sua escolha. Trata-se de impedir que determinados indivíduos se valham desse conjunto de crenças para obter vantagem econômica ilegítima, valendo-se da crendice alheia, mediante sofisticados esquemas publicitários, psicológicos e tecnológicos”, declara.
Ainda de acordo com a reportagem, a Igreja Mundial do Poder de Deus diz em nota que “nos vídeos não há menção de nenhuma venda, o que rechaçamos veemente, haja vista que trata-se de uma sugestão de oferta espontânea, não tendo nenhuma correlação com venda de quaisquer espécies”.
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