Pré-candidato a vereador de São Paulo pelo partido Cidadania, Pedro Melo é gay e promete lutar pelos direitos da comunidade LGBTQ, mas foi surpreendido com vários vídeos e fotos íntimas vazados em grupos no WhatsApp.
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Mas engana-se quem pena que ele recebeu só elogios. Na própria comunidade, ele foi detonado e acusado de estar se aproveitando do assunto para ser beneficiado. Para completar, seu nome foi associado a um evento polêmico.
Trata-se de uma festa chamada “Pra Poucos”, que foi acusada de ser excludente, permitindo a entrada somente de pessoas que se encaixam dentro dos padrões estabelecidos pela sociedade, sem inclusão das minorias.
Em resposta, o candidato emitiu uma carta aberta reconhecendo seus privilégios e pediu que as pessoas compartilhassem suas ideias, ao invés das fotos íntimas.
Confira:
“Talvez nessa semana eu tenha ficado mais conhecido pelo meu corpo do que pelas minhas ideias, mas eu gostaria de reafirmar que tenho muitas. Reconheço que, por ser branco e vir de uma família com boas condições financeiras, tenho muitos privilégios. Sei que a vida de muitos LGBTQI+, mulheres, negros, trans e periféricos são muito mais difíceis que a minha. Por causa disso, algumas pessoas tem tentado me deslegitimar e questionar o porquê de uma pessoa privilegiada como eu age em prol da diversidade e das minorias.
Agradeço a todos que nos últimos dias se esforçaram para me mostrar realidades diferentes da minha e a esses digo: estou atento, dialogando, acolhendo propostas e construindo minha candidatura com muitos LGBTQI+ mulheres, periféricos, negros e trans com os quais aprendo diariamente, reconheço e agradeço a confiança.
Decidi que, com esses meus privilégios, tenho a responsabilidade ainda maior de atuar representando pessoas que sentem na pele, em condições muito mais severas que a minha, essa discriminação. Decidi não viver mais numa “bolha”, mesmo reconhecendo que vivi nela durante muitos anos.
Porém, quero dizer que minha luta não começou ontem, há alguns anos venho me capacitando e estudando para começar a minha carreira na política com seriedade que o assunto exige, motivado por não me sentir representado ou protegido como homem gay que sou. Todas as pessoas têm o direito de me criticar, estou me colocando como uma pessoa pública e não temo o diálogo. E aqui afirmo: isso não irá me impedir de levar adiante os meus projetos e defender as causas que acredito.
Deixo aqui ainda uma reflexão: sou eu o inimigo da comunidade? Vem de mim os ataques que ela sofre? Penso que se todas as pessoas que decidirem fazer diferença na vida das outras e mudarem de atitude forem impedidas e criticadas aí é que as coisas irão permanecer como estão, o que claramente não favorece a nenhum de nós.
Portanto, nesse momento eu faço um convite pras pessoas que me criticam por eu ser privilegiado, pelo meu corpo ou pelo fato de eu nunca ter agido: me acompanhem, vejam minhas ideias, o que quero fazer pela comunidade LGBTQI+ e pela cidade de São Paulo.
Com relação ao material íntimo compartilhado, tomei as devidas medidas cabíveis e processei criminalmente nove perfis do twitter até agora. Se você está recebendo meu material íntimo, não divulgue, nem compartilhe. Isso é crime. Compartilhe as minhas ideias.
A minha campanha terá propostas com representatividade extremamente ampla, com foco principalmente na parcela da população LGBTI+ que mais necessita de políticas públicas. Convido vocês a me acompanharem e a tomarem conhecimento das minhas propostas e ideias. E a juntar a sua voz a minha voz para mudarmos São Paulo. Vamos fazer diferente. Vamos fazer diferença!”.
Redator Publicitário e Gestor de Marcas. Formado em Comunicação Social pela UFRN, escreve desde 2011 sobre o universo televisivo, séries, filmes e novas mídias de forma conectada com as tendências da atualidade.