Bruna Linzmeyer falou abertamente sobre o processo de descoberta de sua sexualidade. Em entrevista ao jornal O Globo, a atriz contou que chegou a sofrer lesbofobia nos quatro anos em que fez atendimento em um consultório de psicanálise.
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“Quando vi, eu não dançava mais, não bebia, não amava. Parei até de escrever. Ela me fez duvidar de mim, da minha escolha, do meu desejo“, disse, revelando que ouvia frases como: “Você não precisa de um caminhão, mas de um caminhoneiro“, “Você não é lésbica” e “Isso é uma fase“.
Bruna relembrou ainda seu processo: “Tudo era um pouco não falado enquanto eu cresci. Sapatão, então, nem existia. Não se falava essa palavra. Tive uma educação da roça. Meus pais, amorosos, construíram minha autonomia e liberdade, apesar de eu ter crescido numa cidade conservadora (“Corupá”, em Santa Catarina). Quando me descobri sapatão, encontrei com esse mundo dentro e fora de mim, foi uma farra, uma alegria. Fez sentido para mim. Não tive dor. Ao contrário, pensei: ‘Ah tá, então, esse é o mundo, vivi para chegar aqui, simbora!’.
“A primeira vez que namorei uma mulher foi em 2015. Mas já vinha me relacionando com mulheres antes disso. Uma vez que fui vivendo isso de 2015 para cá de uma forma mais consciente, pude também recuperar memórias de um passado que não sabia que existia. Amei outras mulheres que considerava amigas na adolescência. A gente não via como amor romântico. Era algo que acontecia e ninguém falava sobre. Porque existe essa invisibilização. Não é nem dado como uma possibilidade para a gente. Para mim, não foi. Tipo: ‘Olha, você também pode amar meninas’. Mas eu vivia isso“, completou.
“Estava muito confortável dentro de mim, mas o mundo não fica confortável quando uma mulher, principalmente, uma mulher sapatão está confortável. Fui encontrando esses preconceitos que acabaram me capturando“, disse ainda.
A artista comentou também sobre a aceitação, além da sexualidade, do seu corpo:
“Muita gente fica com mulher, mas nem sempre pertence ao mundo sapatão. Me sinto pertencente a essa comunidade. Ser sapatão traz a oportunidade de se ver. Porque a gente é educada para ser uma coisa e nem se pergunta se quer. Amar homem, transar com homem, querer trabalhar com homem. A gente quer tudo com os homens”.
“Se apaixonar por uma mulher é adentrar um mundo em que o centro dele não é um homem, mas nós. Comecei a me questionar sobre o que me ensinaram. ‘Ah, então posso ser amiga das mulheres, a pessoa que mais quero trabalhar pode ser uma mulher, quem eu amo e quero dormir de conchinha também pode ser mulher’. A possibilidade de o amor entre mulheres existir é revolucionário e transformador. Foi com isso que me encontrei“, explicou.
“E aí, junto vêm essas coisas mais banais, tipo: ‘Posso ter pelo, cabelo e unha curta, não preciso usar roupa justa o tempo inteiro, nem ser muito magra’. Gosto do meu corpo assim, com essas gordurinhas. Existe um outro mundo, sabe?”, concluiu.
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