Regina Volpato abre o jogo sobre carreira, fake news e lado “sensitivo”

Regina Volpato

No Mulheres, Regina Volpato fala da sua carreira como apresentadora (Imagem: Reprodução / Instagram)

Famosa por sua carreira como apresentadora, Regina Volpato está na apresentação do Mulheres, da TV Gazeta de São Paulo, desde 2018, quando Cátia Fonseca foi para a Band. A comunicadora e sua equipe receberam o repórter Reuber Diirr, do RD1, no estúdio da atração – com direito até a experimentar as guloseimas feitas no programa.

Após o encerramento do formato, que é exibido de segunda à sexta, ao vivo, Volpato abriu o seu camarim para conversar a respeito da sua carreira, pandemia da Covid, o mercado da televisão, “golpes de sorte” para chegar onde está e até o seu lado “sensitivo”.

Com uma carreira contendo diversos paradoxos, a famosa transitou pelo jornalismo e até cobriu guerra. Após esse trabalho perigoso, ela assumiu o Casos de Família, no SBT, onde ficou por cinco anos. Para ela, a mudança radical do hard news para um programa de entretenimento foi positiva.

“Foi, pra minha vida, uma mudança muito positiva. Mudou a minha vida e eu só senti que eu era capaz de fazer porque foi um processo seletivo. Não digo que foi longo com várias etapas, mas num período curto de tempo”, declarou, lembrando da sua escolha para a atração do SBT, em 2004.

A famosa destacou que tinham várias candidatas e, aos poucos, iam eliminando as profissionais: “Por fim, ficou eu e uma moça que era da Record, que também era apresentadora de hard news. Uma loira linda que eu não vou me lembrar o nome, que eu nunca mais ouvi. Eu passei por esse processo de seleção, que tinha desde teste de câmera até simulação conversando com o diretor, na época um peruano”.

“A etapa final foi uma simulação real com plateia, com o caso, né? Era uma simulação, mas era já o programa como ele iria ser. Era um piloto, mas um piloto que não foi ao ar. Antes de entrar pra fazer esse teste eu nunca tinha visto uma plateia na minha vida visto do palco”.

A famosa comentou que o seu coração disparou quando viu a plateia no programa. “Porque você sabe que espera de você uma conduta que eu não tinha. Era a primeira vez que eu estava entrando lá. Enfim, fiz essa etapa final do teste e me escolheram. O SBT foi muito cuidadoso na preparação. Então, eu entrei muito insegura, entrei tateando”, declarou.

“Eu sabia desde o começo que eu não queria fazer bate-boca, por uma questão pessoal. Eu não consigo ver briga, discussão é uma coisa que me faz mal até hoje. Seja aqui dentro do camarim ou na televisão. Então sabia muito bem o que eu não queria fazer, mas o que eu queria descobri fazendo”, confessou.

Volpato seguiu dizendo que tal processo de seleção do SBT foi uma conquista pessoal e profissional muito grande para sua carreira. Ela explicou que precisou se desconstruir.

Por fim, a jornalista relatou que sentiu as diferenças entre fazer jornalismo e um programa mais ligado ao entretenimento: “Não era uma conduta muito rígida e que depois de um tempo passa a ser muito confortável. Era muito fácil sentar e ler o TP. Eu tive que resgatar esse lado humano, criar esse lado humano pra ter essa personalidade de apresentadora”.

Em sua mudança para o entretenimento, Regina Volpato destacou em que se inspirou para compor seu lado apresentadora, no início de seu processo: Hebe Camargo.

Eu estava no SBT, que é o berço, na minha opinião, dos grandes apresentadores de auditório do nosso país”, disparou. “Então, eu tive a oportunidade de ser convidado do programa da Hebe [Camargo] e de observá-la o tempo todo, o que que ela fazia nos intervalos comerciais, como se comunicava com as pessoas, com a plateia. Eu tive a oportunidade de participar do programa do Silvio Santos”, continuou.

Regina detalhou como aconteciam as gravações com Silvio Santos e falou que aprendeu com ele sobre a interação com a plateia antes do programa ser gravado. Ela afirmou que também teve a oportunidade de observar outros famosos trabalhando, como Carlos Alberto de Nóbrega, Ratinho e Gugu Liberato (1959-2019).

“Eu aprendi observando, me inspirei, me espelhei, fui orientada por todos eles, todo mundo foi muito generoso comigo, todo mundo. O Roque [funcionário do SBT que cuida das caravanas que compõem os auditórios da emissora] dizia: ‘Olha Regina, por que que você não faz assim? Por que que você não faz assado e tal?’. Então, assim, foi uma casa que me me acolheu, e me ensinou a ser apresentadora de auditório, apresentadora de televisão“, desabafou.

Em seu relato, a apresentadora ainda garantiu que teve alguns momentos que presenciou sobre Gugu Liberato no programa ao vivo: “O Gugu gostava de acompanhar a audiência, mas ele também interagia com a brincava com a plateia, porque na época o Domingo Legal era tarde toda. Se você deixa a plateia esfriar, você perde a vibração do programa. Eu eu sinto muita falta da plateia porque é um é uma troca muito muito gostosa e que traz muita energia pra gente”.

A chegada de Regina Volpato na Gazeta

A comunicadora entrou para a TV Gazeta em 2018, quando Cátia Fonseca estava saindo da emissora para a Band. Neste período, Regina estava de mudança para Portugal, mas acabou saindo em um “golpe de sorte”, como ela mesmo aponta:

“Eu estava saindo do Brasil. Estava só fazendo o meu canal [no YouTube] e não esperava voltar pra televisão porque, pra mim, é muito claro: tem muita gente boa para poucos postos de trabalho. É isso! Televisão sempre foi isso. É que sorte é o fator. É determinante, né?”.

“Para mim era muito claro que eu não ia voltar pra televisão. E aí, fazer o meu canal aqui, no meu sítio, ou fazer em Portugal era a mesma coisa. Nunca tive a experiência de morar fora e pensei em sair do Brasil. Só que eu tinha lançado o livro [Mudar faz bem], em 2017. E fui pra falar do livro aqui [na TV Gazeta]”, lembrou.

A titular do Mulheres, então, destacou que a sua chegada ao canal da Fundação Cásper Líbero foi bem agradável. Ela disse que foi muito bem recebida por Fonseca e toda a equipe do programa.

Depois da sua participação para falar sobre o livro, Regina acabou recebendo um convite do diretor para cobrir as férias da comunicadora. Ela disse que assinou o contrato para trabalhar durante um mês.

“Não teve piloto, não teve nada. Eu cheguei aqui, fiz cabelo, maquiagem, coloquei o figurino e fui. Eu não sabia nada, porque eu nunca tinha visto o programa como apresentadora. Eu tinha vindo aqui já como convidada. O primeiro dia foi um dia um desencontro porque eu falei: ‘Acho que é pra lá. Eu acho que é pra cá'”, afirmou.

A apresentadora seguiu contando como foi o primeiro dia no comando do Mulheres diante de muitas atribulações. Regina, então, decidiu dar o seu toque para sanar as deficiências que encontrou dentro da atração e facilitar sua viva ao vivo. Ela explicou que fizeram ajustas, inclusive, no cenário.

Regina Volpato contextualizou como foi escolhida para comandar o Mulheres e como a sorte ajudou neste processo. “Antes de eu começar, em dezembro, a Cátia decidiu sair da emissora, mudar de emprego. Mas o meu contrato com a emissora continuou o mesmo, um mês. Apesar desse caos todo, esse meu primeiro mês agradou“, declarou.

 

“Depois que eu acabei ficando como apresentadora oficial, não deixou de ser um processo de seleção, porque, se não tivesse dado certo, teria ficado um mês só e teria saído. Então, foi por sorte, foi por acaso, mas não foi uma coisa que eu fui convidada para apresentar o Mulheres. Por isso que eu te digo: é sorte!”, garantiu.

Os desafios do seu trabalho

A apresentadora explicou como foi desafiador comandar o Mulheres em um momento em que imaginava não passar de um mês no comando da atração, diante de vários aspectos em que estava sendo criticada, como o cabelo ou a forma de condução do programa.

“A comparação, não, porque mudou o apresentador [de um programa de TV], para mim, muda o programa. O ‘Jogo dos Pontinhos’ com o Silvio Santos é uma coisa, com a Patrícia [Abravanel] é outra. Ambos são bons? Sim, só que o apresentador imprime a sua marca. Isso eu aprendi lá no SBT”, disparou Regina a respeito das comparações que eram feitas entre ela e Cátia Fonseca.

Volpato comentou o que é desafiador em sua jornada na TV Gazeta. “As comparações, de verdade, são inevitáveis em alguns aspectos e eu me orgulho muito de ser diferente. Me orgulho de ser o indivíduo que eu sou, a mulher que eu sou e não abro mão disso. Nunca tentei ser outra pessoa, mas, nesse aspecto, não foi desafiador. Foi desafiador dar conta de um programa de quatro horas ao vivo”, contou Regina.

A famosa relatou que sai do estúdio mentalmente cansada, porque trabalha quatro horas sem paradas para água, xixi ou dar um respiro.

Eu entendo que é muito tempo. Tem que ter uma costura agradável. Eu entendo que eu não tenho que aparecer muito, porque ninguém aguenta quatro horas a mesma coisa, mas, por outro lado, não posso me omitir. O problema todo é essa justa medida, para mim”, comentou.

Ainda sobre os desafios que vem enfrentando, Regina relatou quais as dificuldades a sua equipe encontrou na produção das pautas durante o período de pandemia de Covid-19.

“Trabalhamos todos os dias. Não paramos nenhum dia. O que ajudou, mas aí eu acho que foi na televisão, é que abriu espaço para gente usar a entrevista remota. Por exemplo, no aniversário do programa [Mulheres em 22 de setembro], o [cantor] Edson Cordeiro participou da casa dele lá na Alemanha”, revelou.

“[A pandemia] foi um desafio, porque foi um período desafiador para todo mundo, né? Nós tivemos colegas aqui que adoeceram. Mas foi um desafio como foi para a sociedade toda. Todo mundo que trabalha com o jornalismo, trabalhou. Tudo funcionou e nós fomos nessa linha. Não trabalhei de casa. Foi tudo aqui [na emissora], porque o programa, assim, acho difícil fazer remoto quatro horas comigo em casa. Então, passamos! Passamos!”.

Uma de suas marcas, o Mulheres é um dos poucos programas que ainda utiliza cozinha de fato no ar e por um longo tempo de duração. Sobre o assunto, a famosa garantiu:

“É um dos pilares do programa, a culinária. As culinárias, né? São duas culinárias. É um dos pilares. Eu acho que é assim: primeira culinária, segunda culinária e todo um recheio. Há 42 anos este programa funciona assim. As pessoas esperam”.

Além da cozinha, a atração foca um tempo nas notícias dos famosos em que vemos uma Regina bem curiosa, espontânea. A respeito dessa aproximação do telespectador, a comunicadora confessou sentir nas ruas, nos aeroportos e por onde passa.

A apresentadora ainda destacou que quatro horas diante de uma câmera de TV não possibilita um apresentador ser um “personagem”: “Não sei se é por conta da culinária, mas existe essa identificação, até porque muito tempo na frente das câmeras não dá pra ser um personagem. Está na minha cara o que eu estou achando, o que eu gosto, o que eu não gosto, as besteiras que o povo fala e que dou risada, as besteiras que eu falo… Tá tudo muito na minha cara, porque senão eu não ia dar conta”.

Críticas nas redes sociais

Regina Volpato falou a respeito das críticas que recebe nas redes sociais sobre os fatos que acontecem na atração, mas revelou que não possui muitos haters.

Questionada sobre quais tipos de críticas costuma receber, Volpato disse: “Faz parte da vida! Tem gente que gosta da gente e tem quem não gosta. Eu não eu não dou muito valor a quem não gosta de mim. Eu não dou muito peso. Não é uma coisa que me abala”.

A jornalista aproveitou para tecer um comentário sobre como vê notícias maldosas em relação a sua pessoa e como reage a este processo.

Eu fico chateada quando vem maldade em alguma coisa que eu fiz e que não foi por maldade, mas aí quando eu entendo que esse é o olhar da pessoa, aí tudo bem. Ou quando eu faço alguma coisa que eu falo: ‘Nossa, é mesmo’. Porque na frente da televisão eu acho que não basta você parecer correta, não basta você ser correta. O que acontece nas minhas redes ficam lá. Mas eu não dou muito peso. Até porque as críticas não são críticas maldosas. Só é o ponto de vista da pessoa”, disse.

Ainda no tema, Volpato declarou como lida com as notícias relacionadas à sua pessoa. “Eu não dou muita confiança”, começou. “Muita coisa que sai não é verdade. Se não é verdade, eu não vou me preocupar porque não é verdade. Eu acho que a gente não tem que ficar perdendo energia, ficar se desgastando. Acho uma bobagem desmentir o que é mentira.

Além de apostar em notícias de famosos, o Mulheres também decidiu trazer ao público a sensitiva Lene, que ficou conhecida por algumas previsões feitas e acertadas, como a morte de Marília Mendonça, em novembro de 2021:

“A Lene veio aqui algumas vezes, mas aí veio a pandemia e ela começou a participar remotamente. Ela mora fora de São Paulo. Aí passou a pandemia, acho que ela veio aqui uma ou duas vezes, depois não veio mais.”

Para finalizar, ela abriu o jogo a respeito de ter bagagem para comandar um programa de quatro horas ao vivo. Ela explicou como adquire conteúdo no seu dia a dia para comandar uma atração na TV.

“A maior dificuldade que eu acho é ficar quatro horas assim. Eu te falei: haja jogo de cintura, haja repertório. Repertório. Porque se você só é muito técnico, fica chato, fica duro. Se você não tem técnica e tem só o ‘KKK’, fica fútil. Você não sustenta. É ao vivo, então, às vezes, a pauta é uma coisa e quando você vê, vai pro outro lado. Então você tem que ter jogo de cintura pra amarrar e trazer [para o assunto de volta]. Às vezes eu já não estou bem, às vezes é um convidado que não está bem e não rende [a conversa]”, comentou.

A famosa explicou as suas formas de adquirir conteúdo e como absorve conhecimento: “Hoje eu consumo muito jornalismo. Várias fontes. Quero ouvir tudo que o povo está falando. Todas as análises. Até pra saber o que não falar. Até pra saber onde posso ir.  Também consumo esporte, cultura, filmes… essas coisas é fácil porque é mais gostoso e tal”.

“Converso muito com pessoas de várias faixas-etárias. Isso é muito importante porque as pessoas estão pensando de um jeito muito diferente. Eu vejo que, com essa com esse monte de informação que temos, com essas facilidades de acesso às informações, são vários os pontos de vista e tem gente que pensa de um jeito muito diferente do outro e eu preciso estabelecer uma conversa com quem eu estou entrevistando. Se eu percebo que se eu for por aqui a pessoa vai travar, eu tenho que ir pro outro lado. E muita observação, psicologia também, eu gosto de ler”, relatou.

Lado sensitivo

Ainda falando sobre temas mais pessoais, a apresentadora da Gazeta abriu o coração para revelar uma história curiosa dos bastidores do Mulheres e de sua vida.

A famosa contou que tem um lado “sensitivo” afiado para perceber situações que lhe colorariam em uma saia justa. Ele disse que esse “sexto sentido” lhe rendeu até um apelido nos corredores da TV Gazeta: Mãe Regina.

“A minha intuição é uma coisa, assim… Por exemplo, na semana passada, veio a pessoa no programa e eu estou com a ficha na mão para entrevistá-la. Na ficha, sei lá, tinha: ‘nasceu no interior de São Paulo’ e outras informações. ‘Você nasceu no interior de São Paulo?’, perguntei. ‘Não, não, não. Eu sou do Rio Grande do Sul’ e eu falei: ‘Ahhhh’. Então, assim é uma coisa que a minha intuição capta. Imagine se eu começo a entrevista falando: ‘Ela, que veio do interior de São Paulo’, ela já ia falar: ‘Não. Eu sou do Sul’. Pronto… Já ficou feio, já enviesou tudo. A minha intuição é uma coisa impressionante”, garantiu.

“Ou do nada eu fazia uma pergunta que dá um outro rumo pra entrevista e que tinha tudo a ver com o que a gente estava conversando, mas que não tinha sido levantado. Foi algo que nem está na pré-pauta ou em momento algum da entrevista. A minha intuição me salva em muitos momentos”, completou.

De formação católica, Regina disse não ser uma religiosa tão fervorosa. Ela ainda garantiu não fazer promessa, mas que gosta de pedir. “É uma coisa de um compromisso igual quando você se compromete com o amigo, sabe? De fazer alguma coisa pessoal”, finalizou a apresentadora.

Reuber Diirr
Escrito por

Reuber Diirr

Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!