“Segundo Sol” termina como (quase) sempre foi: inconsistente; confira repercussão

Adriana Esteves como Laureta, de “Segundo Sol”; desfecho da vilã foi um dos poucos pontos positivos do último capítulo (Imagem: Reprodução / Globo)

Foi para um público carente de boa dramaturgia que “Segundo Sol” acenou em sua estreia, em maio deste ano. O drama de Luzia (Giovanna Antonelli), a marisqueira apaixonada por um cantor alçado ao sucesso após o boato acerca de sua morte, Beto Falcão (Emilio Dantas) – e perseguida por aqueles que buscavam tirar proveito deste “passamento” – prometia. E seguiu prometendo, por meses a fio, sem ter, porém, cumprido, ao chegar ao fim nesta sexta-feira (9), a promessa que fez ao espectador no primeiro capítulo; a repercussão do último nas redes sociais não me deixa mentir.

Outrora festejado – pelo melodrama em de “Da Cor do Pecado” (2004), pela crítica mordaz de “Cobras & Lagartos” (2006), pela ousadia narrativa de “A Favorita” (2008) ou pelo apelo popular de “Avenida Brasil” (2012) –, João Emanuel Carneiro voltou ao ar para padecer, de novo, com as críticas que alvejaram seu trabalho anterior, “A Regra do Jogo” (2015). Se esta trama parecia de difícil “digestão” pelo público, então corroído pelo noticiário político-carcerário, “Segundo Sol” foi palatável até demais. João Emanuel apelou para o óbvio… Não é possível calcular a quantidade de clichês utilizados pelo autor; nem de incoerências a favor de uma narrativa paupérrima.

No fim das contas, Carneiro resolveu desagradar boa parte da audiência, ao separar Rosa (Letícia Colin) e Ícaro (Chay Suede). Difícil entender como Valentim (Danilo Mesquita), talvez a maior vítima da ex-prostituta, aceitou se unir a ela – que desistiu de Ícaro, com quem sempre foi mais afinada, durante um dos intervalos comerciais do penúltimo capítulo, na quinta-feira (8).

O autor também foi extremamente infeliz na construção de Maura (Nanda Costa). Apresentada como homossexual, e depois em dúvida acerca de sua orientação, a policial chegou ao fim com dúvidas acerca do par romântico – Selma (Carol Fazu) ou Ionan (Armando Babaioff)? Coube a este, após meses vivendo sob o mesmo teto, enfim entender que estava sobrando.

O último capítulo serviu, ao menos, para que João Emanuel Carneiro se redimisse pelo descaso com determinados personagens. Como Groa (André Dias), melhor amigo de Luzia, que, diante da apatia desta, acabou também minguando… Nem mesmo sua história no candomblé – assumindo o terreiro do Pai Didico (João Acaiabe) – foi adiante. Para compensar, Groa abrilhantou o desfecho com um beijão no boy!

O público também festejou o enlace de Cacau (Fabíula Nascimento) e Roberval (Fabrício Boliveira). O triângulo amoroso formado por eles e por Edgar (Caco Ciocler), irmão de Roberval, deixou a desejar. Como toda a família Athayde, aliás – apesar do bom trabalho de Cláudia di Moura (Zefa), Giovanna Lancelotti (Rochelle), Maria Luísa Mendonça (Karen) e dos citados Fabrício e Caco.

Ainda, a vilã Laureta (Adriana Esteves), que, aproveitando-se do despreparo de policiais como Ionan e Maura, abriu fogo contra Valentim e Ícaro, atingindo Karola (Deborah Secco), num gesto heroico desta, decidida a salvar seu “ururuzinho”. Presa, Lau desfrutou de mordomias e saiu, tempos depois, atribuindo o encarceramento às “fake news” envolvendo seu nome. E se candidato à deputada…

De tão apagados no terço final da narrativa, Beto e Luzia perderam a cena final para Clóvis (Luis Lobianco) e Gorete (Thalita Carauta). O alívio cômico não funcionou como a equipe de “Segundo Sol” parece querer acreditar que funcionou – apesar do hit-chiclete ‘Sal na pele’. O tradicional “fim” surgiu acompanhado do menino Badu (Davi Queiroz). A internet, e o público de casa, certamente, ficaram sem entender…

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Duh Secco é “telemaníaco” desde criancinha. Em 2014, criou o blog “Vivo no Viva”, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de editor, repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.

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Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.