William Bonner foi um dos convidados da edição deste sábado (26) do Altas Horas. Durante o bate-papo com Serginho Groisman, o jornalista desabafou sobre os constantes ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à imprensa, principalmente a profissionais mulheres.
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“Se a autoridade pública manda calar a boca, se ela se recusa a responder, ou responde com impropérios e insultos, quem não está cumprindo seu papel é a autoridade pública”, criticou o âncora do Jornal Nacional, que ainda destacou os editoriais feitos pelo telejornal em dias que a pandemia da Covid-19 alcançou números expressivos de mortes.
“Durante a pandemia, foram feitos alguns editoriais quando números muito impressionantes eram atingidos. Isso aconteceu, por exemplo, quando o número de 100 mil mortes foi atingido. Agora com 500 mil mortes, nós achamos que era o momento não apenas de fazer um editorial para marcar posição sobre a gravidade dessa tragédia nacional, mas para marcar uma posição nossa, do Jornalismo da Globo, em defesa de coisas que constam na nossa essência e nos nossos princípios editoriais”, explicou Bonner.
“Então, o editorial teve o objetivo de informar o povo brasileiro, contar pro povo brasileiro que a despeito de tudo o que está acontecendo, nós não vamos arredar pé da defesa do direito à saúde, que é um direito do cidadão brasileiro, e o direito de vivermos numa democracia. Tudo aquilo que põe em risco uma coisa ou outra, demanda da gente uma postura muito firme”, completou.
“Nós observamos naquele editorial que tudo na vida, tudo no universo comporta diversos ângulos, e você deve acolher todas as possíveis visões dos problemas, esses ângulos e essas visões são acolhidos no debate. Mas é óbvio que tem que haver exceções, e a gente não vai transigir quando o que estiver em risco for a saúde de todo mundo e a democracia brasileira que a gente preza tanto e pela qual se lutou tanto“, alfinetou.
O contratado da Globo ainda relembrou a Ditadura Militar (1964-1985): “Eu tinha 20 anos quando a gente começou a brigar para ter eleições diretas, por exemplo. E aí declarações, atitudes, manifestações, sinais vão sendo dados, aqui e ali, que acendem a nossa luz de alerta. A imprensa livre tem como papel, toda a imprensa livre tem como papel, defender a nossa democracia. É o que a gente está fazendo e foi o que a gente quis marcar com aquele editorial“.
Mesmo com os incessantes ataques do representante do Brasil, Bonner ressaltou que os profissionais de comunicação não devem se alterar ao serem confrontados por Bolsonaro.
“Mas como nós dissemos essa semana, no próprio Jornal Nacional, a respeito desse destempero da autoridade pública, cabe a todos nós seguir fazendo o nosso trabalho com a serenidade. Serenidade nós temos, e estamos com o público ao nosso lado nesse trabalho que é tão importante e fundamental à democracia”, finalizou.
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