William Bonner fez um relato emocionante sobre o seu amor por carros antigos. O âncora do Jornal Nacional, da Globo, contou que se apaixonou por automóveis ainda criança. Segundo ele, o pai chegada do trabalho e ele implorava por passeios “no banco de trás da Vemaguet”.
VEJA ESSA
“Alguns me entendem. Outros não. Meu pai, que não era ligado em carros, me contou muitas e muitas vezes que chegava do trabalho exausto, à noite, e, às vezes, precisava me botar no banco de trás da Vemaguet pra ‘dá-uma-volta-incaio’. Era como ele imitava meu jeito de falar aos 4 anos”, recordou.
“Dizia ele que eu insistia até convencê-lo. Malinha sem alça. E, uma vez a bordo, apagava antes de percorrer as quatro ruas do quarteirão, no Tatuapé, em São Paulo”, comentou. O jornalista disse que “qualquer carrinho de ferro” era motivo de uma imitação “do mesmo ruído de escapamento da Vemaguet”.
“Eu inflava as bochechas, comprimia os lábios e fazia força para expulsar o ar, acompanhado de uma nuvem de perdigotos”, descreveu. “Não sei a origem do meu gosto, minha paixão por automóveis. Não sinto a mesma coisa por motos, nem aviões ou helicópteros. Trens nunca me interessaram. Mas aquela estrutura motorizada sobre 4 pneus era outra conversa”, admitiu. “E o volante”, ressaltou. William Bonner confessou:
“Desde muito pequeno, eu me sentava no banco do motorista do carro do meu pai, na garagem, e viajava ao infinito e além, mãozinhas na direção, a boca sonorizando a aventura, perdigotos em profusão”.
Aos 18 anos, o jovem Bonner começou a sua vida atrás do volante sem a ajuda do pai. Na época, ele ficou encantado com dois carros:
“Quando cheguei à idade de poder dirigir, na década de 1980, existiam 2 carros que me encantavam. Versões esportivas de modelos compactos nacionais. Um tinha um vermelho alaranjado. O nome da cor oficial em inglês significava ‘queimadura de sol’. O outro esportivo que me perturbava os sonhos era de um vermelho puro. Um vermelho ‘real’, como se chamava, também na língua inglesa. E ambos eram absolutamente inacessíveis. Caríssimos”.
William Bonner adquiriu os dois carros depois dos 50 anos. “Pedi a um negociante de automóveis que achasse um daqueles carros em bom estado. Queria o sonho na minha garagem. Ele achou. Mandei restaurar. Ficou perfeito. E me permitiu, a cada ‘volta-incaio’, retornar aos meus 21 anos. Ou ao sonho dos meus 21 anos”, emocionou.
O segundo carro dos sonhos veio logo depois. “O outro sonho dos 20 anos. Conservadíssimo. Meu pai chegou a ter uma outra versão desse carro, menos cara. O painel era parecido, claro. Mas não tinha o volante pequeno, esportivo. Não era o carro do Ayrton. Era o do meu pai”, salientou.
“Hoje tenho a dupla lado a lado. Posso escolher qual memória provocar, ao ocupar o banco dianteiro esquerdo. Minha juventude em ebulição, ou a voz e o cheiro e as histórias do meu pai”, disse.
“Cada um desses automóveis tem suas características ergonômicas, seu comportamento dinâmico, suas deficiências perfeitas. Cada um deles me entrega lembranças diferentes, ruídos particulares. Eles têm suas tonalidades distintas, suas sofisticações toscas, datadas. E por todas essas razões, por todas essas emoções, digo com a maior convicção: eles não têm preço”, finalizou.
Confira:
View this post on Instagram
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].