Fenômeno de audiência em 2016, Eta Mundo Bom! está de volta ao Vale a Pena Ver de Novo a partir desta segunda-feira (27). A escolha da trama não é unanimidade entre os noveleiros de plantão, mas o título reúne diversos elementos que devem prender a atenção do público nos próximos meses.
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A novela marcou a volta de Walcyr Carrasco às 18h depois de 10 anos e também sua parceria bem sucedida com o saudoso diretor Jorge Fernando – a dupla foi responsável pelos sucessos de Chocolate com Pimenta (2003) e Alma Gêmea (2006), exibidas na mesma faixa, e que também se tornaram clássicos nas tardes da Globo.
Extremamente simples e de fácil compreensão, Eta Mundo Bom! repete diversos clichês de Carrasco, como humor pastelão, núcleos caipiras, bichos de estimação, briga por herança, casamentos desfeitos no altar e principalmente personagens maniqueístas: mocinhas ingênuas e vilões terríveis.
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Os ensinamentos de Candinho
A ingenuidade, a bondade e o otimismo de Candinho foram certamente ingredientes responsáveis pelo sucesso da trama. À altura da grandeza do personagem, Sérgio Guizé conseguiu passar a mensagem de positividade do papel mesmo diante de muitas dificuldades. Ao lado do burro Policarpo, seu companheiro para todas as horas, Candinho seguia à risca os conselhos do professor Pancrácio (Marco Nanini), que dizia que “tudo o que acontece de ruim na vida da gente é para melhorar”.
Os personagens caipiras e a busca pelo “cegonho”
Envoltas pelo clima despretensioso do campo – e sem nenhuma sutileza, o núcleo da roça deitou e rolou do início ao fim da novela. Era muito engraçado ver os exageros pitorescos de Cunegundes (Elizabeth Savala), a submissão do “frouxo” do Quinzinho (Ary Fontoura) e a inocência da virgem Eponina (Rosi Campos).
Outro sucesso à parte foi Mafalda e sua busca incansável pelo “cegonho”. Ingênua e romântica, a personagem consagrava o talento de Camila Queiroz – lançada em Verdades Secretas (2015), e divertia o público por conta de sua curiosidade pelos rapazes.
Ela acabou conhecendo vários pretendentes, quase teve um treco ao ver Romeu (Klebber Toledo) nu, desistiu de se casar com o ricaço Josias (Flávio Migliaccio) no último capítulo e teve seu final feliz ao lado de Zé dos Porcos (Anderson Di Rizzi), outro grande destaque da trama.
As várias facetas de Pancrácio
Responsável por trazer Marco Nanini de volta às novelas, depois de 14 anos vivendo o Lineu de A Grande Família, o Pancrácio também foi um dos pontos altos de Eta Mundo Bom!. Além dos conselhos que ajudavam o amigo Candinho, o professor roubou a cena ao encarnar diversos disfarces para pedir dinheiro nas ruas.
As várias interpretações de Nanini inspiraram Walcyr a criar um novo personagem para o ator: Pandolfo, o irmão gêmeo – e rico – de Pancrácio, que chegou a disputar com ele o amor de Anastácia (Eliane Giardini).
Anastácia
Falando nela, Eliane Giardini também foi um dos grandes destaques da novela – e do currículo da atriz. Dona de uma herança milionária, Anastácia conquistou o coração do público por sua saga pela busca do filho perdido. Ao reencontrar Candinho, ela protagonizou uma das cenas mais memoráveis da trama.
A história de Maria
Após Filomena perder destaque por conta do fraco desempenho da atriz Débora Nascimento, Maria acabou roubando a cena e se tornando a protagonista moral da história. Grávida, viúva e expulsa de casa pelo pai, a personagem sofria nas mãos da vilã Sandra (Flávia Alessandra) depois de ter sido acolhida por Anastácia. Habilidosa e segura no papel, a atriz Bianca Bin acertou no tom da personagem e fez uma parceria muito bem sucedida com Eliane Giardini e Rainer Cadete.
Positividade na hora certa
Agraciados com o resgate de clássicos da dramaturgia, como Anjo Mau, O Rei do Gado, Senhora do Destino, Celebridade e Por Amor, muitos telespectadores do Vale a Pena Ver de Novo consideram que Eta Mundo Bom! é recente para a faixa, mas o fato é que a trama demorou o mesmo tempo para ser reprisada do que Alma Gêmea, por exemplo, e certamente está de volta no momento certo.
Em 2016, o humor inocente e o clima de esperança do folhetim faziam um contraste com a crise política e econômica que o país enfrentava. Os banhos de lamas e as tortas na cara eram refúgio para o clima de polarização política que tomava conta das ruas do país e do Congresso Nacional.
Desta vez, a trama tem o desafio de entreter o público diante da grave pandemia do novo coronavírus, que também acirrou a crise política e econômica do país.
Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].