Autora de Amor de Mãe, Manuela Dias deu detalhes do que enfrentou durante a paralisação dos estúdios da Globo e, consequentemente, dos trabalhos da novela das 21h, que voltou no dia 1º de março com o que melhor aconteceu na história.
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O desabafo da estreante no horário foi divulgado pela Globo em comunicado na última segunda-feira (8), no Dia Internacional da Mulher. “Eu me vi num lugar pelo qual ninguém tinha passado. Pela primeira vez, uma trama foi interrompida em pleno voo”, começou ela.
“Além disso, existia a responsabilidade com a equipe de mantê-la em segurança no eventual retorno às gravações. Nosso set parecia uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de tão monitorado”, comparou.
Todos os diretores, apresentadores, atores, produtores e técnica de todas as emissoras de TV do país imaginaram que em até 15 dias a situação seria normalizada, mas como se viu, nada disso aconteceu. Cinco meses se passaram até que a Globo deu sinal parcial para o retorno ao trabalho.
“Em primeiro lugar, meu medo não se canalizou para a história. Milhares de pessoas estavam morrendo de uma doença desconhecida. Isso é de uma escala tão avassaladora que não existia espaço para me preocupar com a novela. Só depois de alguns meses, já quase no final da escrita, eu comecei a pensar em como e se conseguiríamos terminar de gravar”, desabafou.
Manuela Dias decidiu que o novo coronavírus entraria na trama. “Todo esforço teria sido em vão se a novela não encontrasse o seu fim. E veja a minha situação, escrever uma primeira novela como autora sempre foi um sonho. Já seria o bastante, mesmo que não fosse o horário das nove, mas era”, ressaltou.
A escritora comentou sobre a cena do encontro de Lurdes (Regina Casé) e Domênico (Chay Suede). A cena, com abraço, só foi produzida porque os dois ficaram isolados em um quarto de hotel por uma semana.
“Nada do que tocou o público eu escrevi de pernas para o ar. E essa cena eu levei quase uma semana escrevendo. Tentar imaginar de forma realista como é esse encontro, de uma mãe com um filho depois de quase 30 anos. Eu me emocionei muito, os atores também, espero que toda essa emoção chegue condensada ao público”, desejou.
“Sinto até aqui que fui intensamente transformada pelo processo da novela. Aprendi que o processo é tão ou mais importante que o produto. São quase quatro anos da minha vida dedicados a essa história, e eu não economizei em nada. Energia, sonho, suor, trabalho, empenho, lágrimas, risadas, tempo. Eu dei tudo de mim”, finalizou.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].