Protagonista de Marighella, produção de Wagner Moura, Seu Jorge desabafou sobre ataques o filme vem sofrendo há anos. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o cantor ainda comentou a respeito da história do protagonista.
VEJA ESSA
“É claro que houve censura, uma tentativa de retardar e impedir que o filme chegasse ao conhecimento do povo brasileiro”, disparou o também ator.
“Não tem o menor sentido censurar uma produção cultural, e isso não aconteceu só com ‘Marighella’, não. Olha o que está acontecendo com o nosso cinema nesses últimos dois anos —a Ancine está desmontada, a Cinemateca pegou fogo, tudo por causa de políticas de apagamento da nossa história“, desabafou.
Questionado sobre o que espera do pleito, ele afirmou que o Brasil é um país desfigurado, que “perdeu muito espaço no canto da admiração enquanto país e povo, o que tem bastante influência da pandemia e da gestão vigente”.
“Com essa doença, eu esperaria que o Brasil se alinhasse com os países desenvolvidos, mas de repente estamos negando compra de vacina. Não existe empatia nesse governo, um governo que chama o país inteiro de maricas”, destacou.
Seu Jorge ainda comentou sobre o fato de Sérgio Camargo ocupar a presidência da Fundação Palmares, numa gestão que Seu Jorge julga ser “contraproducente, um desserviço”. “É lamentável a postura desse senhor, que eu não conheço e também não reconheço como um líder com capacidade de nos orientar no caminho do progresso”, declarou.
Nos últimos tempos, inclusive, Camargo tem utilizado as redes sociais para atacar não só a figura de Carlos Marighella, mas também sua cinebiografia: “Chamar cada homem preto honrado do Brasil de marginal ao escalar um ator preto no papel do psicopata comunista”.
O cantor também disse na entrevista que foi pego de surpresa com críticas ao seu tom de pele. Ele foi atacado por supostamente ser negro demais para o papel.
“Eu convivo com isso desde criança, nunca foi diferente. O que hoje é diferente é a possibilidade de representatividade. Um dos acertos desse filme é justamente devolver a origem de Carlos Marighella, um personagem que sofreu não só um apagamento, mas também um embranquecimento, como muitos outros da nossa história”, pontuou.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]