A polêmica envolvendo o ex-diretor de novelas da Globo Vinicius Coimbra segue de pé. A novidade veio a partir de um áudio que vazou e circula entre os atores da emissora. A gravação mostra o trecho de uma reunião realizada entre ele e artistas negros de Nos Tempos do Imperador (2021).
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Demitido da emissora por assédio moral, o diretor aparece advertindo parte do elenco e apontou uma suposta “tropa de choque do movimento branco”. Ele disse ainda que poderia afrontar essa “tropa” e questioná-la.
O caso teria ocorrido em setembro de 2021, quando o folhetim da Globo sofria críticas pesadas por exibir uma cena em que sugeria um caso de “racismo reverso”. Na época, a autora de Nos Tempos do Imperador pediu desculpas publicamente.
Foi então que Vinicius Coimbra convocou artistas negros do elenco para a reunião e provocou um desconforto.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, no mês passado, o ex-diretor da Globo declarou que os presentes “estavam no olho do furacão” e que chegaram a apresentar reclamações sobre disparidades salariais e de tratamento.
No áudio, o diretor expõe possíveis represálias: “Assim como você tem a tropa de choque do movimento negro, a [escritora e filósofa] Djamila [Ribeiro], o [comunicador e influenciador] AD Junior, você também tem a tropa de choque do movimento branco, entendeu?”.
Ele citou que pessoas brancas iriam aproveitar algum deslize deles para provocar reivindicações. “É normal, eu acho que tem que ter o AD Junior, tem que ter a Djamila, eu defendo mais esse tipo de discurso, mas eu acho que a gente tem que ir por uma via [em] que você não deixa contra-argumentos“, comentou também.
A colunista Monica Bergamo, que divulgou o áudio de Vinicius Coimbra, procurou Dani Ornellas e Roberta Rodrigues, que atuaram da novela de época e denunciaram o diretor artístico, dizem que o trecho da reunião exposto reflete um contexto racista.
Ex-diretor da Globo se pronuncia
A coluna também falou com Vinicius Coimbra, que comentou que a utilização do termo “tropa de choque branca” foi de forma pejorativa, “em referência aos ‘movimentos brancos’ reacionários que reagiriam contra a luta legítima de pessoas negras”.
O diretor também disse desejar que todo o teor da reunião viesse a público, pois, segundo ele, estava tentando se colocar ao lado dos artistas. Ele ainda garantiu que segue aberto ao diálogo com qualquer pessoa.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]