Médica alerta Globo sobre câncer de Adriana em “O Outro Lado do Paraíso”: “Importante não causar confusão”
Mais uma vez, uma tentativa de Walcyr Carrasco de fazer merchandising social em “O Outro Lado do Paraíso” causa polêmica entre profissionais da saúde.
Na quarta-feira (28), a presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Carmen Tzanno, publicou uma carta aberta comentando a abordagem do câncer renal através da personagem Adriana (Júlia Dalavia), portadora da doença.
“As cenas devem demonstrar a preocupação da família, dos amigos e da paciente, normal neste caso. Mas é importante não alarmar o público com informações que podem causar confusão, como a associação de cisto, câncer e cálculos“, ressaltou a especialista.
Adriana descobriu há algumas semanas o diagnóstico de câncer no rim e desde então seu tratamento contra a enfermidade tem ganhado destaque nos capítulos do folhetim das 21h. O drama se intensificou depois que Beth (Glória Pires), mãe da moça, descobriu que não poderia lhe doar um de seus rins pelo fato de ser alcoólatra.
Confira a íntegra do documento:
“À TV Globo
A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) reconhece que um dos mais importantes papéis que as novelas desempenham na vida do telespectador, além de divertir, entreter e educar é esclarecer. Abordar de forma didática assuntos que, muitas vezes, na vida real representam desafios e superações. Por isso, reforçamos a importância de não alarmar o público e demonstrar que, no caso da doença renal crônica, é possível o tratamento em busca da qualidade de vida do paciente.
Acompanhamos a história da personagem “Adriana” de “Do Outro Lado do Paraíso” que, depois de ser atendida no pronto-socorro de um hospital e ter passado por teste de creatinina – indicador de insuficiência renal – foi diagnosticada com cálculo renal e suposto cisto e depois da biópsia, veio a certeza do câncer.
Acreditamos que as cenas devam demonstrar a preocupação da família, amigos e paciente, normal neste caso, mas é importante não alarmar o público com informações que podem causar confusão, como a associação de cisto, câncer e cálculos, além da insuficiência renal crônica que vem depois.
Esclarecemos que quem tem calculose renal pode ter função renal normal, da mesma forma que os cistos podem ser simples e benignos e as pessoas manterem a função renal regular. Mesmo após a retirada do tumor maligno, também é possível manter a função renal normal.
Além disso, deixamos claro que o fato de uma pessoa beber (ingerir bebida alcoólica), em princípio não a contraindica como doadora para o transplante de rim. Todo paciente doador passa por uma bateria de exames médicos e laboratoriais que avaliam a possibilidade de doação, quando o transplantes ocorre intervivos. Afirmar o contrário em cenas da novela pode reduzir o número de doações, já insuficientes para a fila de milhares de pacientes à espera da cirurgia.
A trama pode informar e demonstrar que há vida normal após o diagnóstico da doença renal crônica e que tratamentos, como a hemodiálise – filtragem do sangue por uma máquina que faz o trabalho que o rim doente não pode fazer – e transplante geram qualidade de vida e permitem que o paciente continue levando sua vida, da melhor maneira possível.
Agradecemos por termos um assunto tão relevante em pauta, na novela assistida por milhões de telespectadores e nos colocamos à disposição para tirar dúvidas e informar os profissionais envolvidos no desenvolvimento da trama sobre causas, sintomas, formas de diagnóstico e tratamentos da doença renal crônica.
Carmen Tzanno
Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN)”
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