Zeca Pagodinho, próximo de completar 60 anos, foi o entrevistado de Pedro Bial nesta quinta-feira (6), e contou detalhes do seu casamento, da sua paixão por velório e os motivos que o levaram a não visitar Beth Carvalho e Arlindo Cruz.
O sambista disse que não consegue visitar os dois amigos. Beth tem se recuperado de uma fissura na coluna e Arlindo perdeu a fala e a mobilidade após um AVC.
Zeca revelou que não consegue vê-los em suas atuais condições. “Estou devendo uma visita a Beth. Quero ver minha madrinha em pé no meu show ou na minha casa, tomando cerveja comigo, conversando fiado, rindo… Não tenho coragem de ir assim“, disse ele. “Também não tenho coragem de visitar o Arlindo. Há 1 ano e 8 meses – ou mais – que não escuto a voz dele. Sonho com ele direto. A Mônica foi visitar, mas eu não consigo. Eu aguardo a recuperação dele“.
Em seguida, Zeca emocionou com uma frase sobre a fé e esperança de ver os amigos restabelecidos. “Quem tem fé, espera“. O artista, no entanto, conseguiu visitar Beth Carvalho em uma época em que ela esteve no hospital.
Ele foi acompanhado de Arlindo Cruz e Sombrinha. “Por onde a gente andava, fazia aquele risco de água no chão. No quarto, começamos a cantar samba e as enfermeiras trouxeram copos para a gente beber“.
Pagodinho também deu detalhes do caótico dia do seu casamento com Mônica Silva. No dia, o músico perdeu a bolsa de convites para o casório enquanto bebia em uma favela na Zona Norte do Rio. Com o caos armado, centenas de pessoas apareceram na festa.
“Queriam me sequestrar. Eu estava fazendo sucesso, os fãs quebraram a igreja toda”, relembrou. “Tive que fazer uma festa 20 anos depois porque não tinha espaço na festa. Nós não conseguimos entrar. O clube lotou”, contou Zeca.
O artista revelou ainda que não viu o bolo do casamento até hoje. “Não vi o bolo até hoje. O fotógrafo ficou tão doido que perdeu a máquina e a gente ficou sem foto. Depois de 15 anos, arrumei a primeira foto. Deve ter só 10 fotografias”.
Zeca Pagodinho é devoto de São Cosme e Damião, Nossa Senhora Conceição e soldado de São Jorge, e não esconde o pavor que tem de ficar sozinho, detesta computador, viajar e ama velórios.
“Fui em um velório de um amigo que morreu recentemente e mandei comprar cerveja e salgadinho“, disse. “Fiquei de dono do bar: apareceu malandro, otário, mulher… uma confusão. O velório foi uma alegria só. Pena que o morto não pôde ir“, completou.
Ele lembrou do velório do pai: uma mega festa. “O velório do meu pai foi o melhor que teve. Tomamos 15 caixas de cerveja, tinha salgadinho, jogo, tudo“, confidenciou. “Não se faz mais velório como antigamente“, ressaltou.
Zeca relembrou o início da sua carreira e a sua aversão à fama. “Eu não estava preparado. Ficava no porão ou no telhado escondido. Mandava dizer que não estava em casa”, afirmou o artista, quando funcionários da gravadora tentavam buscá-lo para os trabalhos agendados.
O intérprete confessou ainda ser desapegado com os bens materiais. “Nunca fui preocupado com dinheiro. Saía do show, via um amigo e dava a bolsinha de dinheiro, falava: ‘não sei quanto tem, me dá um pacotinho aí‘”.
Por fim, Zeca disse o que costuma deixá-lo triste. “Notícia ruim, criança na rua jogando bolinha, pedindo dinheiro no sinal… Isso é muito ruim, vejo como meu neto, minha neta. Um país tão rico, podia ter tanta coisa boa para todo mundo… Choro bastante, mas sozinho. Mas choro de alegria também, quando escuto música boa, que diz alguma coisa para a gente“.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].